O incidente do lago Onega ocorreu em 1961, mas só recentemente alusões ao assunto chegaram ao Ocidente. Foi descrito em OVNI na União Soviética, Vol. 11 (1975), pelo Prof. Felix Ziegel, e em As Novas Descobertas Psíquicas dos Soviéticos, por Gris e Dick (Prentice Hall, 1978). Os relatórios originais* à época do incidente foram redigidos pelo Prof. Ziegel, do Instituto de Aeronáutica Soviético, e por Yuri Fomin, engenheiro do Estado. É digno de nota que já antes dos relatórios oficiais começou a circular na antiga União Soviética grande volume de comentários referentes à ocorrência, que apareceram em publicações samisdat, ou ilegais, exatamente como se notícias de publicações de OVNI não-oficiais dos Estados Unidos tivessem sido mais tarde confirmadas pelo governo. Isto ainda não aconteceu.
O incidente ocorreu próximo à aldeia agora abandonada de Entino, no extremo norte do lago Onega. Na manhã de 27 de abril de 1961, um grupo de 25 caçadores e lenhadores viu um "objeto aéreo de origem desconhecida" aproximar-se do solo e colidir contra ele junto a uma enseada. (Segundo as testemunhas, isto aconteceu às 8h ou 10h. As variações de tempo podem ser atribuídas a diversas razões, tais como confusão entre a hora de Moscou e a hora local, problema freqüente na antiga União Soviética; a probabilidade de os caçadores não terem relógio, e o compreensível nervosismo de cidadãos soviéticos em face de explosões vindas do céu. Mas as descrições das testemunhas são exatamente acordes quanto ao que viram.)
O objeto tinha forma oval, o tamanho de um grande avião de passageiros, e brilhava com luz azul-esverdeada. Viajava em baixa altitude e a tremenda velocidade. Seguia de leste para oeste quando bateu no chão próximo à margem norte do lago, provocando estrondo semelhante a uma explosão e causando considerável dano no solo e na vegetação circundante.
O alarmado grupo de caçadores procurou o guarda-florestal do distrito, Valentin Borsky, com um pedido urgente de ajuda. Borsky chegou ao local por volta das oito horas da manhã seguinte.
Investigações feitas por Borsky revelaram que outras pessoas da região haviam observado a mesma seqüência de fatos que os caçadores. Segundo testemunhas, o objeto sobrevivera ao impacto com a terra e prosseguira para oeste com movimentos ligeiramente ondulantes, numa trajetória ainda próxima ao solo, desaparecendo em seguida. Todas as testemunhas declararam não haver som associado ao objeto, afora o resultante do próprio impacto.
Subseqüente investigação no local do incidente, feita por Borsky e mais tarde por uma equipe civil-militar da cidade de Povenets, com o ecologista Fydor Denisov chefiando o contingente civil e o engenheiro do exército soviético Major Anton Kopeikin no comando do setor militar, juntamente com o técnico sênior Tenente Bóris Lapunov, revelou que a colisão do objeto com a margem do lago produzira três sulcos, um maior e dois menores, e a conseqüente destruição da vegetação local. O impacto com o próprio gelo despedaçou grande faixa da superfície do lago, destroçando fragmentos e atirando outros maiores e menores ao solo. Aparentemente o gelo adquiriu intensa coloração esverdeada em conseqüência do impacto. Os sulcos produzidos no declive ao longo da costa consistiam em uma trincheira maior, com cerca de 27 metros de comprimento por 15 de largura e profundidade máxima de três metros; uma segunda trincheira, iniciando no extremo ocidental da primeira e dela separada por cerca de cinco metros e meio; e uma terceira, menos definida, com cerca de 40 centímetros de largura e conduzindo ao próprio lago. A escarpa tem, neste ponto do lago, inclinação de cerca de 60° em relação à superfície da água. Além das mencionadas marcas que lembram trincheiras e dos danos causados pelo impacto no gelo do lago, não houve aparentemente outros sinais de colisão na área.
Exame minucioso dos sulcos ao longo do declive e do solo sublevado na margem do lago foi realizado pelo Major Kopeikin, levando à descoberta de partículas minúsculas, pretas, de aparência metálica, forma geométrica e origem, ao que tudo indica, artificial, e de um pequeno fragmento de substância fina, também de aparência metálica, lembrando folha estanhada, de um milímetro de espessura, dois centímetros de comprimento, e meio de largura, e que mais tarde descobriu-se ter a mesma composição das partículas pretas. Estas, juntamente com diversas amostras de gelo colorido de "verde-cromo" brilhante, assim como os grãos pretos, foram recolhidos e mais tarde enviados para análise ao Instituto Tecnológico de Leningrado.
A análise produziu os seguintes resultados:
A. O gelo verde, quando derretido, deixou um resíduo de fibra parecida com barbante. Essa fibra, ao ser analisada, proporcionou um composto orgânico desconhecido, acusando a presença de pequenas quantidades de alumínio, cálcio, bário, silício, sódio e titânio.
B. As partículas de aparência metálica e forma geométrica, segundo se verificou, eram resistentes ao ácido e a altas temperaturas, não eram radiativas, e pareciam consistir de uma liga sílico-ferrosa, combinada com quantidades menores de alumínio, lítio, titânio e sódio.
C. A substância que lembrava folha metálica parecia ter a mesma composição das partículas maiores.
O famoso geofísico soviético Professor Vladimir Sharanov, do Instituto Tecnológico de Leningrado, interessou-se de tal modo pelo incidente que tomou providências para visitar pessoalmente aquele local isolado. Baseando suas conclusões na análise acima, e na evidência do local da colisão, o Professor Sharanov manifestou a sua opinião:
"Não creio que o objeto fosse um meteorito. A destruição e sublevação do solo causadas pela queda de um meteorito estão ausentes no caso. Especificamente, a queda de um meteorito deixa uma cratera duas a cinco vezes maior que o seu tamanho. Neste caso, não se encontrou cratera alguma. A queda de um meteorito vem acompanhada de efeitos auditivos e visuais nitidamente identificáveis. Não houve nenhum neste caso. Por fim, a substância química deixada no solo pelos meteoritos não se acha presente no caso. Os grãos encontrados no fundo do lago, embora inexplicáveis no momento, eram claramente de origem artificial."
A possibilidade de o objeto ser uma aeronave comum, ou mesmo um avião-espião americano (reação normal na União Soviética), fazendo reconhecimento em baixa altitude para escapar à detecção pelos radares, foi totalmente afastada por Sharanov e pelos cientistas do Instituto de Leningrado. Concluíram eles que nenhum avião resistiria a tal impacto contra o solo gelado sem sofrer graves avarias estruturais e perder parte significativa de seus componentes, que seriam mais tarde localizados na região.
O Professor Felix Ziegel, respeitado astrônomo e cientista espacial russo, autor de cerca de 28 livros sobre astronomia e astronáutica e numerosos artigos científicos sobre o assunto, seria altamente capaz, e compreensivelmente cauteloso, de estabelecer a diferença entre aviões, cometas e meteoros. Suas próprias conclusões sobre o objeto voador não-identificado do lago Onega, baseadas em investigação pessoal do caso, são de considerável interesse. Qualificou-o de "sonda espacial vinda de outro planeta, (que) raspou o solo, mas conseguiu prosseguir o caminho, apesar de danos supostamente superficiais". E prossegue: "É o único caso registrado em território da União Soviética." O Professor Ziegel, nesta observação, refere-se apenas, é
óbvio, a "acidentes" e não às muitas aparições de OVNIs na antiga União Soviética, inclusive rápidos encontros com aviões de combate, às vezes com resultados fatais para os pilotos.
O Professor Aleksander Kazentsev, famoso pesquisador científico russo, escritor e membro da Academia de Ciência Soviética, foi um tanto mais direto:
"Era evidentemente uma sonda espacial. Se alguém tentasse identificá-la de outro modo, descobriria que toda evidência apontava em sentido contrário. É claro que o dossiê sobre o mistério Onega está longe de encerrado."

* Parte do material relacionado com o incidente do lago Onega descrito neste capítulo foi traduzido, diretamente das anotações em russo do Prof. Ziegel, por William Moore (Incidente em Roswell).