O enigma da ‘criatura’ de Compton: um registro inexplicável na madrugada californiana

Na madrugada de 6 de junho de 2025, por volta da 1h03, uma câmera de segurança do tipo ‘Ring’, instalada na entrada da casa de Jessica Ortiz, em Compton, Califórnia, capturou um dos registros mais intrigantes do ano. As imagens mostram a movimentação de uma figura de aspecto incomum, de estatura reduzida, cor branca-esverdeada, postura encurvada e deslocamento rápido, que atravessa uma área na lateral da varanda da residência. O vídeo, obtido diretamente do aplicativo que mostra imagens de uma câmera de campainha da testemunha foi analisado em pelo analista de imagens Jorge Uesu em colaboração com o Portal Vigília. E, sim, ele levanta questionamentos que podem ultrapassar o repertório convencional de explicações.
O episódio não foi um evento isolado. Cerca de 18 minutos antes da aparição registrada no vídeo, às 00h45, a tia de Jessica, que mora nos fundos da mesma propriedade, relatou ter ouvido três batidas fortes no telhado, seguidas de arranhões, o que a fez buscar refúgio e rezar. Em seguida, às 1h03, a câmera foi acionada por detecção de movimento. O vídeo mostra um clarão, aparentemente associado à ativação da câmera, e registra o deslocamento da figura misteriosa. Ao final, um som forte é captado.
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Jessica identificou esse ruído como o portão de metal dos fundos da casa se abrindo ou fechando de forma espontânea, o que ela mesma descreveu: “o som no fim do vídeo é do nosso portão dos fundos”. Ortiz chegou a enviar ao Portal Vigília uma gravação onde ela abre o portão para demonstrar o mesmo ruído típico.
A colaboração de Jessica Ortiz com os pesquisadores foi fundamental para compreender melhor os fatos. Solícita, porém nitidamente pouco confortável com a atenção que o vídeo atraiu, ela deixou claro desde o início que seu único interesse era entender o que havia acontecido.
“Você pode revisar o vídeo por conta própria, se quiser. Nada foi cortado ou editado de forma alguma”, escreveu em uma das mensagens trocadas com o Portal Vigília.
Apesar da repercussão, Jessica não demonstrou qualquer intenção de se promover com o caso. Em vez disso, forneceu voluntariamente gravações originais, vídeos de tela com aproximações, registros de outros momentos daquela noite e até fotos de novos ângulos da casa, a fim de esclarecer aspectos apontados pelos analistas.

Um fenômeno fora da zona de conforto
Às vezes — realmente raramente — há registros que desafiam qualquer análise rápida ou explicação reconfortante. E o que aconteceu em Compton na madrugada de 6 de junho é, possivelmente, um desses casos. Embora os vídeos tenham se espalhado pelas redes e fóruns dedicados a temas anômalos, o comportamento de Jessica, a sequência dos eventos e a análise técnica minuciosa tornam difícil relegar o caso a uma simples fraude, erro de percepção ou manipulação digital.
O pesquisador Jorge Uesu, que analisou o material em conjunto com o Portal Vigília, teve acesso direto às imagens e informações fornecidas pela testemunha. Segundo ele, a reconstituição digital feita a partir do vídeo e do áudio indica que houve algo realmente fora do comum.
“A criatura aparece às 1h03:02, sai de cena um segundo depois, e apenas então surge o inseto que alguns usaram como explicação para uma possível inserção”, disse Uesu, refutando as análises precipitadas feitas por canais e perfis que buscaram cliques rápidos.
A sequência temporal é crucial: “O inseto aparece só às 1h03:04. Antes disso, o ser já havia saído do enquadramento.”
Outro erro grosseiro cometido por alguns dos chamados “analistas” foi o de afirmar que o vídeo seria uma montagem, baseado numa imagem miniatura (thumbnail) gerada automaticamente pelo aplicativo Ring, que exibia o que parecia ser uma pessoa ao fundo. Jessica esclareceu o equívoco: “Esse é o vídeo que você mencionou, onde apontaram que uma ‘cabeça’ está visível antes de ser bloqueada pelo vaso. Mas é de outro momento, quando minha mãe estava chegando em casa às 00h”.
Como confirmamos diretamente com ela, o aplicativo pode gerar miniaturas que não correspondem exatamente ao conteúdo do vídeo principal, algo comum para gravações contínuas iniciadas por detecção de movimento visualizadas em aplicativos de exibição de vídeo, o que confundiu alguns observadores incautos.

Uma reconstituição que levanta mais perguntas
A partir dos dados visuais e sonoros, Jorge Uesu recriou as proporções da cena, usando elementos fixos da arquitetura da casa – como a roda do carro, a altura das janelas e vasos de plantas – para estimar a dimensão da figura. As imagens foram fornecidas pela própria Jessica ao Portal Vigília. A conclusão é surpreendente: “A criatura [ou o que quer que tenha passado ali] teria menos de 80 cm. Muito pequena para ser alguém fantasiado, a não ser que fosse uma criança de dois anos. E mesmo assim, a postura é extremamente incomum, com uma cifose muito severa”, explicou o analista.
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Além disso, há a questão da movimentação. A figura surge caminhando de maneira determinada, com passos rápidos e braços próximos ao corpo, envolta por uma espécie de névoa ou sombra escura que parece acompanhá-la. Segundo Uesu, a imagem sofre interferência evidente apenas durante a passagem da criatura, tornando-se granulada e instável — e voltando ao normal logo depois. Para ele, isso é semelhante a padrões registrados em outras filmagens de eventos anômalos, nos quais a presença do fenômeno interfere diretamente na captação da câmera.
O som metálico ao final do vídeo foi outro ponto reconstituído graças à análise em parceria. Segundo a própria Jessica, trata-se do portão pesado dos fundos. Uesu investigou o layout da propriedade, incluindo imagens obtidas de mapas online e fotografias recentes enviadas pela testemunha, e confirmou que o portão em questão é visível a partir da rua.
“Aparentemente, ele se abre ou se move sozinho exatamente após a criatura deixar o enquadramento”, apontou. Ainda mais intrigante foi o relato da tia de Jessica, que ouviu ruídos no telhado e arranhões, momentos antes do registro – fenômenos que não foram captados em vídeo, mas que integram o contexto geral do evento.
Entre a criptozoologia e o folclore urbano
Mas oque poderia ser realmente a “aparição” de Compton? Essa pergunta continua sem uma resposta. A qualidade deteriorada da imagem, causada por alguma interferência estranha, as características peculiares da figura, as condições climáticas do dia permitem facilmente descartar uma criança, um animal ou uma sacola voando ao vento, entre outras hipóteses prosaicas.
Ao que parece, rapidamente a criatura foi associada a um ser de outro planeta ou outra dimensão, talvez porque lembre vagamente uma versão em miniatura do famoso Xenomorfo dos filmes da franquia Alien. Mas a filmagem de Compton não apresenta nenhuma ligação direta com objetos voadores ou atividades aéreas incomuns. Ou seja, em termos estritos, não se trata de um caso ufológico. A associação visual com extraterrestres, embora compreensível pela aparência exótica da figura, provavelmente ocorreu por mera semelhança estética. Mas isso não torna o caso menos interessante. Pelo contrário, **é no campo da criptozoologia que ele encontra paralelos mais próximos**.
Na própria Califórnia, especialmente na região de Fresno, relatos sobre criaturas conhecidas como Nightcrawlers ou Yosemite Nightcrawlers vêm se acumulando desde meados dos anos 2000. Esses seres são descritos como entidades bípedes, sem tronco visível, com movimentos silenciosos e alongados, como pernas que andam sozinhas. Em um dos fóruns do Reddit dedicados ao tema, usuários discutem a suposta recorrência de aparições desse tipo no oeste americano, citando até um apelido mais recente: “California Nightstriders”. Na publicação de um dos tópicos [r/cryptids], os seres são descritos como “criaturas de aparência simples, com pouco ou nenhum detalhe anatômico visível, mas que causam desconforto imediato ao serem observadas.”
O caso de Compton pode, portanto, ter revelado um novo capítulo dessa lenda urbana em evolução – ou estar relacionado a uma criatura desconhecida que, até então, só existia em registros obscuros e vídeos de baixa qualidade. A clareza do material de Jessica Ortiz, sua integridade pessoal e a colaboração com pesquisadores sérios ajudam a afastar as explicações simplistas e convidam à reflexão sobre o quanto ainda desconhecemos sobre o mundo ao nosso redor. Nem sempre será possível dar um nome imediato ao que vemos – e é justamente por isso que certos fenômenos continuam nos assombrando, fascinando e desafiando.
*Agradecimento a Jorge Uesu pelo trabalho em colaboração com essa reportagem