Novo vídeo de orbe de Chris Bledsoe acirra debates sobre experiências do autor

Novo vídeo de orbe de Chris Bledsoe acirra debates sobre experiências do autor
Um UAP 'orbe' capturado por Chris Bledsoe ou apenas... o satélite Copernicus (Reprodução: X.com/Chris Bledsoe)

Em 23 de junho de 2025, Chris Bledsoe — figura controversa no universo ufológico norte-americano e autor do best-seller UFO of God — publicou um vídeo em sua conta no X (antigo Twitter) que reacendeu discussões sobre a natureza dos supostos objetos voadores não identificados, os chamados UAPs, que ele diz poder atrair e registrar. Gravado na praia de Wrightsville, na Carolina do Norte, o vídeo de 23 segundos mostra um ponto de luz brilhante ladeado por outras luzes menores, tendo ao fundo o céu noturno em tons púrpura.

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Na legenda, Bledsoe lança uma provocação típica de quem se vê como detentor de uma verdade inquestionável: “Existem três tipos de pessoas: aquelas que (conseguem ver), aquelas que podem (aprender a ver), e aquelas que (nunca conseguirão ver)” (sic). Com isso, sugere que os objetos seriam orbes — luzes que ele associa a manifestações espirituais ou alienígenas — e convida céticos a comentarem.

O vídeo e a narrativa de Bledsoe

Embora breve, o vídeo apresenta imagens sugestivas: uma fonte luminosa dominante, cercada por pontos móveis que parecem se deslocar suavemente no quadro. Não há informações sobre hardware utilizado, ampliação ou outros detalhes técnicos.

Para Bledsoe, trata-se de um fenômeno com significados que transcendem o material. Ele mantém, desde uma experiência em 2007 nas margens do rio Cape Fear — quando afirma ter visto “seres celestes” e perdido a noção do tempo — uma trajetória repleta de avistamentos e interpretações de cunho espiritualista. Sua história ganhou visibilidade não apenas por meio do livro publicado pela Amazon, mas também por alegações de envolvimento com órgãos como a NASA e a CIA, conforme registrado por sites especializados como o Punk Rock and UFOs.

Chris Bledsoe tornou-se uma figura polêmica na comunidade UFO devido à combinação de suas alegações extraordinárias, a falta de evidências verificáveis, sua mistura de espiritualidade com ufologia e suas associações com figuras de inteligência. Eventos recentes de vídeos similares ao divulgado agora — algumas vezes com várias testemunhas — e suas previsões no Contact in the Desert, intensificaram o debate, com céticos apontando explicações convencionais e apoiadores defendendo sua autenticidade.

Essa polarização reflete tensões mais amplas na ufologia, onde a busca por evidências científicas cada vez mais frequentemente colide com narrativas pessoais e espirituais.

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A análise: seria apenas o satélite Copernicus?

Não demorou para que o vídeo atraísse reações críticas. Mas o usuário @flarkey, conhecido na comunidade do X por análises técnico-astronômicas, publicou uma resposta detalhada, sustentando que as luzes filmadas não eram orbes nem UAPs — mas sim o satélite OAO-3 (Copernicus), lançado pela NASA em 1972 e desativado em 1981. A despeito de sua inatividade, o objeto ainda pode ser visto da Terra quando reflete a luz solar.

Em um vídeo de 19,77 segundos, @flarkey apresentou um mapeamento do céu com base em softwares astronômicos, mostrando a trajetória do satélite no exato momento da filmagem em Wrightsville Beach. O vídeo mostrava uma luz intensa identificada como “OAO 3 (COPERNICUS)” ao lado da estrela Mebsuta, da constelação de Gêmeos. A trajetória e velocidade, considerando a data e local do vídeo de Bledsoe, é identica. Segundo @flarkey, a correspondência com o registro feito por Bledsoe é de “100%”.

 

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A análise inclui ainda marcações temporais, como “2025-04-07 00:41:07.672 UTC”, mostrando que o processo de rastreamento e estabilização da imagem foi sincronizado com data e horários do registro de Bledsoe.

Reações divididas

A comunidade ufológica no X reagiu de forma polarizada. De um lado, os apoiadores de Bledsoe, que estão se tornando um grupo cada vez mais ativo, reforçaram sua legitimidade com testemunhos pessoais, quase sempre misturando releituras religiosas às suas próprias experiências e registros.

Já entre os céticos, o vídeo de @flarkey foi amplamente elogiado. Referindo-se o texto original de Bledsoe sobre os “três tipos de pessoas”, @AlexBoge brincou com a criação de uma “quarta categoria” de pessoas: “as que descobrem o que algo realmente é”.

Para os seguidores de Bledsoe, o episódio é apenas mais um capítulo em uma longa jornada. Sua experiência em 2007 — que, segundo ele, resultou até em melhora de saúde após o contato — foi recentemente relembrada em artigo da emissora KATU. Em 2023, o cientista Bob McGwier afirmou em uma discussão no Reddit ter presenciado orbes na propriedade de Bledsoe.

Por outro lado, a explicação baseada no satélite Copernicus é coerente com o esforço cético de interpretar os fenômenos sob a ótica da astronomia e da física. A metodologia de @flarkey — com mapas estelares, cruzamento de horários e estabilização de imagem — ilustra bem os dilemas enfrentados na atual fase do debate sobre UAPs: de um lado, experiências subjetivas e interpretações espiritualistas; do outro, o rigor científico e a busca por explicações prosaicas.

O próprio perfil @UAPReportingCnt chegou a pedir que Bledsoe documente futuros avistamentos em condições controladas, com metodologia testável.

Seja ou não o satélite Copernicus o que aparece no vídeo, o episódio reforça a importância de equilibrar mente aberta com análise crítica. E, sobretudo, de tratar cada novo registro com o devido ceticismo — sem, no entanto, descartar o valor da investigação.

 

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Redação Vigília

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