No final do século XVIII, um grupo de peregrinos austríacos procedentes de Straubing espalhou uma notícia sensacional: na Baviera estavam sendo contadas profecias escritas por um santo monge, morto por volta de 1656.
Eram mensagens que chegavam a prever o fim da família Wittelsbach, os príncipes da Baviera, e da casa real dos Habsburgo, que reinava na Áustria. E colocavam a Alemanha "no meio de uma floresta de sangue, de violência e de sofrimentos".
"Berlim”; continuavam essas profecias, "será cortada em dois como um bocado de pão". E ainda: "(...) Quando uma nova ordem estiver por fixar suas raízes na terra, chegará a Berlim o Santo Pastor de Roma". Mas, antes de chegar a essa situação, o mundo inteiro verá desencadeada a ira do Anticristo.
A fama desse personagem obscuro e fascinante chegou em pouco tempo também a outras partes da Europa, como a Escócia, onde o vidente foi batizado de Foreteller Monk, o "monge profeta". Na mesma época, tanto na Baviera como na Áustria, começava uma espécie de "combate iconoclasta" às imagens proféticas desse santo monge, que tinha a coragem de prever a destruição dos poderosos.
Mas é preciso chegar até o início do século XIX para se obter dados mais precisos em torno da figura do vidente. Hoje, graças ao trabalho do pesquisador alemão S. Klinder, é possível traçar, embora em linhas gerais, a figura pouco conhecida desse monge da Baviera, cognominado de Aranha Negra (Schwarze Spinne) porque costumava autenticar suas mensagens proféticas com uma rubrica que lembra a figura de uma aranha. Esse monge vidente - de acordo com as pesquisas de S. Klinder - teria nascido em 1588 na Baviera (região da atual Alemanha Ocidental), nas proximidades da fronteira com o Alto Palatinado. O pai parece ter sido um comerciante que procurou encaminhar o filho, ainda jovem, para as artes do comércio. Por volta de 1605, entretanto, o jovem deixou todas as suas atividades para se retirar a um convento. Ainda segundo o estudioso, ele permaneceu por cerca de vinte anos "entre as paredes de uma casa austera, com outros irmãos, educando o espírito na prece e na meditação".
Depois – por voltade1627 – novamente abandona tudo e todos, retirando-se para as montanhas, onde passou a viver em uma gruta, alimentando-se de ervas e raízes. Parece ter sido essa a época em que o monge teve suas premonições sobre o futuro do mundo, indo até o momento em que a Terra "vier a ser dilacerada por um dilúvio de estrelas".
Por essas pesquisas, portanto, o vidente viveu aproximadamente entre 1 588 e 1656: 68 anos, dos quais um terço foi dedicado à oração e à meditação e outro terço à vida de eremita em uma caverna, em contato direto e contínuo com a natureza e "com a grande força vital que tudo move, tudo regula e tudo vê".
O eco de suas mensagens proféticas "apagou-se" por um longo período de tempo. Ou melhor: os pontos mais interessantes foram assumidos pela tradição popular, tanto que algumas previsões relacionadas com o final do século XIX e o início do século XX podem ainda hoje ser encontradas no conjunto de ditos e expressões que, por alguns, são chamados de "crendices populares" ou "folclore".
Foi outro estudioso, L. Birzer, que durante a década de 30 recompôs na sua originalidade a mensagem profética do Aranha Negra, seguindo instruções diretas de Adolf Hitler. Isto porque havia a crença - provavelmente alimentada pelos próprios órgãos de propaganda política do partido nazista - de que o Aranha Negra previra para a Alemanha "a chegada de um grande líder, capaz de dar ao país um império". E, para os seguidores de Hitler, seu chefe era a própria encarnação desse líder. '
Birzer - que fazia parte do grupo de pesquisas esotéricas da secretaria pessoal de Hitler conseguiu recompor toda a obra do vidente. Mas os vaticínios obtidos sobre o nazismo indicavam exatamente o contrário de quanto os seguidores de Hitler andavam comentando.
E não apenas isso: o vidente transmitia mesmo uma mensagem para a "grande Alemanha". Se ela viesse a provocar uma guerra mundial antes de 1945, Berlim e outras importantes cidades alemãs viriam a transformar-se em montanhas de escombros. Hitler - relata-se - ouviu as conclusões do pesquisador, abriu os braços e exclamou: "Em 1945, a Alemanha já terá dominado o mundo..." Talvez tenha sido essa a primeira vez, comentam os historiadores, que Hitler tenha voltado desdenhosamente as costas para uma mensagem profética. E, como ficaria depois claramente confirmado pelos fatos, essa sua atitude seria fatal para a Alemanha.
É preciso não esquecer que a profecia não tem apenas o objetivo de prever acontecimentos, mas também, e especialmente, de preparar os homens para superar determinadas dificuldades. E hoje não restam dúvidas quanto ao fato de que a Alemanha não estava preparada para enfrentar os problemas que o futuro reservava. Assim, foi por interesse de Hitler que se estudou mais a fundo a obra desse vidente excepcional, que "viu a história do homem até o dia em que um dilúvio de estrelas virá encerrar o caminho de toda a humanidade".
O Aranha Negra
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O Aranha Negra
Ad Honorem Extraterrestris
Esse é o tempo em que viveu o Aranha Negra: uma época cheia de tensões espirituais e de desequilíbrios sociais que, entretanto, só chegam marginalmente ao ducado da Baviera. O vidente passou sua existência sob o governo do Duque Maximiliano (1597/1651), que os historiadores apresentam como "estadista valente, protetor das ciências e amante das artes, admirador do pintor e gravador alemão Albrecht Dürer". 0 duque era um partidário vigoroso dos católicos e o fascínio pelo poder levou-o a participar de várias guerras. Em 1620, a Baviera vence a Liga Protestante na batalha da Montanha Branca (perto de Praga, na Boêmia) e com isso obtém a anexação do Alto Palatinado, enquanto o Duque Maximiliano é elevado à dignidade de príncipe (1623), título que lhe seria confirmado no acordo de paz da Vestfália. O vidente, porém, não se deixou ofuscar pelo "faiscar de glória dos Wittelsbach". Seus olhos "viram" além de Maximiliano - como mostra uma mensagem profética muito significativa a respeito dessa família: "(...) o primeiro construirá o castelo, o segundo o habitará, o terceiro o abandonará (...), o filho irá encontrar-se com outros filhos e não será mais filho; e assim, até quando Luís deixará cair a coroa em uma bacia de sangue".
É uma profecia impressionante por sua exatidão. Maximiliano I reforçou o prestígio da família e do Estado; Maximiliano II combateu os turcos junto aos muros de Viena e de Belgrado; com Maximiliano III, porém, a dinastia extinguiu-se. À sua morte seguiu-se a formação do Estado do Palatinado-Baviera, tendo Munique como capital. Depois, eis as tropas prussianas entrando na Baviera e ela é anexada à Alemanha.
Mais impressionante ainda é a conclusão da história do Estado da Baviera. Depois de ter participado da Primeira Guerra Mundial, o Rei Luís (nas profecias é usado o nome latino Aloisius) é obrigado a abdicar em 1918. A Baviera é proclamada Estado livre e torna-se uma república socialista. O simbolismo da "bacia de sangue" pode ter aqui um sentido duplo: o massacre horripilante da Primeira Guerra e a cor-símbolo (o vermelho) do regime que dominaria em seguida na Baviera, embora por pouco tempo.
Fonte: Os Grandes Profetas – Nova Cultural
É uma profecia impressionante por sua exatidão. Maximiliano I reforçou o prestígio da família e do Estado; Maximiliano II combateu os turcos junto aos muros de Viena e de Belgrado; com Maximiliano III, porém, a dinastia extinguiu-se. À sua morte seguiu-se a formação do Estado do Palatinado-Baviera, tendo Munique como capital. Depois, eis as tropas prussianas entrando na Baviera e ela é anexada à Alemanha.
Mais impressionante ainda é a conclusão da história do Estado da Baviera. Depois de ter participado da Primeira Guerra Mundial, o Rei Luís (nas profecias é usado o nome latino Aloisius) é obrigado a abdicar em 1918. A Baviera é proclamada Estado livre e torna-se uma república socialista. O simbolismo da "bacia de sangue" pode ter aqui um sentido duplo: o massacre horripilante da Primeira Guerra e a cor-símbolo (o vermelho) do regime que dominaria em seguida na Baviera, embora por pouco tempo.
Fonte: Os Grandes Profetas – Nova Cultural
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