Luzes suspeitas motivaram NASA a cortar transmissão da ISS?

No dia 18 de novembro de 2025, uma controvérsia de grandes proporções viralizou nos grupos de discussão e canais que discutem ufologia, após um suposto incidente em uma transmissão ao vivo da Estação Espacial Internacional (ISS). Por volta das 11h04 (Horário Central dos EUA), o que parecia ser um objeto luminoso de formato angular ou triangular cruzou o campo de visão das câmeras externas, operadas pela Agência Espacial Norte-Americana (NASA). A transmissão estava sendo realizada a partir do experimento High Definition Earth Viewing (HDEV), que utiliza câmeras de alta definição posicionadas no exterior da ISS para fornecer diferentes ângulos da Terra.
A polêmica atingiu o ápice quando a NASA interrompeu a transmissão abruptamente logo após o objeto ser capturado. O feed ao vivo foi substituído por uma rotineira “tela de aviso de perda de sinal”, um evento que, para entusiastas de OVNIs e teóricos da conspiração, poderia representar mais uma prova de que a agência espacial estaria ativamente engajada em esconder evidências de atividades alienígenas O avistamento, que ocorreu enquanto a ISS sobrevoava o lado escuro da Terra, possivelmente na região da Austrália, rapidamente aqueceu o debate sobre transparência governamental e a natureza dos fenômenos não identificados observados em órbita, sobretudo considerando o clima da véspera de uma conferência de imprensa da NASA para falar sobre o 3i/ATLAS.
A comunidade online reagiu rapidamente, expressando choque com o timing do corte. O usuário @maniaUFO, repercutindo o ocorrido no X (antigo Twitter), notou a estranheza do evento:
“Nossa, a NASA simplesmente exibiu a tela de aviso de perda de sinal de repente. O detalhe é que o áudio da ISS continuava funcionando e a transmissão mudava para outra câmera antes de voltar para a tela de aviso de perda de sinal. É impressionante”.
Esta observação de que o áudio da ISS persistia, mesmo com a interrupção das imagens, foi vista como um elemento de suspeita adicional.
A forma do objeto, descrito como angular ou triangular, levou a várias especulações. Para alguns, tratava-se de evidência inequívoca de visitantes extraterrestres, enquanto outros apontaram para a possibilidade de tecnologia militar terrestre ultrassecreta. Um usuário no Reddit, identificando-se como Dr. Horace Drew, cientista/inventor, sugeriu com sarcasmo em sua postagem: “Uma nave de guerra inimiga desligando seu ‘dispositivo de camuflagem’. NADA PARA VER AQUI!”.
A crença de que o corte da transmissão é, na verdade, uma indicação de que se trata de tecnologia classificada — já que a NASA registraria “sucata espacial estranha e anomalias inexplicáveis o tempo todo” sem interromper o feed, a menos que fosse uma questão de segurança nacional — foi um ponto de vista proeminente.
Será mesmo que a NASA desligou a transmissão após registrar um UAP?

A análise criteriosa do evento, contudo, sugere uma explicação bem mais prosaica, ligada à configuração e às limitações das câmeras da ISS. É importante ressaltar que a câmera em questão está apontada para a superfície da Terra, e não para o espaço sideral. O objeto luminoso visto na escuridão, que se move lentamente através da tela, é quase certamente o registro de luzes terrestres. Luzes de cidades, ilhas, frotas de barcos pesqueiros e até mesmo focos de incêndios que são capturados com frequência enquanto a ISS se desloca a impressionantes 28.800 km/h.
Isso fica evidente para aqueles que têm a curiosidade de acompanhar ao vivo o streaming da NASA. No canal do Youtube ativo 24h por dia, a agência explica: a câmera externa está instalada no módulo Harmony da Estação e está posicionada em um ângulo que permite visualizar o Adaptador de Acoplamento Internacional 2 (IAA2).
“Caso a câmera do módulo Harmony fique indisponível por um período prolongado devido a questões operacionais, uma sequência contínua de imagens da Terra gravadas será exibida com a legenda ‘Gravado anteriormente’.
Constantemente a transmissão está sujeita a pequenos cortes aleatórios associados a operações de manutenção e reconfiguração do equipamento.
A ilusão de que as luzes se movem contra um fundo de estrelas brilhantes é atribuída a uma particularidade do sensor da câmera. Devido às condições de escuridão e à alta sensibilidade (ISO) necessária para captar as luzes da superfície, a câmera gera um ruído digital significativo. Esses pontos luminosos, na verdade “pixels mortos” ou “pontos quentes” no sensor danificado pela radiação cósmica, dão a falsa impressão de um céu pontilhado de estrelas.
Como a câmera está voltada para o lado escuro do planeta, o fundo se torna o oceano ou áreas pouco povoadas, justificando o fundo escuro com esse “ruído” semelhante a estrelas.
O desaparecimento abrupto do objeto também tem uma explicação estrutural. O Adaptador de Acoplamento Internacional 2 é uma estrutura enorme que ocupa parte significativa do campo de visão da câmera. Quando a ISS está no lado ensolarado da Terra, este painel é claramente visível, obstruindo uma porção da vista. No entanto, ao entrar na sombra da Terra, o painel transforma-se numa “máscara” invisível. As luzes que parecem desaparecer instantaneamente simplesmente passam por trás desta estrutura escura, reaparecendo, do outro lado do painel.
Apesar das evidências técnicas apontarem claramente para luzes terrestres e artefatos de câmera, o timing do corte gerou forte resistência. O usuário LividNegotiation2838, depois de considerar as explicações sobre as luzes da cidade, ainda expressou ceticismo: “Parece que há uma explicação de bom senso! Pode ser luzes da cidade refletindo em um ângulo estranho nas lentes da câmera apontada para o espaço. Parece que poderiam ser luzes de ilhas. Ainda acho estranho que a transmissão tenha sido cortada logo depois disso”.
Contudo, observadores familiarizados com o feed reforçaram que a perda de sinal é um evento rotineiro, frequentemente programado, ocorrendo quando a ISS precisa trocar de satélite de comunicação ou se move para fora do alcance dos Satélites de Rastreamento e Retransmissão de Dados (TDRS).
Precedentes e a reincidência da controvérsia
O incidente de 18 de novembro de 2025 não é um caso isolado e se insere num longo histórico de acusações de encobrimento contra a NASA. A agência espacial é repetidamente acusada de interromper suas transmissões ao vivo sempre que um objeto estranho aparece nas imagens. Um evento recente muito similar ganhou manchetes na mídia ocorreu há alguns anos, no dia 15 novembro de 2020.
Naquela oportunidade, enxames de luzes foram associadas a uma verdadeira invasão alienígena quando, na verdade, tratava-se apenas de uma frota de barcos pesqueiros no mar do Japão.
Houve ocasiões, no entanto, em que objetos foram registrados na direção do espaço exterior. Um desses episódios, ainda sem explicação, ocorreu em julho de 2019, quando ufólogos alegaram que a transmissão da ISS foi interrompida precisamente quando um objeto se movia e “parecia estar prestes a invadir a atmosfera terrestre”. Os caçadores de OVNIs ficaram intrigados porque o objeto parecia “desacelerar e parar” antes que a câmera fosse cortada. Na época, o internauta Streetcap1, que divulgou as imagens, foi cauteloso, definindo o objeto apenas como “não identificado” e sugerindo que poderia ser uma rocha espacial.
Dessa forma, tanto nos incidentes passados quanto no recente avistamento de 18 de novembro de 2025, o que parece ser uma ação deliberada de censura pode ser, na realidade, a conjunção de fenômenos ópticos — como luzes da Terra e artefatos de câmera — com as interrupções técnicas programadas de uma transmissão de dados em alta velocidade, alimentando assim o ciclo contínuo de teorias da conspiração sobre o que a NASA estaria tentando esconder.








