Anúncio de água em Marte pode preceder descoberta de vida alienígena

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A Agência Espacial Européia (ESA) anunciou no último dia 23 de janeiro a descoberta da presença de água, em forma de gelo, na superfície do pólo sul do planeta Marte. A notícia tem grandes implicações na busca para determinar se já existiu — ou se ainda existe — algum tipo de vida no Planeta Vermelho. O anúncio, feito na Alemanha, é resultado dos primeiros testes científicos da missão Mars Express, que orbita o planeta desde o mês passado.
“Identificamos água em forma de gelo no pólo sul de Marte”, informou, durante uma entrevista à imprensa, Vittorio Formisano, um dos responsáveis pela missão européia Mars Express. “Trata-se de água na superfície, ao ar livre e não está recoberta por gelo de gás carbônico”, explicou o cientista francês Jean-Loup Bertaux, outro membro da equipe européia.
Não é a primeira vez que imagens de sondas enviadas ao Planeta Vermelho indicam água sob a superfície de Marte. Em 2002, dados da sonda Mars Odyssey, também dos EUA, mostraram enormes quantidades de água congelada recobertas por menos de um metro de terra, sob a superfície.
A diferença agora, crê a ESA, está na maior precisão dos dados objetido pela Mars Express. A agência ainda ignora a quantidade exata de gelo e também se ele é permanente ou se evapora durante o verão marciano, para voltar a se condensar durante o inverno. “Estamos no fim do verão. O fato de que o gelo se encontra ainda no pólo sul pode provar que se trata de gelo permanente”, indicou o cientista francês.
O responsável pela descoberta é o instrumento Ômega, que combina uma câmera e um espectrômetro -instrumento capaz de decompor radiação de um material em um espectro de energias, que podem ser estudadas separadamente e ajudar a entender a composição desse material. Ele mapeou o pólo sul de Marte no dia 18 de janeiro e encontrou água congelada e também dióxido de carbono.
A informação, segundo a ESA, foi confirmada pelo PFS, um espectrômetro de alta resolução instalado na Mars Express. As técnicas de medição permitem à agência espacial detectar a composição química da atmosfera e da superfície de Marte.

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Erosão por água corrente

A presença de gelo, embora animadora, talvez não seja o dado mais surpreendente que Marte nos reserva para este ano. Contrariando todas as teorias sobre o planeta, duas equipes independentes de cientistas chegaram à conclusão de que há água em estado líquido na superfície ao analisar imagens da sonda norte-americana Mars Global Surveyor.
Entre 1998 e 2001, locais específicos no Monte Olimpo, um gigante de 27 km de altitude, mostraram mudanças cuja explicação mais lógica seria a erosão pela existência de cursos d’água. Segundo estudo que deverá ser anunciado pela pesquisadora Tahirih Motazedian durante a 34º Conferência de Ciência Lunar e Planetária, em Houston (EUA), as seqüências demonstram o surgimento de tracejados negros que teriam sido escavados por água. “As dimensões das linhas negras tipicamente vão de 10 a 60 metros de largura por 300 a 1.500 metros de comprimento”, diz a cientista.
Além de Motazedian, Justin Ferris, da Geological Survey dos EUA, trabalhando com outros cientistas da Universidade do Arizona apresentou resultados semelhantes no final do ano passado. Na opinião dos cientistas, se confirmada sua existência, a água marciana deverá ser extremamente salgada.

Nasa retoma contato com robô Spirit

Nesta corrida ao planeta vermelho que se configurou nas últimas semanas, depois do tropeçou da ESA que ainda não conseguiu contato com seu robô Beagle-2, silencioso desde 25 de dezembro, quando chegou a Marte, foi a vez da missão norte-americana Spirit sofrer um revés. Uma semana depois de iniciar seu passeio, o robô parou de enviar dados à Terra, no momento em que se preparava para perfurar uma rocha. Dois dias depois, finalmente, enviou informações a uma estação localizada na Espanha. Os cientistas da NASA agora estão confiantes de poder colocá-lo em funcionamento novamente, dentro de alguns dias ou semanas, mas não descartam a possibilidade do pequeno jipe-robô não voltar a ser 100% operacional.
A difícil experiência com a missão Spirit deve ajudar os cientistas a evitar problemas com sua “gêmea” Opportunity, missão que conta com um robô idêntico e se prepara para pousar em outro local de Marte ainda esta noite, 25 de janeiro.

Redação Vigília

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