Matthew Brown detalha programa secreto e reforça denúncia em novas partes de entrevista

Matthew Brown detalha programa secreto e reforça denúncia em novas partes de entrevista
Matthew Brown, denunciante responsável pelo relatório sobre o programa Immaculate Constellation, apresentado pelo Weaponized, de Jeremy Corbell e George Knapp (Reprodução/Youtube)

Depois de uma primeira apresentação bombástica, foram ao ar as partes 2 e 3 da entrevista com o denunciante UAP Matthew Brown ao podcast Weaponized. Ele ampliou e aprofundou suas alegações sobre o programa Immaculate Constellation (Constelação Imaculada). Brown, que passou a denominar o programa apenas de ImCon, intensificou as denúncias sobre operações secretas envolvendo o fenômeno UAP (Fenômeno Anômalo Não Identificado), reforçou o envolvimento de outras nações com o tema, detalhou os mecanismos de acobertamento e o impacto sobre denunciantes.

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A primeira parte da entrevista já havia apresentado Brown como o autor do relatório ImCon e ex-oficial com credencial Top Secret SCI no Pentágono. Ele descobriu o documento em 2018, durante um exercício militar, e relatou que o programa tinha uma missão global de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (ISR) voltada para UAPs e veículos de origem desconhecida. Brown também denunciou que o sigilo do programa impede o direito do público à informação e que tecnologias avançadas, como inteligência artificial, seriam usadas para manipular ou ocultar dados.

O conteúdo do ImCon e os registros de UAPs

Brown afirmou que o material do ImCon ao qual teve acesso, através de uma rede de computadores e repositórios altamente restritos do Pentágono, incluía relatórios de eventos, comunicações e até mesmo quadros congelados de vídeos e imagens armazenadas em bancos de dados informais e oficiais. Estes dados detalhavam vários incidentes envolvendo encontros e registros de militares e civis com artefatos desconhecidos, potencialmente de origem não humana.

Entre os incidentes, citou “orbes” deslocando-se do litoral para o oceano, um “triângulo preto” sobre um navio russo no Atlântico e um disco “usando nuvens como disfarce”, captado por satélite, que teria reagido com rapidez ao ser detectado. Também mencionou objetos em forma de “medusa”, “cérebro flutuante” ou com “formas irregulares”, alguns entrando e saindo da água sem efeitos inerciais perceptíveis. Segundo ele, muitas dessas imagens foram obtidas acidentalmente via inteligência de sinais (SIGINT).

Tentativas internas e bloqueios

Após a descoberta, Brown contou que tentou reportar o ImCon por vias institucionais. Seu superior ordenou que ele “excluísse tudo” e evitou ler o material para “não se comprometer”. Em nova tentativa, relatou o caso como um possível vazamento de material sigiloso, mas o oficial de controle classificou o conteúdo como uma piada, zombando inclusive de um slide atribuído a Luis Elizondo. Logo após a reunião, o arquivo teria desaparecido do servidor.

Elizondo é o ex-oficial de contra-inteligência do Departamento de Defesa que teria chefiado o AATIP (Programa de Identificação Avançada de Ameaças Aeroespaciais), e que tornou-se uma peça central e polêmica no movimento da comunidade UAP dos EUA para desclassificação de registros sigilosos envolvendo fenômenos anômalos não identificados.

Esses eventos reforçaram em Brown a convicção de que “o fenômeno é real, mas o acobertamento também — e está dentro de casa”. Ele rejeitou a hipótese de se tratar apenas de um exercício de guerra, citando a reação de pânico e desconforto nas tentativas de denunciar.

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Burocracia, ocultamento e corrupção sistêmica

Brown relatou ter notado distorções em briefings de Sean Kirkpatrick (ex-diretor do AARO) ao Congresso, percebendo ali um ponto de ruptura. Para ele, a burocracia “se comportava de maneira estranha”, e a criação de mecanismos legais para denunciação indicava que algo estava fora do controle das autoridades democraticamente eleitas.

Ele suspeita da existência de um sistema de inteligência artificial usado para apagar dados UAP de plataformas classificadas e descreveu a estrutura de sigilo como uma “realidade paralela”, dominada por interesses elitistas e possivelmente por um “regime internacionalista ilegal”. Segundo Brown, a motivação por trás do sigilo seria medo e ganância.

O caminho até o Congresso e a exposição pública

Sem sucesso nos canais internos, Brown buscou apoio em contatos dentro de instalações sigilosas, conseguiu reuniões com assessores do Congresso e escreveu seu próprio relatório. Após aprovação prévia do Departamento de Estado, foi conectado a David Grusch, e posteriormente a Jeremy Corbell e George Knapp. Decidiu tornar pública sua denúncia por meio deles, acreditando que a mídia seria necessária para “acender o debate” e salvar a legislação UAP.

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Corbell e Knapp o ajudaram a se reunir discretamente com congressistas, e Brown descreveu seu nervosismo nesses encontros. Um momento decisivo foi a inserção de seu relatório nos registros do Congresso, o que teria causado “ajustes de última hora” e “pânico” entre os assessores legislativos.

Constelação Imaculada - documento sem timbre ou indicação de autoria
Constelação Imaculada – documento sem timbre ou indicação de autoria apresentado durante audiência no Congresso dos EUA era, na realidade, o testemunho de Matthew Brown

Custos e motivações

Brown relatou que sua carreira no governo está encerrada, que se sente marcado e teme por sua segurança. Mencionou ameaças legais sérias, incluindo prisão perpétua, e acredita que outras pessoas já sofreram represálias fatais por tentarem expor o tema. Criticou a ineficácia das instituições de proteção a denunciantes e afirmou que algumas delas estariam infiltradas.

Apesar disso, afirmou que fez o que era certo. Disse que não revelou tudo o que sabe e guarda informações apenas para conversas “boca a ouvido”. Enfatizou que o sigilo afeta profundamente a sociedade e concluiu com uma advertência: “Você não é livre. Esta realidade tem muito mais do que lhe foi permitido acreditar. E Deus é real.”

A importância da verificação

As novas partes da entrevista ampliam a narrativa apresentada inicialmente, mas, assim como no caso de David Grusch, o peso das alegações de Brown depende da apresentação de evidências verificáveis — como vídeos, documentos ou testemunhos de outros envolvidos. Apesar de ter assinado o relatório submetido ao Congresso, o documento é apenas um relato do próprio Brown sem caráter oficial ou, pelo menos até o momento, elementos de comprovação.

A ausência pública do material classificado mantém sua denúncia ancorada principalmente em sua credibilidade e na possibilidade de confirmação futura. É inegável, no entanto, que suas revelações criam a expectativa gerar novos caminhos de pressão e insights valiosos para o movimento que luta pelo fim do sigilo sobre o tema UAP, em especial para as próximas ações do Congresso dos EUA.

Confira, abaixo, as duas partes finais da entrevista. A primeira parte pode ser encontrada neste link.

Jeferson Martinho

Jornalista, o autor é empresário de comunicação, dono de agência de marketing digital e assessoria de imprensa, publisher de um portal de notícias regionais na Grande São Paulo, fundador e editor do Portal Vigília. Apaixonado por Ufologia de um ponto de vista científico, é autor do livro "Nem Todo OVNI é Extraterrestre - Um guia para entusiastas da ufologia que não querem ser iludidos", disponível na Amazon.

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