James Fowler deixa a Skywatcher: crise em startup que prometia ciência sobre UAPs?

James Fowler deixa a Skywatcher: crise em startup que prometia ciência sobre UAPs?
Fundador da iniciativa, James Fowler na capa do site da startup de ufologia Skywatcher (Reprodução/Skywatcher.ai/Web)

“Não é isso que acontece quando sua startup se conecta a uma inteligência transcendente com capacidade física e interdimensional.” A ironia postada por um usuário do Reddit talvez seja o retrato mais fiel do momento que atravessa a Skywatcher, grupo que surgiu com promessas de aplicar método científico ao estudo de Fenômenos Aéreos Não Identificados (UAPs), mas que até aqui ofereceu mais espetáculos midiáticos do que resultados verificáveis.

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Na segunda-feira, 18 de agosto de 2025, James Fowler, fundador e figura central do projeto, anunciou que está deixando o dia a dia da Skywatcher. Segundo nota oficial, sua participação ficará restrita às “contribuições fundamentais” já prestadas, e ele agora se dedica a um “novo empreendimento em Inteligência Aérea” – apresentado com destaque como sendo um contrato junto ao governo dos Estados Unidos.

Desde o início, a Skywatcher procurou se vender como um contraponto à ufologia tradicional. No discurso, prometia rigor científico, coleta estruturada de dados e avaliação por especialistas de ponta. Na prática, até agora, o que se viu foram vídeos pouco conclusivos – muitos deles interpretados por críticos como registros de aves, balões ou drones – e transmissões com direito a acampamentos, fogueiras e rituais de “chamamento” de UFOs.

A organização afirma ter acumulado mais de 10 terabytes de dados em suas missões de campo, realizadas entre janeiro e julho de 2025. Mas nenhuma publicação científica revisada por pares foi apresentada até agora. Em contrapartida, houve anúncios cada vez mais grandiosos: declarações de que a equipe teria conseguido “voar ao lado” de UAPs para obter imagens, relatos sobre formatos distintos de objetos (esferas, cilindros, estruturas “orgânicas” não especificadas) e até a tentativa de criar uma taxonomia própria dos fenômenos, algo que gerou mais dúvidas do que reconhecimento acadêmico.

A polêmica do “contrato governamental”

A menção, feita com ênfase tanto por Fowler quanto pela própria Skywatcher, de que sua saída se dá para assumir um projeto “contratado pelo governo dos EUA”, não passou despercebida. No Reddit, parte da comunidade interpretou o gesto como tentativa de conferir legitimidade a uma transição que, na prática, soa como um enfraquecimento da startup. Afinal, sem Fowler – apontado como o cérebro tecnológico do grupo – resta à Skywatcher apenas a promessa de que consultores externos transformarão os dados brutos em ciência.

É um movimento que ecoa a trajetória de outras iniciativas privadas de ufologia: muito barulho inicial, imagens sugestivas, mas pouca entrega concreta. Para críticos, trata-se do “rato mais esperto abandonando o navio”. Já os defensores alegam que Fowler teria apenas cumprido seu papel de arquiteto do sistema e que a análise científica agora seguirá sem sua presença diária.

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Entre espetáculo e credibilidade

O histórico recente da Skywatcher ajuda a pesar a balança para o lado do ceticismo. Como noticiado pelo Portal Vigília, as primeiras “evidências” divulgadas pela equipe rapidamente se mostraram inconclusivas ou passíveis de explicações triviais. Não que seja possível dar razão sem questionamentos aos céticos, mas é fato que, depois do episódio de Jake Barber e o “UAP ovo” que viralizou como notícia bombástica, a comunidade ufológica esperava algo mais sólido do grupo.

O contraste entre discurso e entrega se repete: enquanto falam em “Discovery Framework” e em consultoria de “cientistas de classe mundial”, as atualizações mais concretas ainda chegam na forma de vídeos promocionais e comunicados entusiasmados em redes sociais.

Futuro incerto

Com a saída de James Fowler, a Skywatcher se vê diante de um desafio maior do que decifrar UAPs: provar que não é apenas mais uma startup de ufologia com verniz científico. A insistência em associar o nome do ex-líder a um contrato governamental pode ser lida como manobra de relações públicas para evitar que investidores e simpatizantes percam a confiança.

Enquanto isso, permanece sem resposta a pergunta central: os mais de 10 terabytes de dados coletados pela Skywatcher realmente escondem descobertas relevantes sobre UAPs – ou apenas material redundante, pronto para inflar mais um espetáculo?

Redação Vigília

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