Desclassificação trata de “teletransporte em massa” por OVNI na Rota 19, na Argentina

Documentos que permaneceram em segredo por 47 anos vieram à tona recentemente, revelando um suposto avistamento de Objeto Voador Não Identificado (OVNI) e um evento de “teletransporte” que alterou a percepção da realidade de três funcionários da então Direção Provincial de Energia de Córdoba (EPEC). O incidente ocorreu na madrugada de 27 de dezembro de 1978, quando os trabalhadores Severino Brunetto, seu filho Daniel Brunetto e Orlando Carrizo realizavam o traslado de um rastrojero (um tipo de pickup ou veículo utilitário) pela Rota 19, na província argentina de Córdoba.
A experiência extraordinária começou após cruzarem um veículo de luzes altas perto de Arroyito, resultando em um salto inexplicável de 15 quilômetros adiante, para a localidade de Tránsito, como se tivessem avançado instantaneamente. Minutos depois, perto de Santiago Temple, eles avistaram um objeto com características que incluíam velocidade hipersônica e movimentos que desafiam a gravidade.
Este enigma de 1978, que parecia perdido no tempo, voltou à luz graças ao resgate da documentação pela Comissão de Estudos do Fenômeno OVNI na República Argentina (CEFORA). A desclassificação foi viabilizada após o filho, já falecido, de um dos funcionários da EPEC visitar o Museu do OVNI em Victoria, Entre Ríos, e compartilhar os papéis guardados pelo pai com Andrea Pérez Simondini, diretora da Comissão. Após uma investigação de três anos, a CEFORA validou a autenticidade do relatório oficial, assinado pelos testemunhos, que detalha tanto o fenômeno de perda de tempo (missing time) quanto a observação do objeto não identificado.
O salto inexplicável na Rota 19
A experiência que alterou a percepção da realidade dos três funcionários da EPEC—Severino Brunetto, Daniel Brunetto e Orlando Carrizo—começou por volta das 4h20 da madrugada, ao saírem de Arroyito pela Rota 19, enquanto se dirigiam a Córdoba capital. Orlando Carrizo, que estava dirigindo o veículo, tentou sinalizar com as luzes altas ao se aproximar de um veículo que vinha na direção contrária. O que aconteceu em seguida desafiou toda a lógica do trajeto que, como motoristas experientes, eles conheciam intimamente.

De acordo com o relato de Carrizo, apresentado dias depois, em 8 de janeiro de 1979, ao Contramestre da Central, a transição foi instantânea. Ele descreveu: “Ao cruzar esse veículo com o nosso, coloquei as luzes altas e ao fazê-lo comprovamos que nos encontrávamos na localidade de Tránsito, o que nos surpreendeu já que em nenhum momento percorremos esse trajeto”, conforme registrado nos documentos da EPEC. Eles haviam saído de Arroyito e, de repente, estavam 15 quilômetros adiante, diante do cartaz de ingresso a Tránsito.
A surpresa foi imediata e profunda, pois trajetos cruciais, como a passagem pelo frigorífico Rivarola, o cruzamento do rio Segundo e sua ponte característica, não foram registrados em seu percurso. A ausência de memória do trajeto percorrido indica o fenômeno que ufólogos contemporâneos chamam de “tempo perdido” (missing time), onde um lapso da vida dos testemunhos desaparece. Enquanto tentavam assimilar o ocorrido, os homens seguiram viagem, passando por Santiago Temple, sem terem uma explicação racional para o avanço repentino.
Este episódio de alteração espacial é considerado um elemento de “interesse central” para a investigação, conforme destacou Andrea Pérez Simondini, diretora de CEFORA. Ela explicou que casos como o da EPEC manifestam um evento de provável tempo perdido, e que o relatório, que detalha a suposta teletransporte, inclui “fatos físicos contundentes”, conforme relatado à Cadena 3.
O Objeto Aéreo Não Identificado (OANI)
O mistério se aprofundou cerca de oito quilômetros após passarem por Santiago Temple, quase três quilômetros antes de Pedro Vivas. Uma luminosidade intensa, difusa e cercada por névoa espessa, flutuando no ar, capturou a atenção dos três homens, forçando-os a parar o veículo para uma observação mais detalhada. Ao descerem, os três funcionários testemunharam “um objeto que nunca antes haviam visto”, emitindo clarões através de janelinhas que pareciam girar em torno de um eixo invisível.
Orlando Carrizo, em sua declaração, detalhou a forma e a emissão de luz do objeto: na parte inferior, uma bruma avermelhada e tênue se desprendia, enquanto a parte superior mostrava um potente refletor de luz branca que varria o céu de um lado para o outro. Carrizo relatou que o objeto parecia estar em movimento rotatório e que “Sua parte superior se dirigia de a ratos para um lugar a outro como se fosse um refletor que emitia uma luz branca e forte”. A surpresa inicial pelo teletransporte foi sucedida pelo choque de visualizar o “espetáculo”.
Eles logo perceberam que não estavam sozinhos observando o fenômeno. Outros caminhoneiros se juntaram a eles na beira da estrada para observar o objeto que parecia “se seguir como balançando sobre o mar”. Em determinado momento, o objeto se deslocou lentamente cerca de 200 metros para a direita, aproximando-se dos motoristas. O medo aumentou quando o foco de luz se intensificou, de acordo com as declarações conjuntas de Severino Brunetto e seu filho Daniel.
Os Brunetto afirmaram que o potente feixe de luz se dirigiu subitamente para onde o caminhão deles estava, fazendo com que o Sr. Brunetto se atirasse no chão. “Em forma repentina o potente feixe de luz se dirigiu para onde estava nosso caminhão atirando-se o Sr. Brunetto à terra ao ver a potência de luz que se acercava ao mesmo”, detalharam em seu depoimento. A situação atingiu o clímax quando um dos caminhoneiros na área tentou iluminar o objeto com uma lanterna. A resposta do OVNI foi um retorno de luz brilhante que os encegueceu por alguns segundos, e ao recuperarem a visão, o objeto havia desaparecido. “Seu potente refletor nos encegueceu momentaneamente e, ao apagar-se, comprovamos com surpresa que o objeto não se encontrava mais, havia desaparecido”, concluíram os Brunetto.
A desclassificação e a busca por efeitos físicos
O incidente na Rota 19 rapidamente ganhou notoriedade além da esfera da EPEC. Três dias depois, em 30 de dezembro de 1978, o jornal La Prensa publicou o caso com o título “Teletransportou um OVNI a um grupo de caminhoneiros”, citando um informe da agência EFE. A repercussão midiática forçou as autoridades da EPEC a agir. O engenheiro Benito Peludero, que era o Chefe da Delegação Zona “D” na época, solicitou formalmente, através de um memorando, que os protagonistas fizessem um relatório detalhado descrevendo o que tinham vivido na estrada. Ele se referiu ao “fato que foi qualificado por meios jornalísticos como insólito”.
Quarenta e sete anos se passaram, e a existência desses informes oficiais permaneceu desconhecida até que o filho de um dos funcionários, que havia guardado a documentação, contatou Andrea Pérez Simondini, diretora de CEFORA. Pérez Simondini explicou à Cadena 3 que este ex-funcionário, que já faleceu, “nos colocou em conhecimento de um caso que desconhecíamos. Tomamos seu testemunho e nos comprometeu a nos entregar os papéis”. Embora o caso tenha sido tornado público, o nome do ex-funcionário que forneceu os documentos é mantido em reserva, a pedido expresso de seu filho.
A investigação da CEFORA tem focado não apenas na validação histórica dos documentos — que estavam assinados pelos testemunhos e foram recebidos por um chefe da empresa — mas também na correlação entre o avistamento e possíveis efeitos físicos e de saúde. Andrea Pérez Simondini destacou que revisa os documentos com “ferramentas modernas de perícia de campo”, e que o caso EPEC é de “interesse central porque estou seguindo as denúncias nas quais as pessoas tiveram reações físicas em relação a encontros com o fenômeno OVNI”.
Além de investigar a perda de tempo, que é um tema recorrente nos relatos de encontros próximos, a CEFORA está buscando nos históricos clínicos dos testemunhos informações sobre o impacto da experiência. Pérez Simondini registra depoimentos de pessoas que, após avistamentos, experimentam desorientação, náuseas e problemas auditivos. Ela chegou a mencionar que certos sintomas relatados têm semelhanças com o Síndrome de Havana e que casos como o do Rancho Skinwalker, em Utah, também indicaram danos à saúde em testemunhos sem causa aparente, levantando a hipótese de exposição a micro-ondas ou energia dirigida, embora esta especulação não tenha respaldo científico validado.







