
A tripulação do ônibus espacial Discovery teve receio sobre ir ao espaço a fim de retirar dois pedaços de tecido que estão pendurados no delicado escudo antitérmico da espaçonave, disseram os astronautas na terça-feira.
No entanto, quanto mais detalhes os astronautas-- que realizam a primeira missão tripulada da Nasa desde o acidente com o Columbia em 2003-- conheciam sobre o plano, mais à vontade sentiam-se em relação à inesperada -- e inédita -- operação de reparo.
O astronauta Stephen Robinson deve flutuar por debaixo do ônibus espacial na quarta-feira para retirar dois pedaços de tecido que estão pendurados na delicada barriga do Discovery.
"Como acontece na maior parte dos consertos, este é teoricamente simples. Mas tem de ser feito com muito. muito cuidado", afirmou Robinson, em uma entrevista coletiva concedida de dentro do ônibus espacial.
As duas tiras de tecido possuem apenas 2,5 centímetros de comprimento, mas a Nasa teme que elas podem mudar a forma como o ar flui pela superfície da nave e aumentar o calor que a envolverá na reentrada da atmosfera terrestre, a uma velocidade de 27.200 quilômetros por hora.
O maior risco envolvido na remoção ou no corte das tiras é provocar um dano na proteção, que resiste ao calor, mas não a pancadas.
A tripulação suspendeu os preparativos para a operação a fim de receber um telefonema para o presidente dos EUA, George W. Bush.
"Queria apenas dizer-lhes sobre o quão orgulhoso o povo americano está com seus astronautas", afirmou o dirigente. "Gostaria de agradecer-lhes por correr riscos em nome da exploração (do espaço)."
Robinson, que já caminhou duas vezes no espaço junto com o astronauta Soichi Noguchi nesta missão, se transformará no primeiro homem a ir para debaixo de um ônibus espacial em órbita. Ele ficará preso ao braço robô da Estação Espacial Internacional (ISS) e será monitorado por câmeras de TV, por isso, segundo o diretor de vôo, Paul Hill, a caminha no espaço "parece mais assustadora do que realmente é". A Nasa ordenou a realização do conserto porque teme que o Discovery tenha problemas semelhantes ao Columbia, que se desintegrou ao reentrar na atmosfera terrestre devido a um defeito provocado em sua proteção antitérmica.
"Acho que vários de nós tivemos um mau pressentimento", disse o astronauta Andy Thomas, da Austrália. "Ficamos preocupados com as consequência disso e sobre o que provocou isso."
