Militares chilenos e franceses começam a abrir o jogo sobre óvnis
Segundo divulgou a agência de notícias EFE, no início de fevereiro desse ano, um representante oficial do Exército do Chile, em encontro com ufólogos, revelou diversos relatos de avistamentos e encontros de pilotos militares daquele país com Objetos Voadores Não Identificados. O capitão Rodrigo Bravo — segundo a nota com autorização do comandante-em-chefe do Exército, Oscar Izurieta — foi um dos participantes do congresso internacional de Ufologia realizado na cidade de Viña del Mar. Seu depoimento foi acompanhado da exibição de vídeos e fotos desses encontros registrados nos últimos dez anos.
Apesar da importância da nota para a Ufologia, a versão divulgada pela Agência EFE não está totalmente correta. Esta não é exatamente uma atitude inédita para os militares chilenos. Desde 1997, depois de intensa negociação com a sociedade civil chilena, numa discussão capitaneada pelo Agrupamento de Pesquisas Ovniológicas do Chile (Aion), entidade dirigida pelo sociólogo e pesquisador da Ufologia Rodrigo Fuenzalida, as forças armadas chilenas desenvolvem atividades de monitoramento e pesquisa ufológica em parceria com os ufólogos civis. A atitude chilena, bem como as comparações entre a organização dessa atividade com a de outros países que tratam oficialmente o não do tema, já foram objeto de reportagem do Portal/Revista Vigília, sob o título “Quando o assunto OVNI ganha tratamento oficial por parte dos governos”, publicada em dezembro de 2001.
Esse estudo conjunto é desenvolvido no âmbito do Comitê de Estudos de Fenômenos Aéreos Anômalos (CEFAA), que está subordinado à Direção de Aeronáutica Civil. Graças a força dessa organização, em março de 2000, por ocasião da FIDAE – Feira Internacional do Ar – a mais importante feira de tecnologia aeroespacial do Chile, um Workshop especial tratou exclusivamente do tema OVNI. O evento contou com a presença pesquisadores de OVNIs de diversos paises, entre eles Richard Haines, ex-consultor da CIA para o assunto, o escritor Juan José Benítez, o engenheiro francês Jean Jaques Velasco, além acadêmicos chilenos e a direção do CEFAA.
Até então, segundo Fuenzalida, os pesquisadores civis tinha obtido acesso restrito a poucs documentos e relatórios antigos. Agora, dez anos depois de iniciada a empreitada, começam a aparecer mais resultados. Entre os relatos apresentados, estava a observação de um piloto de um Caça T 212 que observou no ar, por nove minutos, um objeto grande de cor alaranjada. O vôo aconteceu nas proximidades do aeroporto de Chacalluta, da cidade de Arica, 2.050 quilômetros ao norte do Chile.
Outro incidente com estas características teria ocorrido no início de 2000 na região dos Lagos, no Sul do Chile, quando os ocupantes de três helicópteros militares em vôo diurno teriam observado um objeto pousado no solo que subiu repentinamente até a altura dos aparelhos e colocou-se na frente deles, quase em rota de colisão. Segndo Rodrigo Bravo, após fazer movimentos de ziguezague, o ovni desapareceu em grande velocidade. Outra experiêincia apresentada pelo militar teria ocorrido em 18 de março de 2000, em Graneros, cerca de 70 quilômetros ao sul de Santiago. Na ocasição, os passageiros de um avião militar disseram ter visto um objeto grande cor de chumbo que desapareceu em grande velocidade após voar lado a lado com a aeronave.
Rodrigo Fuenzalida disse em entrevista à Efe que a atitude do Exército é um exemplo de maturidade da “instituição, que soube abrir seus arquivos para que sejam submetidos a estudos sérios”. Ele comparou a situação com o Brasil, dizendo que só falta o governo assumir uma atitude semelhante e apoiar a abertura destes arquivos, como ocorreu no vizinho latino americano.
Ele se referia ao encontro entre ufólogos e oficiais da Força Aérea Brasileira ocorrido em 20 de maio de 2005, quando os pesquisadores civis tiveram acesso ao Cindacta 1 (sistema de monitoramento do espaço aéreo brasileiro) e ao Comdabra – o Centro de Defesa Aeroespacial Brasileiro, onde foram recebidos pelo chefe do órgão, Brigadeiro Atheneu Azambuja. Diferentemente do desdobramento chileno, a partir daí a pretendida integração e abertura de arquivos não ocorreu.
França também fez anúncio
Além do Exército do Chile, também a França tem dado sinais importantes de abertura de arquivos secretos. No final de dezembro do ano passado (2006), o Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES, a agência espacial francesa) prometeu disponibilizar na internet seu arquivo com relatos sobre ovnis e outros fenômenos. Jacques Arnould, autoridade do CNES, disse que a base de dados conta com cerca de 1.600 incidentes e que entraria no ar entre o final de janeiro e o começo de fevereiro. A comunidade Ufológica continua aguardando esses dados.
Segundo Arnould, o CNES reúne relatos e documentos de quase 30 anos. “Com freqüência, esses relatos são feitos junto à polícia, que costuma registrá-los como depoimentos oficiais, e são feitos também por pilotos de aviões comerciais”, disse Arnould à agência Reuters.
Segundo ele, o banco de dados reúne cerca de 6.000 relatos, muitos deles sobre um mesmo incidente, todos apresentados por pessoas comuns e também por pilotos profissionais. Os dados deverão, provavelmente, ser disponibilizados no site da CNES: www.cnes.fr
A França já causou polêmica no mundo da Ufologia ao liberar de forma oficiosa o que ficou conhecido como “Dossiê Cometa”, um relatório com informações científicas e militares admitindo os OVNIs como um fenômeno de origem potencialmente extraterrestre.