Rendlesham: novas testemunhas confirmam pouso de OVNI e avistamento de seres

Uma recente série de revelações sobre o notório incidente OVNI na Floresta de Rendlesham, ocorrido em dezembro de 1980, reacendeu o debate sobre um dos casos ufológicos mais famosos do Reino Unido, frequentemente comparado ao “Roswell britânico”. O estopim da polêmica foi o lançamento do documentário Capel Green, que busca reconstituir o episódio e mostrar o que realmente aconteceu aos militares envolvidos.
O que inicialmente se reportou como avistamentos de luzes incomuns e o pouso de uma nave triangular, investigados por militares da Força Aérea dos EUA em bases britânicas, ganha agora novas camadas com o surgimento de testemunhas que afirmam ter presenciado um pouso de nave e, mais controversamente, o avistamento de seres ou entidades não-humanas em uma área conhecida como Capel Green. Mais ainda, essas testemunhas alegam a existência de filmagens confidenciais além de um esforço coordenado para suprimir a verdade dos eventos.

O incidente, que se estendeu por várias noites de dezembro de 1980, envolveu múltiplos militares da Força Aérea dos EUA alocados nas bases da RAF Bentwaters e Woodbridge, em Suffolk, Inglaterra. A cronologia dos eventos agora se mostra mais complexa, com diferentes avistamentos em noites consecutivas.
Embora as autoridades tenham desde o início desqualificado os eventos como resultado de interpretações equivocadas de luzes de farol ou exercícios militares, as novas testemunhas reforçam a tese de que os objetos voadores não identificados demonstravam “controle inteligente” e que o governo britânico e a Força Aérea dos EUA estariam envolvidos em um acobertamento que perdura por décadas.
O contexto histórico do “Roswell Britânico”
O caso Rendlesham Forest é amplamente reconhecido como o incidente ufológico mais famoso da Inglaterra, apelidado de “Roswell da Grã-Bretanha”. Em dezembro de 1980, militares das bases da RAF Bentwaters e Woodbridge, operadas pelos Estados Unidos desde a Guerra Fria, avistaram luzes estranhas na Floresta de Rendlesham.
Os primeiros a relataram foram os seguranças da Força Aérea Americana John Burroughs e Jim Penniston, que viram luzes incomuns em 26 de dezembro de 1980. Pensando que se tratava de uma aeronave acidentada, uma equipe que incluía o sargento Jim Penniston, o aviador de primeira classe John Burroughs e o aviador Ed Cabansag foi enviada para investigar.
Eles descreveram o objeto como sendo “metálico na aparência e triangular no formato”, com “uma luz pulsante vermelha no topo e uma fileira de luzes azuis embaixo”. Jim Penniston, em particular, relatou ter se aproximado o suficiente para tocar o objeto, descrevendo sua superfície como lisa como vidro preto e notando marcações semelhantes a hieróglifos.
No local, foram encontradas três depressões triangulares no solo, cascas de árvores queimadas e níveis elevados de radiação, evidências físicas do ocorrido.
Duas noites depois, em 28 de dezembro, o fenômeno se repetiu, levando o então vice-comandante da base, tenente-coronel Charles Halt, a liderar uma equipe maior de investigação. Munidos de contadores Geiger e gravadores de fita, eles observaram “luzes vermelhas pulsantes” que se moviam erraticamente pelo céu, descritas como um “olho piscando”, e que emitiam feixes de luz em direção ao solo, inclusive perto de uma área de armazenamento de armas.

O coronel Halt gravou um depoimento na época, descrevendo seus esforços e a natureza inexplicável do que testemunhou. Ele também afirmou que as declarações dos operadores de radar das bases próximas da Força Aérea Real britânica confirmavam que um objeto foi monitorado, movendo-se a “milhares de quilômetros por hora” e parando ao lado de uma caixa d’água antes de entrar na floresta.
Apesar dos relatos detalhados, o tema permaneceu controverso. O Ministério da Defesa britânico declarou que não lida mais com relatos de OVNIs desde 2009 e, em relação a Rendlesham, liberou apenas correspondências públicas. A versão oficial das autoridades dos EUA e do Reino Unido foi que não houve ameaça à segurança nacional, atribuindo os avistamentos a identificações incorretas, como as luzes de um farol próximo, uma chuva de meteoros ou até mesmo um trote militar.
Além disso, várias equipes de pesquisadores e ufólogos tentaram obter gravações ou cópias dos registros de radar, mas, segundo diversos autores, as gravações do dia desapareceram, supostamente requisitadas por oficiais da Força Aérea dos EUA.
Novos relatos: pouso em Capel Green e seres não-humanos
Recentemente, o debate sobre Rendlesham foi reacendido com o lançamento do filme “Capel Green” e as declarações de dois ex-policiais de segurança da Força Aérea dos EUA, Larry Warren e Steve Longero. Ambos, que estavam de serviço durante os incidentes de 1980, afirmam ter testemunhado um evento distinto e mais profundo do que os relatos previamente conhecidos. Larry Warren, que se autodenomina o “delator” original dos eventos, insiste que houve um incidente de pouso de OVNI em Capel Green, uma clareira na floresta, que foi separado do avistamento de Penniston e Burrows na primeira noite.
Warren descreve ter visto um objeto triangular de aproximadamente 20 pés de largura, com uma luz âmbar avermelhada no topo, que se distorcia e mudava de forma. O mais chocante de seu relato é o surgimento de três entidades na superfície deste objeto. Ele as descreve como “fantasmas”, humanoides, com “grandes olhos pretos em forma de amêndoa”. Larry Warren afirma ter estado a apenas cerca de 15 pés (aproximadamente 4,5 metros) do objeto e das entidades, uma proximidade que ele próprio considerou “muito próxima”. Ele enfatiza que no local havia um “vácuo” de som, com exceção de um latido de cachorro distante.
Steve Longero, colega de Warren na Força Aérea, corrobora parte significativa do relato. Ele estava patrulhando a área de armazenamento de armas (WSA) na base de Bentwaters quando viu um objeto pairando sobre a área. Longero descreve-o como um “holofote gigante” que varria toda a área, e que todos os alarmes da WSA dispararam. Ele acredita que o objeto estava interessado nas armas nucleares armazenadas na base.

Depois que o objeto se moveu para a floresta, Longero foi despachado para investigar e, embora não tenha visto as entidades de perto, ele lembra de ver um “objeto brilhante” à distância em Capel Green. Mais significativamente, ele lembra de medições de radiação feitas pelo Coronel Halt, que indicavam que “esta radiação não é deste mundo”, e ele confirma ter sido instruído a “manter a boca fechada” sobre o que viu.
A presença de Larry Warren em Capel Green na noite do incidente foi corroborada por outros ex-militares, como Adrien Bastenza e Greg Bartram. O diretor do filme “Capel Green”, Dion Johnson, argumenta que o incidente de Capel Green é o “mais importante” da série de eventos em Rendlesham, devido ao tamanho da nave e ao avistamento de entidades, sendo esta a parte que ele acredita estar sendo mais intensamente suprimida.
Provas e denúncia de processo de acobertamento
Os defensores da versão de Larry Warren e Steve Longero apontam para a existência de provas do contato e um esforço de acobertamento do Pentágono e do governo britânico. Larry Warren alega que o incidente em Capel Green foi filmado e fotografado por câmeras militares dos EUA e da polícia britânica. Ele afirma ter visto os policiais britânicos tirando fotografias e que os equipamentos de filmagem foram retirados da cena.
Segundo Warren, o material cinematográfico foi levado para a sede da OTAN na Europa e depois para Washington D.C.. Ele também menciona que o Capitão Mike Verono, em uma transmissão da CNN de 1985, teria afirmado que o comandante da ala, Coronel Gordon Williams (que Warren identifica como a pessoa de mais alta patente presente na cena), possuía “uma filmagem real do OVNI”.

Um ponto crucial para a credibilidade de Larry Warren é o fato de que ele afirma ter passado em um teste de polígrafo de alto nível administrado por uma das principais especialistas mundiais em exames de polígrafo, Patty Muzakaro. Warren destaca que é a única pessoa envolvida na série de incidentes de Rendlesham a ter se submetido e passado em tal teste, e que outros nomes proeminentes no caso, como Jim Penniston, John Burrows e Charles Halt, foram convidados a fazê-lo e recusaram. Ele vê isso como uma validação de sua história e uma contradição às alegações de que ele estaria mentindo.
Dion Johnson, produtor e diretor do filme “Capel Green”, que passou oito anos com Larry Warren, expressa total convicção na veracidade dos relatos de Warren e Longero. Johnson acredita que o tratamento dado a Warren, que se apresentou como denunciante, tem sido “realmente repugnante” e que ele foi “jogado para debaixo do ônibus”.
O produtor argumenta que a supressão do incidente de Capel Green, particularmente sobre o pouso da nave e o avistamento das entidades, é deliberada, criando “lutas internas” entre as testemunhas e controlando a narrativa para desviar a atenção da parte mais significativa dos eventos. Ele observa que muitas vozes, além das “três pessoas de sempre”, foram suprimidas ao longo dos anos.
Repercussão e ceticismo em relação às revelações
O lançamento do filme “Capel Green” e as recentes entrevistas com Larry Warren e Steve Longero na mídia, como o programa “Reality Check” da NewsNation, geraram uma mistura de excitação e ceticismo intenso, particularmente em fóruns online. Enquanto alguns veem a nova informação como uma “atualização IMPORTANTE” que “muda tudo”, muitos usuários expressam cansaço com promessas de “revelações” que nunca se concretizam em provas tangíveis.
A credibilidade de Larry Warren é um ponto central de controvérsia. Críticos apontam que Warren já se manifestou publicamente sobre o incidente há décadas, questionando a alegação de que ele “quebrou o silêncio”. Peter Robbins, coautor de um de seus livros, afirmou que Warren “mentiu descaradamente” para ele, e Nick Pope, ex-funcionário do Ministério da Defesa britânico, apoiou Robbins, o que gera grande desconfiança.
Usuários do Reddit descrevem Warren como tendo “graves falhas de personalidade” e sua entrevista como “incoerente”, com “gramática pobre e muitos xingamentos”. No entanto, defensores argumentam que seu comportamento pode ser compreendido como resultado de ter “experimentado um evento tão louco” e ter sido “traumatizado” e “ridicularizado pelo resto da vida”.
A ausência de provas materiais, especialmente o suposto filme e vídeo do incidente, é um argumento recorrente dos céticos. Muitos questionam: “Onde está a filmagem?”. A falta de “provas físicas e tangíveis: uma nave, um artefato ou um corpo alienígena” leva à conclusão de que o tópico permanecerá no “limbo da ficção”. A descrição das entidades por Warren, comparando-as a “Casper, o fantasma amigável, mas não amigável”, é vista por alguns como uma “marca de decepção e mentira”, pois se baseia em referências da cultura pop em vez de uma descrição detalhada de memória.
Embora Steve Longero apoie a presença de Warren na floresta e seus relatos sobre os alarmes na WSA e os níveis de radiação, alguns no fórum do Reddit consideram que ele “não está fazendo um ótimo trabalho apoiando Warren” em todos os detalhes da nova narrativa.
Em meio a essa polêmica, um fato que confere um razoável nível diferente de credibilidade a certos aspectos do incidente de Rendlesham é o reconhecimento, por parte do governo dos EUA, em 2015, dos problemas de saúde de John Burroughs, outro militar envolvido no avistamento, concedendo-lhe incapacidade médica total pela Administração de Veteranos (VA) devido à sua exposição a um UAP. Essa decisão é vista como um reconhecimento sem precedentes da realidade do fenômeno e suas consequências para a saúde.
Sobre o documentário Capel Green
O documentário “Capel Green” aborda “A Verdade Por Trás dos Incidentes da Floresta de Rendlesham”. É o primeiro documentário do diretor Dion M Johnson, através de sua produtora Indigo Transmit Films ltd.
Trata-se de um projeto que vem sendo desenvolvido de forma independente há bastante tempo. O primeiro trailer foi lançado no Youtube e redes sociais em 2018 e desde então a página da produtora no Facebook e o site do projeto dão detalhes dos bastidores.
Com seu lançamento oficial neste ano, já foram realizadas premieres em salas de cinema selecionadas no Reino Unido e na Austrália, mas não há, por enquanto, informações de distribuição em grande escala ou previsão de transmissão em serviços de streaming.
Ficha Técnica:
• Título: Capel Green
• Ano de Lançamento (IMDb): 2025 (1º trailer oficial lançado no Youtube em 2018)
• Gênero: Documentário, Drama
• Onde assistir: ainda não há previsão de lançamento nos serviços de streaming
• Trailer oficial: