Enigma espacial: cientistas dizem ter encontrado rede de OVNIs em órbita da Terra

Um novo e aguardado estudo científico foi publicado como pré-impressão no repositório Research Square em 27 de julho de 2025, sob o título “Aligned, multiple-transient events in the First Palomar Sky Survey” (em português, Eventos Transientes Múltiplos Alinhados no Primeiro Levantamento do Céu do Palomar), e está dando o que falar ao indicar a possibilidade de ter detectado uma espécie de rede de objetos artificiais (ou OVNIs) na órbita da Terra antes do início da era espacial humana.

Atualmente, o trabalho encontra-se em processo de revisão por pares, o que significa que suas descobertas, embora intrigantes, ainda não devem ser consideradas conclusivas ou validadas pela mídia, conforme a própria advertência dos autores. No entanto, a publicação deste artigo gerou intensa expectativa na comunidade científica e ufológica. A divulgação era aguardada desde o enigmático anúncio do mergulhador Dennis Åsberg, que havia declarado ter tido acesso a dados preliminares da cientista Beatriz Villarroel capazes de “mudar completamente nosso entendimento do universo”.
This is a preprint of a paper now under review. We first tried in 2022, but it was too early for the journals. Years later, with better methods, we gave it another go. The key question has been: are the transients real, or plate defects? Well, there seems to be a clear deficit of…
— Beatriz Villarroel (@DrBeaVillarroel) July 27, 2025
A expectativa em torno deste novo trabalho já era palpável, especialmente depois que a própria Beatriz Villarroel divulgou um estudo anterior em coautoria com Stephen Bruehl, em 25 de julho de 2025, que explorava a conexão entre “transitórios” (ou transientes/transeuntes, objetos semelhantes a estrelas de origem desconhecida), testes nucleares e relatos de Fenômenos Anômalos Não Identificados (UAPs). Na ocasião, Villarroel já havia antecipado a desilusão de alguns ao afirmar em suas redes sociais: “Não, este NÃO é o estudo sobre o qual todos estão a pensar”.

Agora, com o lançamento deste novo documento, as conclusões parecem ser muito mais impactantes, apontando para a possibilidade de fenômenos que desafiam as explicações naturais conhecidas na era pré-satélite humano.
Arquitetos da descoberta de UAPs observando a Terra em órbita
A pesquisa é encabeçada pela astrônoma Beatriz Villarroel, que atua na Nordita, KTH Royal Institute of Technology e Stockholm University, na Suécia, e também no Instituto de Astrofísica de Canarias, na Espanha. Ela assina o trabalho novamente em coautoria com Stephen Bruehl, do Department of Anesthesiology da Vanderbilt University Medical Center, nos EUA. Além deles, contribuíram para o estudo um extenso time de outros treze pesquisadores de diversas instituições ao redor do mundo, incluindo o Centro de Astrobiología (CSIC/INTA) na Espanha, o Instituto de Astrofísica de Canarias, o Main Astronomical Observatory da NAS da Ucrânia, e o Institute for Molecular Manufacturing nos EUA.
O objetivo primordial deste ambicioso trabalho é, de fato, a “primeira busca óptica por objetos artificiais com altas reflexões especulares” (brilhos) em proximidade à Terra. Esta busca se utilizou de um acervo único de imagens astronômicas digitalizadas que precedem o lançamento do Sputnik, em 1957, e, portanto, a era da presença humana no espaço. A metodologia foca na identificação de “múltiplos transeuntes” — eventos transientes, ou seja, objetos pontuais que aparecem brevemente — que se mostram “alinhados ao longo de uma faixa estreita” em uma única exposição de placa fotográfica.

O estudo busca, explicitamente, testar a hipótese intrigante de que alguns desses transientes poderiam ser originados de “objetos artificiais reflexivos em órbita da Terra”. A implicação é profunda, pois a detecção desses eventos em imagens de uma época em que a humanidade ainda não havia lançado seus próprios satélites levanta questões sobre a origem de tais objetos no período conhecido como “pré-Sputnik”.
A pesquisa aborda diretamente a questão central que tem instigado a comunidade científica e ufológica: “Existem assinaturas de objetos artificiais em órbita da Terra em imagens pré-Sputnik?”. Os autores se propõem a procurar “artefatos não terrestres (NTAs)” por meio de “assinaturas observacionais distintivas e de baixa probabilidade, ou ‘indicadores de fumaça'”. Eles exploram diversas possibilidades para a natureza dos transeuntes, incluindo “reflexos rápidos de objetos altamente reflexivos em órbita geoestacionária (GSO)” e “emissões de fontes artificiais muito acima da atmosfera da Terra”, ou mesmo a hipótese de “reflexos solares de objetos com superfícies planas em órbita geocêntrica, como pequenos objetos giratórios que emitem breves clarões”.
Desvendando mistérios com metodologia científica
A base da análise desse estudo reside em um vasto catálogo de 298.165 transeuntes de curta duração, identificados em placas vermelhas do First Palomar Sky Survey (POSS-I), com exposições de 45 a 50 minutos. Esses dados foram processados por um pipeline automatizado do projeto “Vanishing & Appearing Sources during a Century of Observations” (VASCO, em português “Fontes Desaparecendo e Aparecendo durante um Século de Observações“), que compara imagens históricas do céu (início dos anos 1950) com levantamentos modernos para detectar fontes que desapareceram.
Os cientistas empregaram uma metodologia rigorosa, buscando primeiramente agrupamentos espaciais de transeuntes em “caixas quadradas de tamanhos variados”, geralmente de alguns arcminutos a 20-30 arcminutos por lado. Para cada grupo, foi avaliado se as posições dos transitórios formavam uma linha reta ou uma faixa estreita, quantificando o alinhamento com o coeficiente de correlação de Pearson, retendo apenas candidatos com correlação superior a 0.99.
Um passo crucial na pesquisa foi a verificação e o refinamento dos candidatos. As placas do POSS-I foram digitalizadas tanto pelo Digital Sky Survey (DSS) quanto pelo SuperCOSMOS Sky Survey, sendo este último conhecido por sua “maior resolução espacial”. Os pesquisadores baixaram imagens de alta resolução para todos os candidatos com quatro ou mais transitórios alinhados. Eventos que pareciam pontuais no DSS, mas que se revelaram artefatos de digitalização ou defeitos da emulsão nas imagens de maior resolução do SuperCOSMOS, foram excluídos sistematicamente. A concordância entre os dois scans, por serem digitalizações independentes da mesma placa física, foi tratada como um “forte indicador de autenticidade”. Este processo resultou em uma “lista reduzida dos cinco candidatos mais promissores” no hemisfério norte.
Para avaliar a probabilidade de um alinhamento ser mera coincidência, foi utilizado um sofisticado framework estatístico desenvolvido por Edmunds & George (1985). Este método calcula o número esperado de alinhamentos de ‘r’ pontos dentro de um determinado campo da imagem, fornecendo uma probabilidade de que um evento único ocorra por acaso. Embora a probabilidade estimada seja sensível ao número total de transeuntes, o estudo notou que, para os dados do POSS-I, alinhamentos de três pontos são menos significativos estatisticamente do que os de quatro ou cinco pontos, devido ao seeing (qualidade da imagem) inerente à época.

O teste mais revelador realizado pelos cientistas envolveu a sombra da Terra. A premissa é simples, mas poderosa: se os transeuntes fossem reflexos da luz solar de objetos em órbita, eles deveriam desaparecer ao entrar na sombra umbral da Terra. Por outro lado, se fossem causados por emissão própria, ou, mais importante, por defeitos na placa fotográfica, não haveria razão para que evitassem essa região. Utilizando uma amostra de mais de 106 mil transeuntes no hemisfério norte e a biblioteca de software earthshadow, os pesquisadores compararam a fração esperada de transientes dentro da umbra com a fração observada.
Para complementar a análise, os pesquisadores utilizaram o motor gráfico de código aberto Blender para simular como várias formas 3D poderiam produzir padrões de brilho semelhantes aos observados. Modelos de objetos como esferas, poliedros multifacetados, cones e pirâmides duplas, com superfícies planas reflexivas e movimentos de rotação e precessão, demonstraram a “plausibilidade de produzir padrões de brilho alinhados a partir de objetos em órbita de alta altitude que giram ou precessam”.
Conclusões chocantes: além da explicação convencional
Os resultados do estudo são, sem dúvida, instigantes. Foram identificados 83 candidatos iniciais de alinhamentos, com cinco casos particularmente promissores envolvendo quatro ou mais transeuntes alinhados. A probabilidade de que esses alinhamentos tenham ocorrido por puro acaso varia de 2.5 a 4 sigmas de significância estatística para os casos mais fortes. Os autores afirmam que “nenhuma explicação astrofísica ou instrumental conhecida explica totalmente esses eventos”, descartando com veemência hipóteses convencionais como lentes gravitacionais, fantasmas ópticos ou mesmo defeitos de placa para a totalidade do fenômeno.

A escala de confiança sigma indica o nível de significância estatística de um resultado, mostrando o quão improvável ele é de ter ocorrido por mero acaso. Quanto maior o número, menor a probabilidade de uma ocorrência aleatória. Dessa forma, um sigma 2.5 significa que há “uma chance em aproximadamente 80” de que o evento tenha ocorrido por acaso.
A prova mais contundente contra explicações prosaicas veio do “teste da sombra da Terra”. O estudo revelou um “déficit altamente significativo de detecções de transeuntes (significância de 22 sigmas)” dentro da umbra da Terra. Isso é “consistente com a ideia de que a luz solar é necessária para produzir os clarões observados”, o que, segundo os autores, “contraria fortemente a hipótese de defeitos de placa e muitas das hipóteses alternativas”. A ausência de detecções na sombra da Terra não seria esperada para falhas de emulsão ou irregularidades químicas nas placas, reforçando a natureza física e não-aleatória dos eventos.
Para aprofundar o mistério, o estudo notou “coincidências temporais intrigantes”. O Candidato 5, por exemplo, foi observado em 27 de julho de 1952, data que coincide com o segundo fim de semana da famosa onda ufológica (chamada “UFO flap”) de Washington D.C., um dos eventos de avistamento em massa de OVNIs mais documentados da história. De forma igualmente notável, o Candidato 1 ocorreu dentro de um dia do pico da onda de OVNIs de 1954. Além disso, um estudo separado, de Bruehl e Villarroel (2025), confirmou uma “correlação temporal estatisticamente significativa (> 3 sigmas)” entre os transeuntes do projeto VASCO e relatos históricos independentes de UAPs, bem como testes de armas nucleares. Essas correlações sugerem que os transeuntes “não são artefatos aleatórios, mas potencialmente ligados a fenômenos físicos” dignos de investigação.
As simulações com formas 3D corroboraram a “plausibilidade de produzir padrões de brilho alinhados” a partir de objetos em órbita geoestacionária (GSO) com rotações lentas e eixos de precessão. Com base nessas detecções, o estudo derivou uma taxa de detecção de cerca de 0.27 eventos por hora por céu para transeuntes alinhados, e uma densidade superficial inferida de 9.5 x 10^-6 objetos por quilômetro quadrado para objetos detectáveis. Os autores ressalvam que estas são estimativas de primeira ordem, sujeitas a incertezas devido a fatores como a forma e a refletividade desconhecidas dos objetos, e a fração de falsos positivos na amostra.

Embora o estudo admita que a “explicação final permanece incerta”, ele não hesita em afirmar que a “convergência de alinhamento espacial, significância estatística e correlação temporal com relatos independentes de anomalias aéreas… apoia a visão de que esses eventos são provavelmente reais”.
Os pesquisadores chegam a propor, explicitamente, que a pesquisa levanta a questão de se esses transeuntes constituem uma “nova classe de fenômenos astronômicos ou representam as primeiras dicas de atividade artificial perto do nosso planeta”. Em um período anterior ao advento dos satélites humanos, a persistência dessas “assinaturas de objetos artificiais em órbita da Terra” sugere a possibilidade de uma população de artefatos não terrestres em órbita geoestacionária, cujos clarões solares estariam sendo observados. Independentemente da interpretação final, o estudo estabelece novos limites sobre a possível densidade de tecnossinaturas extraterrestres próximas à Terra.
Quer saber mais? Clique aqui e baixe o estudo em PDF.