
Sempre muito discreta em suas pesquisas sobre as armas do futuro, a Defesa norte-americana não deixa no entanto de conceber novos protótipos para as guerras que se avizinham. Mas ela também trabalha para desenvolver um soldado de um novo gênero, cujo comportamento - físico e psicológico - seria totalmente administrado pelo Estado-Maior. Último conceito até agora: sensores instalados em cada soldado que analisam sem interrupção sua atividade cerebral e destilam informações em tempo real. Quais são as conseqüências para o indivíduo?

Um Booster para o Cérebro dos Soldados
A agência de investigação e desenvolvimento do Exército norte-americano (DARPA) concebe incessantemente novas tecnologias para ter sempre um passo adiante sobre os seus adversários. Seu mais recente conceito futurista: O Projeto Honeywell, com o que o Exército dos E.U. ambiciona ser capaz de monitorar em tempo real a atividade cerebral de cada um de seus soldados. Objetivo reconhecido: ter uma análise precisa do campo de batalha e do estado das tropas a cada momento, durante um conflito armado. Fazendo parte de um vasto projeto de cognição aumentada batizado AugCog (Augmented Cognition), o Projeto Honeywell atualmente trabalha - com a ajuda de 11 parceiros acadêmicos e industriais - para ampliar a capacidade de processamento de informação pelos soldados.

Os responsáveis esperam em breve poder multiplicar por 6 a velocidade de processamento das imagens por analistas do exército. Como se realiza tal proeza? Instalando uma infinidade de sensores cerebrais nos militares, a fim de tratar diversas informações em tempo real. O Estado-Maior disponibilizará assim de uma interface cérebro-computador que irá assinalar-lhe até o menor detalhe sobre cada elemento de suas tropas: estado geral de saúde, estado emocional, fadiga, entretenimento, condições ambientais e metereológicas, eletrocardiograma e eletroencefalograma... Uma vez que esta nova tecnologia seja implantada, o Exército dos E.U. poderá 'ler' eletronicamente o cérebro de cada um de seus soldados.

Soldados Teleguiados?
O conceito de cognição aumentada permitirá, teoricamente, aumentar o desempenho dos soldados e sua capacidade de decisão, enviando sinais visuais e tácteis a cada indivíduo, de acordo com a capacidade de cada um no instante T. O Projeto AugCog é portanto um novo gênero de programa de gerenciamento das tropas: assim como num vídeo game, os chefes do Estado-Maior terão apenas que selecionar os combatentes em boas condições físicas e mentais e de afastar, ou mesmo substituir a outros. Segundo os responsáveis pelo projeto, os primeiros testes no mesmo local foram muito positivos: os soldados teriam aumentado as suas realizações no campo de batalha em até 300%! Mas, uma pergunta surge:
Até que ponto um indivíduo em plena batalha pode acumular informações em estado de stress? "Os soldados já sofrem um elevado stress quando estão em combate, e ainda corre-se o risco de piorar quando lhes bombardeamos com informações a respeito das posições inimigas, a respeito da meteorologia, dos sistemas de defesa e ataque e dos planos de missão". Em outras palavras, embora a tecnologia desenvolvida esteja no ponto, o fator humano continua: a pressão da guerra. Qual será o impacto sobre os soldados, transformados em joguetes teleguiados entre os que a menor debilidade física ou psicológica pode ser imediatamente transmitidas em tempo real aos seus superiores?
Como os indivíduos armados irão gerir o stress de um fluxo ininterrupto de informações, em pleno coração da batalha? Os responsáveis pelo Projeto Honeywell afirmam que gozam de uma sólida experiência na avaliação do fator humano... Devemos ter calma por isso?... decerto que os combates "corpo a corpo" já saíram de moda.