FAA revela “cubo preto” em meio avistamentos de drones sobre base de Wright-Patterson

Novos documentos obtidos pelo pesquisador John Greenewald Jr., do site The Black Vault, junto à Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos, acrescentam um elemento inédito a uma já intrigante sequência de incursões de drones sobre a Base Aérea Wright-Patterson (WPAFB), em Ohio, no final de 2024. A liberação, feita no âmbito do pedido FOIA 2025-04622, traz registros do sistema SKYWATCH, usado pela FAA para monitorar e compartilhar informações sobre atividades aéreas suspeitas, e inclui o relato de um objeto supostamente não tripulado descrito como um “cubo preto” a 16 mil pés de altitude (pouco menos de 5 mil metros de altitude).
Segundo os registros, os eventos começaram na madrugada de 14 de dezembro de 2024, quando controladores de tráfego aéreo observaram um drone sobre áreas sensíveis da base, como a Hot Cargo Ramp, a lateral sul da pista 5L, o pátio militar e o lado leste do aeródromo. O documento relata que, em certos momentos, “os UAS estavam apagando as luzes e passando em proximidade com as equipes de segurança”, levando ao fechamento temporário do aeródromo por meio de dois NOTAMs (M1132/24 e M1133/24).
Três dias depois, em 17 de dezembro, a situação escalou. Às 04h41Z, múltiplos alvos primários foram detectados no radar da torre, embora sem confirmação visual. Apenas 17 minutos mais tarde, às 04h58Z, radares do centro ZID identificaram entre sete e 17 alvos dentro de um raio de 40 milhas do aeroporto. “As forças de segurança em solo confirmaram que os alvos observados eram drones”, indica o relatório, classificando o episódio como um swarm — enxame — de aeronaves não tripuladas.
Ainda em 17 de dezembro, às 18h08Z, uma aeronave em aproximação relatou ter visto um drone prateado a cerca de 3.200 pés, cinco milhas náuticas a sudeste de Wright-Patterson. O registro, que inclui coordenadas aproximadas, aponta que “nenhuma ação evasiva foi tomada” pelo piloto.
O estranho cubo preto nos céus omitido da listagem pública
O evento mais singular ocorreu em 19 de dezembro, às 18h45Z, quando a tripulação de uma aeronave, em voo IFR (ou seja, em voo por instrumentos) a 16 mil pés e a cinco milhas a oeste do VOR de Appleton (APE), reportou ter visto “um drone passando sob eles por cerca de 500 pés” e o descreveu como “um cubo preto”. A ocorrência foi registrada no mesmo banco de dados SKYWATCH, mas a descrição “cubo preto” não aparece na listagem pública da FAA para “Drone Sightings Near Airports”, segundo observou The Black Vault.
Os documentos da Força Aérea, liberados anteriormente sob outro processo FOIA (2025-01757-F), já haviam detalhado voos de múltiplos drones sobre as Áreas A e B da WPAFB, incluindo formações e mudanças rápidas de altitude, além de sobrevoos de setores sensíveis como linha de voo e portões da base. Entretanto, nenhuma menção ao “cubo preto” foi feita naquela ocasião — informação que agora é confirmada pelos registros da FAA.
As novas revelações indicam que, além das incursões em baixa e média altitude, houve pelo menos um registro em alta altitude, envolvendo um objeto de formato incomum e com capacidades presumivelmente superiores às de drones recreativos ou comerciais típicos. Apesar da estranheza desses relatos, sem imagens ou registros de sensores para comprovação, imagens anteriores liberadas publicamente acerca dos eventos sobre a base supostamente no mesmo período havia sido descartada como imagens de aeronaves convencionais pela comunidade cética.

Parte das informações obtidas por Greenewald foi retida pela FAA com base na FOIA Exemption 3, que permite ao Departamento de Defesa manter sob sigilo dados de infraestrutura crítica, incluindo informações de voo consideradas sensíveis pela legislação norte-americana.
O conjunto de documentos confirma que, entre 14 e 19 de dezembro de 2024, Wright-Patterson enfrentou múltiplas incursões aéreas não autorizadas, que levaram ao fechamento parcial da base, acionamento de forças de segurança, emissão de NOTAMs e notificações à polícia local. A adição do caso do “cubo preto” amplia o escopo da investigação pública e levanta novas questões sobre a origem e a tecnologia por trás desses voos.