Dylan Borland, ex-analista de inteligência: o próximo David Grusch?

Dylan Borland, ex-analista de inteligência: o próximo David Grusch?
Dylan Borland, durante seu testemunho juramentado no Congresso dos EUA

A cena ufológica internacional ganhou um novo personagem central em setembro de 2025, quando o nome de Dylan Borland, especialista em inteligência para a Força Aérea dos Estados Unidos atualmente aposentado, surgiu com força no debate público sobre os chamados UAPs, fenômenos aéreos não identificados. Seu testemunho, prestado sob juramento em uma audiência na Câmara dos Representantes em Washington em setembro de 2025, trouxe à tona não apenas um relato pessoal de avistamento, mas também acusações de retaliações e de acesso a informações sensíveis sobre programas secretos ligados à recuperação de destroços de objetos anômalos. Sua aparição foi, de certa forma, uma das mais bombásticas e impactantes desde o testemunho de David Grusch, o primeiro insider a balançar realmente a cena UAP no Congresso dos Estados Unidos.

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Borland serviu como 1N1 Geospatial Intelligence Specialist, uma função ligada à análise de vídeo, imagens eletro-ópticas e dados de radar, considerada de alta sensibilidade para a segurança nacional norte-americana. Após sua saída da Força Aérea, atuou também no setor privado, em empresas como a BAE Systems e a Intrepid Solutions. Mas foi sua participação na audiência pública de 9 de setembro de 2025, intitulada “Restoring Public Trust Through UAP Transparency and Whistleblower Protection” (em português, “Restaurando a confiança pública por meio da transparência do UAP e da proteção de denunciantes”), que o projetou definitivamente para a cena pública — e o consolidou como denunciante de práticas que, segundo ele, extrapolam a legalidade.

No depoimento, Borland descreveu em detalhes um episódio vivido em 2012, quando estava na base da Força Aérea em Langley, na Virgínia. Segundo seu relato, por volta da 1h30 da manhã, durante uma pausa para fumar, observou um objeto triangular — “um triângulo equilátero de cerca de 30 metros de comprimento” — sobrevoando silenciosamente a área próxima ao hangar da NASA instalado na base. O que mais lhe chamou a atenção foi a ausência total de deslocamento de ar e a aparência incomum da estrutura:

“Era metálico, negro, mas parecia ter uma espécie de plasma dourado, como lava fluindo sobre sua superfície”, disse.

O objeto teria pairado a baixa altitude por alguns minutos antes de subir, em questão de segundos, até uma altura comparável à de aviões comerciais. Ele acrescentou que seu telefone celular começou a superaquecer e travou durante a observação, possivelmente afetado por algum campo emitido pelo artefato.

Ainda na audiência, Borland afirmou ter tido exposição a informações classificadas ligadas a programas de recuperação de destroços de UAPs — os chamados legacy crash retrieval programs. Contudo, limitou-se a dizer que poderia detalhar tais informações apenas em uma instalação de segurança máxima, a chamada SKIFF, evitando confirmar diretamente se tinha conhecimento sobre tecnologia de origem não-humana ou sobre esforços de engenharia reversa. Também denunciou ter sofrido retaliações: manipulação de sua habilitação de segurança, bloqueios em sua carreira e negligência médica cometida pelo Departamento de Assuntos de Veteranos (VA), mas sem entrar em minúcias.

As limitações de suas afirmações na audiência, no entanto, contrastam com o que o ex-militar revelou dias depois, em uma entrevista ao podcast Weaponized, conduzido por Jeremy Corbell e George Knapp. Ali, Borland falou de forma muito mais aberta e detalhada. Confirmou explicitamente ter tido exposição direta a programas de recuperação e engenharia reversa, e chegou a dizer que teve contato com “a peça de tecnologia mais importante do planeta”, sugerindo que se tratava de uma fonte de energia revolucionária, e não apenas de uma nave.

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Na entrevista, ele também mergulhou em aspectos pessoais e emocionais omitidos no Congresso. Relatou o trauma do trabalho com drones militares, onde decisões levavam a missões letais e resultavam em altos índices de suicídio entre colegas. Narrou como foi submetido a uma cirurgia dentária forçada para implantação, que lhe causou dano nervoso, negada depois pelo VA, obrigando-o a lutar mais de uma década por reconhecimento de invalidez. Detalhou ainda como sua carreira na BAE Systems foi sabotada quando descobriu que estava empregado ilegalmente, devido à revogação administrativa de sua credencial de segurança, o que o deixou em um “purgatório profissional”. Chegou a mencionar crimes graves cometidos no esforço de manter o segredo: assaltos sexuais, perseguição constante e até sabotagem mecânica de veículos.

A descrição do incidente de Langley também ganhou nuances diferentes na entrevista. No Congresso, ele destacou a manifestação de um triângulo negro em torno de uma luz branca, a textura metálica e a presença de uma espécie de plasma dourado sobre a fuselagem, além do cheiro de tempestade elétrica após a partida do objeto. Já no Weaponized, Borland expandiu os detalhes: comparou o brilho pulsante da nave a imagens do telescópio James Webb e insistiu que não poderia dizer se havia camuflagem ativa envolvida. Sua fala foi mais livre, permeada por reflexões sobre o patriotismo, o custo emocional de sua carreira e a condição de “observador treinado” que lhe daria credibilidade.

Apesar da contundência das informações, assim como a falta de provas, a diferença de tom na declaração sob juramento e na entrevista livre acendem alguns alertas sobre o testemunho de Borland. O fato revela o dilema enfrentado por denunciantes em contextos formais: enquanto sob juramento e dentro dos limites legais Borland se ateve a respostas cautelosas; já em entrevista ele se mostrou disposto a abrir o jogo, incluindo abertamente declarações sobre NHI (inteligência não-humana) e engenharia reversa — pontos cruciais que evitou no Congresso.

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Em sua audiência oficial, o foco recaiu na crítica ao sistema de fiscalização, à AARO e à manipulação da percepção pública. Já na entrevista, o enredo ganhou profundidade pessoal e acusatória. Mas se em nenhuma das duas aparições ele distorceu informações ou incorreu em transgressões a acordos de não divulgação (NDA), o que poderia deixá-lo em situação difícil perante o Departamento de Defesa, por que Borland foi menos informativo e mais evasivo no Congresso?

A pergunta ainda ecoa na comunidade ufológica. Mas é um fato que impacto de sua entrada em cena é duplo: de um lado, Borland reforça a narrativa de outros denunciantes, em especial a de David Grusch, de que existem programas secretos que operam fora do alcance constitucional. De outro, sua divergência de postura entre os ambientes mostra como a linha entre depoimentos oficiais e narrativas pessoais pode alterar substancialmente a forma como a sociedade percebe o fenômeno.

Ainda sem provas documentais públicas que sustentem suas alegações, Dylan Borland permanece no centro do debate como um personagem que expõe tanto os limites institucionais da investigação sobre UAPs quanto os dilemas humanos de quem decide se tornar denunciante.

Redação Vigília

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