Expedição Galileo: investigação revela dados de provável meteorito interestelar

Expedição Galileo: investigação revela dados de provável meteorito interestelar
Um grupo de pouco menos de um quarto da amostra de 'esférulas' apresentou características surpreendentes (Imagem - reprodução)
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Em junho de 2023, uma equipe liderada por Avi Loeb, professor de Harvard e diretor do Projeto Galileo, conduziu uma expedição científica sem precedentes no Oceano Pacífico. O objetivo foi recuperar fragmentos do meteorito IM1, um objeto de origem potencialmente interestelar, que caiu na Terra em 8 de janeiro de 2014. Detectado por sensores do Departamento de Defesa dos EUA, o IM1 chamou a atenção por sua alta velocidade e trajetória, sugerindo que poderia ter se originado fora do Sistema Solar.

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A pesquisa, financiada com 1,5 milhão de dólares por Charles Hoskinson, permitiu à equipe utilizar um trenó magnético para coletar material do fundo do mar, em uma área de aproximadamente 7 milhas. O local de impacto do meteorito, localizado a 85 km ao norte da Ilha de Manus, em Papua Nova Guiné, apresentou desafios logísticos, já que a profundidade da região ultrapassa uma milha.

À esquerda, uma das imagens da análise das esferas por microscopia (Crédito Avi Loeb - Medium)
À esquerda, uma das imagens da análise das esferas por microscopia (Crédito Avi Loeb – Medium)

Em artigo publicado no Medium, Loeb explicou que sua equipe levou um ano inteiro para planejar a expedição ao local da detecção da bola de fogo do meteoro interestelar IM1 no Oceano Pacífico. Além do problema da profundidade, a área total de busca foi outro grande desafio.

Resultados da intrigantes, mas não insólitos

A expedição recuperou cerca de 850 esférulas metálicas com diâmetros variando entre 0,1 e 1,3 milímetros. Após análises detalhadas com equipamentos de ponta, incluindo um espectrômetro de massa por plasma indutivamente acoplado e microanalisadores de sonda eletrônica, a equipe identificou que 78% das esférulas apresentavam composição primitiva, sem sinais de diferenciação planetária. Essas esférulas são associadas ao material primitivo que deu origem ao Sistema Solar.

No entanto, 22% das amostras revelaram características diferenciadas. Entre essas, cerca de 10% apresentaram uma composição química única, nunca antes documentada na literatura científica. Esse conjunto de esférulas foi batizado de “BeLaU”, devido à alta concentração dos elementos berílio (Be), lantânio (La) e urânio (U). A origem dessas esférulas permanece desconhecida, mas sua composição é incompatível com a crosta terrestre, de Marte, da Lua, ou de asteroides e cometas conhecidos, sugerindo uma possível origem interestelar.

Em uma citação extraída diretamente do relatório, Loeb afirma: “Os resultados apontam para um tipo de material não observado antes no Sistema Solar, levantando questões sobre a procedência dessas esférulas e sua possível origem em um ambiente planetário muito diferenciado.”

Implicações científicas e próximos passos

Os achados da equipe do Projeto Galileo levantam várias perguntas intrigantes: o que é exatamente o IM1? Ele tem origem natural ou poderia ser um artefato de origem artificial? Qual foi o tempo de viagem desse objeto até chegar à Terra? Essas questões abrem caminho para futuras expedições e mais investigações. Conforme o relatório final detalha, a equipe já está planejando uma nova expedição para 2025, com o objetivo de encontrar fragmentos maiores do IM1, permitindo uma análise mais profunda, que poderia fornecer informações sobre a idade e as propriedades físicas do meteorito.

Imagem ampliada do filamento de manganês e platina encontrado no provável local da queda de um objeto interestelar (Crédito: Avi Loeb/Silver Star/Medium)
Imagem ampliada do filamento de manganês e platina encontrado no provável local da queda de um objeto interestelar (Crédito: Avi Loeb/Silver Star/Medium)

Ao contrário das expectativas anteriormente geradas pela própria divulgação da expedição, o artigo científico produzido por Loeb e sua equipe foi cauteloso. Em momento algum insinua uma origem artificial para as esferas ou qualquer tipo de processamento tecnológico envolvido na produção dos materiais, embora o autor principal insista nesta linha de argumentação em seu texto no Medium.

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As novas amostras serão analisadas para determinar sua idade através de isótopos radioativos e examinar a composição de elementos voláteis, que podem ter sido perdidos nas esférulas recuperadas. Além disso, a equipe pretende usar um veículo operado remotamente (ROV) chamado “Hercules”, equipado com uma câmera para observar e coletar materiais diretamente do local do impacto.

“A expectativa é de que essas novas amostras possam elucidar a origem de IM1 e suas características, que desafiam as explicações convencionais,” comentou Loeb.

Uma pesquisa inovadora com resultados relevantes

A aceitação do paper científico da expedição na prestigiada revista Chemical Geology, após revisão por pares, marca um passo significativo para a comunidade científica. Loeb destaca: “Ciência baseada em evidências ilumina os mistérios do universo, assim como uma rachadura permite que a luz penetre.”

Ainda que não tenha produzido fatos que cheguem a animar a comunidade Ufológica, sobretudo diante das recentes alegações e propostas de Loeb para transformar a pesquisa UAP em algo mais palatável à ciência, a publicação dos resultados é vista como uma oportunidade de expandir o campo de pesquisa interestelar e impulsionar a curiosidade científica.

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O sucesso da expedição e os dados coletados não apenas desafiam as explicações tradicionais sobre meteoritos e objetos interestelares, mas também abrem novas frentes de investigação. Enquanto a origem do IM1 permanece um mistério, a equipe do Projeto Galileo continua comprometida com a busca por respostas, impulsionada pela curiosidade científica e pelo método científico rigoroso.

Para acessar o paper científico, clique aqui.

Redação Vigília

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