Construção de telescópio gigante pode ser a chave para busca de vida extraterrestre

Os planos para a construção de um telescópio gigante em cima do vulcão Mauna Kea, localizado no Havaí, pode ser a chave para busca de vida extraterrestre.
Entretanto, o projeto tem provocado uma verdadeira divisão entre os habitantes da pequena ilha.
Isso porque, apesar de gerar emprego e impulsionar a ciência e a economia, parte dos nativos insiste que o local é sagrado.
Um telescópio gigante
De acordo com Roy Gal, astrônomo da Universidade do Havaí, há justificativas para a escolha do local. Segundo ele, o vulcão Mauna Kea é a montanha mais alta do mundo, quando medida a partir de sua base submarina, e possui as condições ideais para que o espaço seja observado de uma maneira que os outros telescópios não permitem.
“Outros telescópios já contribuíram para grandes descobertas, incluindo a observação de que a expansão do universo estava se acelerando”, diz.
“Mas sempre que existe uma nova capacidade de telescópio, encontramos algo novo que não esperávamos descobrir”, continua.
Ele pode nos levar à vida extraterrestre
Com custo aproximado de US$ 1,4 bilhão (cerca de R$ 5,3 bilhões) e batizado de projeto Thirty Meter Telescope (TMT), o novo equipamento permitirá medições das atmosferas de planetas do tamanho da Terra na zona habitável em torno de outras estrelas.
“Vamos ver se as atmosferas desses planetas têm água e moléculas que podem tornar possível a atividade biológica”, destaca. “Ele pode nos levar à vida extraterrestre”, prossegue.
Gal explica que estuda galáxias e como elas evoluem ao longo do tempo em diferentes tipos de ambientes no universo. E com a ajuda do TMT esses estudos poderiam ser ampliados para galáxias ainda mais distantes.
“Isso nos permitiria pintar uma história de vida mais completa das galáxias, desde a infância até a idade adulta”, avalia.”É como se os cientistas estudassem seres humanos quando eles já são adolescentes. E com o TMT poderíamos vê-los como bebês”, define.
Favoráveis e contrários
Segundo Kealoha Pisciotta, presidente do Mauna Kea Anaina Hou, um dos principais grupos que se opõem ao TMT, o vulcão é um templo para os havaianos, oferecendo uma conexão entre “criação e criador”, além da importância ambiental por ser uma fonte de água.
“O vulcão contém alguns dos nossos ancestrais mais amados e mais reverenciados. É um símbolo de paz”, explica.
Ela afirma ainda que construir em Mauna Kea seria como “destruir o interior de uma igreja, porque a paisagem do local faz parte da celebração religiosa”.
Já Alexis Acohido, uma nativa que trabalha há mais de quatro anos em observatórios no Mauna Kea, discorda. Para ela a astronomia a ajuda a se conectar com sua cultura, além de dar oportunidades educacionais aos nativos. “É uma das maneiras pelas quais me sinto mais ligada às minhas raízes”, diz.
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Por fim, Noelani Goodyear-Kaopua, professora de ciência política com foco em política havaiana, o Mauna Kea é reconhecido como o lar de várias divindades, todas associadas à água. Ela explica que essas divindades estão incorporadas nas formas de precipitação que cercam a montanha.
No mês de julho 33 manifestantes foram presos durante atos contra a construção do megatelescópio. De acordo com o governador do Havaí, o objetivo é encontrar uma solução “pacífica e satisfatória” para todos.