Cientista acredita que DNA humano pode provar intervenção alienígena

Cientista acredita que DNA humano pode provar intervenção alienígena
DNA e alienígena (ilustração por IA)

Um controverso estudo preliminar apontou a potencial existência de sequências de DNA “não parentais” no genoma humano, um achado que o autor classifica como forte evidência de manipulação genética por seres extraterrestres. A pesquisa, intitulada “Evidências preliminares de traços de manipulação genética alienígena em humanos”, foi conduzida pelo cientista Max Myakishev-Rempel, fundador e diretor da DNA Resonance Research Foundation, sediada em San Diego, Califórnia. O trabalho, publicado em maio de 2025 no repositório livre viXra.org, analisou 581 famílias completas, utilizando principalmente dados públicos do Projeto 1000 Genomas e, em uma análise piloto, testes genéticos comerciais. A metodologia buscou variações genéticas que não se originavam de nenhum dos pais biológicos.

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Para efeito de contexto, é importante salientar que o viXra.org é um repositório aberto de artigos científicos fundado por pesquisadores em 2009 como alternativa ao arXiv.org. Ao contrário desse último, não adota critérios restritivos de moderação e não exige endosso institucional. Não possui vínculo com o arXiv.org nem com a Universidade Cornell e, desde 2019, pertence à Scientific God Inc, uma corporação sem fins lucrativos de Nova York, que e publica o Scientific GOD Journal . O site disponibiliza artigos livremente, sem endossar ou validar cientificamente os trabalhos publicados.

A análise de Myakishev-Rempel revelou que 11 das 581 famílias examinadas (cerca de 2%) carregavam grandes fragmentos de sequência de DNA nos filhos que não correspondiam a nenhum dos pais humanos. Tais variações foram identificadas especificamente através da triagem de variantes em 77 megabases no cromossomo 3. O caso mais significativo exibiu um agrupamento de 348 variantes genéticas não parentais. O pesquisador argumenta que essas alterações não poderiam ser explicadas por mutações naturais ou erros técnicos conhecidos, e representam uma modificação artificial. O fator crucial que sustenta a hipótese de intervenção extraterrestre é o timing, visto que as crianças afetadas nasceram antes de 1990, um período anterior ao surgimento da tecnologia de edição genética CRISPR, que só foi desenvolvida em 2013.

A evidência de uma intervenção precisa?

O cerne do estudo de Max Myakishev-Rempel reside na análise minuciosa de dados genéticos de famílias completas, procurando o que ele chama de “contribuições genéticas não parentais”. Em condições normais de herança clássica, a criança jamais receberia DNA cromossômico de qualquer outra fonte além de seus pais, recebendo 50% de cada um. No entanto, ao analisar o cromossomo 3, Rempel identificou que 2% das famílias continham grandes fragmentos de DNA ausentes nos genomas parentais. Quatro destas famílias, que apresentaram um número muito elevado de alterações, foram classificadas como “híbridos definitivos”.

O caso mais notável, pertencente à família HG01505, demonstrou um conjunto de 348 variantes genéticas não parentais, com uma precisa substituição simultânea de fragmentos idênticos em ambos os cromossomos homólogos. O cientista, que possui doutorado em Biologia Molecular pelo Instituto de Biologia Genética de Moscou, enfatiza que “não há mecanismo biológico conhecido ou erro técnico que possa produzir tal alteração”. Essa anomalia, que representa a substituição de um fragmento de 16 Kb, indica uma manipulação genética artificial e precisa.

A precisão técnica e o agrupamento cromossômico não aleatório exigidos para essas inserções reforçariam, segundo o estudo, a ideia de uma modificação genética extraterrestre, realizada com “tecnologia que ultrapassava as capacidades humanas na época da concepção”. Rempel aponta que esses dados representam “fortes evidências de manipulação genética extraterrestre”. O pesquisador também identificou um “hotspot” (ponto de acesso preferencial) no cromossomo 3, onde duas famílias não relacionadas apresentaram inserções não parentais significativas na mesma região, sugerindo que este local serve como um sítio de integração preferencial para as modificações.

Além da análise de bancos de dados públicos, o Dr. Rempel também conduziu uma análise piloto de duas famílias que se autoidentificaram como abduzidas por alienígenas, utilizando serviços de genotipagem comercial, como o 23andMe. O cientista detectou contribuições não parentais semelhantes nesses indivíduos, defendendo que esta abordagem pode funcionar como um método “faça você mesmo” de baixo custo para que voluntários que suspeitam de abdução identifiquem traços de manipulação genética. Max Myakishev-Rempel afirmou que “Se confirmado, poderemos detectar quais humanos carregam DNA alienígena, essencialmente identificando híbridos. Isso pode transformar a forma como entendemos a evolução e o futuro da humanidade”.

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Hibridização e o legado alienígena na cultura

A hipótese de hibridização alienígena, que sustenta as conclusões do Dr. Rempel, é uma ideia profundamente enraizada na cultura e na Ufologia. Segundo alguns autores, textos sumérios antigos, de mais de 4.000 anos, já documentavam histórias de manipulação genética de humanos por seres de outros planetas. Da mesma forma, o Rigveda, um texto indiano antigo, inclui narrativas sobre extraterrestres e humanos produzindo descendentes híbridos. Até mesmo a Bíblia, com supostos cruzamentos entre anjos e seres humanos, menciona o assunto.

A ideia de que seres de outros planetas geneticamente “interferiram” para acelerar a evolução humana, possivelmente em duas ocasiões no passado distante, tem sido alegada por pesquisadores de OVNIs de forma recorrente. Relatos de abduções e programas de hibridização foram documentados por pesquisadores como John Mack e David Jacobs, ganhando força a partir da década de 1950. Grande parte da informação sobre programas de hibridização recentes provém de pessoas que relataram ter sido abduzidas.

Toda a história da abdução de Antônio Villas-Boas teria sido uma engenhosa operação da CIA? O que há por trás dessa teoria e as descobertas do pesquisador Pablo Villarrubia Mauso, em artigo especial para o Portal Vigília (Ilustração/Jamil Vilanova)
O caso Antônio Villas-Boas: brasileiro, um dos primeiros casos de suposta geração de um híbrido alienígena (Ilustração/Jamil Vilanova)

De acordo com os relatos de abduzidos, tipicamente um ou ambos os pais são levados para uma nave, onde espermatozoides e óvulos são manipulados geneticamente antes que a mãe seja fecundada com o embrião híbrido. Os filhos resultantes, nascidos na Terra, frequentemente manifestariam “traços autistas, bem como talentos psíquicos, artísticos e científicos”. De forma bastante temerária, o Dr. Rempel, caminha em território polêmico ao sugerir que suas descobertas de supostas inserções alienígenas poderiam estar associadas a características neurodivergentes, como autismo, TDAH e Síndrome de Asperger.

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Apesar de reconhecer o caráter especulativo da ligação entre essas inserções e características neurodivergentes, ele também sugere que as modificações poderiam conferir aos indivíduos “habilidades incomuns, como telepatia”. Para o cientista, o significado biológico destas modificações genéticas alienígenas e a determinação das funções humanas que podem ter sido alteradas devem ser o foco de pesquisas futuras.

O ceticismo e a controvérsia da revisão por pares

Apesar da repercussão do caso, a comunidade científica e especialistas em genética expressam forte ceticismo, demandando cautela e rigor. O ponto mais crítico é que o estudo do Dr. Rempel é preliminar e “ainda não foi revisado por pares”. A revisão por pares (peer review) é um processo crucial que visa garantir a qualidade, validade e relevância da pesquisa por meio da avaliação de especialistas na área.

Críticos apontam que existem diversas explicações terrestres e amplamente documentadas para as chamadas variantes não parentais, que não exigem a intervenção extraterrestre. Tais explicações incluem eventos de não-paternidade (Non-Paternity Events – NPEs), nos quais o pai presumido não é o biológico, com taxas na literatura científica que variam entre 0,8% e 30%. Outros fenômenos conhecidos capazes de gerar essas anomalias incluem mutações de novo que ocorrem espontaneamente no material genético, mosaicismos, disomia uniparental e, de forma relevante, a contaminação acidental de amostras durante o manuseio ou artefatos gerados por falhas na tecnologia de sequenciamento.

Nigel Watson, autor do livro Portraits of Alien Encounters Revisited, salientou a necessidade de uma verificação meticulosa antes de aceitar a conclusão extraordinária, declarando que “Experiências de abdução alienígena podem ter origem em fatores terrestres. Precisamos verificar cuidadosamente antes de tirar conclusões sobre o DNA”. A contaminação de linhagens celulares é um problema bem documentado na pesquisa genética, e o próprio Rempel reconheceu que os bancos de dados públicos podem conter informações antigas, frequentemente derivadas de células cultivadas em laboratório, o que tem o potencial de gerar “alterações artificiais”.

Também a metodologia de análise do estudo foi questionada. Para as alegações piloto envolvendo abduzidos, Rempel utilizou genotipagem comercial (como a 23andMe). Especialistas destacam que esses serviços usam microarranjos (SNP-chips) que só analisam posições genéticas já conhecidas e são limitados na detecção de novas sequências ou variações estruturais complexas, sendo considerados pouco confiáveis para variantes raras. O autor do estudo reconheceu as limitações e defendeu que pesquisas mais avançadas deveriam usar o sequenciamento de próxima geração (NGS) ou o genoma completo (WGS), que proporcionam maior precisão.

A exigência de provas extraordinárias

O debate científico foca na adequação das provas para uma alegação tão drástica. O consenso científico é que não existe, até o momento, qualquer evidência confiável de DNA alienígena no genoma humano. O genoma humano, na verdade, já é composto por elementos que poderiam parecer “estranhos”, como cerca de 8% de retrovírus endógenos e 45% de sequências repetitivas e transposons (segmentos de DNA capazes de se mover dentro do genoma, também chamados “genes-saltadores”), mas que são resultado de processos evolutivos e virais há milhões de anos.

Os mecanismos conhecidos de variação genética, incluindo mutações de novo causadas por exposição a fatores ambientais como radiação e produtos químicos, oferecem explicações abrangentes para as variações observadas por Rempel. Essas explicações evitam a necessidade de invocar engenheiros genéticos extraterrestres. O manuscrito carece de base metodológica e dados sólidos para sustentar sua conclusão.

Embora Rempel insista na importância da pesquisa futura e em conseguir acesso a conjuntos de dados de maior qualidade de famílias que alegam abdução, o peso do ônus da prova é enorme. A falta de replicação, o problema da contaminação e a ausência de uma revisão por pares eficaz significam que a conclusão do cientista está, atualmente, no campo da especulação. Enquanto o estudo não for submetido ao rigoroso escrutínio da comunidade científica, a hipótese de hibridização com seres de outros mundos permanece, para os cientistas, como um exemplo de especulação sem fundamento.

Redação Vigília

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