Radiação de radares terrestres pode estar revelando a existência da Terra a alienígenas

Sistemas de radar utilizados em aeroportos civis e bases militares ao redor do mundo podem estar emitindo sinais fortes o suficiente para serem detectados por civilizações alienígenas em um raio de até 200 anos-luz. A conclusão é de um estudo apresentado na Reunião Nacional de Astronomia de 2025, no Reino Unido, que analisou o impacto dessas transmissões no contexto da busca por inteligência extraterrestre.
Segundo os pesquisadores, a potência combinada dos radares de aviação chega a aproximadamente 2×10¹⁵ watts, produzindo uma radiação eletromagnética capaz de atravessar grandes distâncias interestelares. Embora essa tecnologia esteja em operação há cerca de 70 anos, o que limita o alcance atual de detecção a algo em torno de 75 anos-luz, o número de estrelas dentro desse raio já ultrapassa 120 mil — algumas com planetas potencialmente habitáveis.
Os cientistas simularam como esses sinais se apresentariam para observadores em sistemas estelares próximos, como a Estrela de Barnard e AU Microscopii. A análise revelou padrões de sinal que variam com a rotação da Terra e com a alternância de operação entre diferentes instalações de radar, o que cria uma assinatura dinâmica e facilmente distinguível.
Tecnossinatura clara de vida inteligente
Os radares militares, embora menos potentes que os civis, emitem feixes focados e direcionalmente varridos que se destacam por parecerem claramente artificiais. Esses sinais, ao contrário das fontes naturais de rádio do cosmos, exibem regularidade e potência concentrada em direções específicas. Isso os torna tecnossinaturas ideais — sinais involuntários que denunciam a existência de tecnologia avançada.
A combinação de sinais militares e civis cria uma espécie de “marca digital” que se modifica conforme a Terra gira, o que pode ser identificável por radiotelescópios extraterrestres semelhantes aos que usamos na Terra.
Vazamentos tecnológicos como pistas
O conceito de tecnossinaturas não se limita aos radares. Antenas de telefonia móvel, por exemplo, também geram emissões detectáveis a distâncias menores. A pesquisa atual reforça a ideia de que qualquer civilização tecnologicamente desenvolvida tende a vazar sinais semelhantes — como consequência natural de suas atividades cotidianas.
O exoplaneta mais próximo, Proxima Centauri b, está a apenas 4,2 anos-luz de distância. Se há alguma forma de vida inteligente por lá equipada com radiotelescópios sensíveis, é possível que já tenha “ouvido” os ecos de nossa presença.
Implicações para o SETI e para o planeta
O estudo não apenas contribui para a busca por vida extraterrestre, como também oferece ferramentas para avaliar e gerenciar o impacto das tecnologias humanas no ambiente espacial. Ao entender como nossos sinais se espalham, os cientistas podem desenvolver formas mais eficazes de proteger o espectro de rádio e projetar sistemas de comunicação e defesa menos intrusivos.
Mais do que buscar mensagens deliberadas, o SETI agora se volta para os subprodutos tecnológicos de civilizações, como os sinais de radar. Ao mapear o que emitimos sem querer, aumenta-se a chance de detectar civilizações que, assim como nós, estejam apenas vivendo sua rotina — sem necessariamente tentar fazer contato.