Testemunha filma OVNI e estação de monitoramento confirma registro no RJ

Testemunha filma OVNI e estação de monitoramento confirma registro no RJ
Objeto capturado em vídeo por testemunha em Campo Grande (RS) deixou registro em estação de monitoramento em Nova Iguaçu (no destaque)

Na noite de 16 de agosto de 2024, sexta-feira, o vigia Carlos Rodrigues Hermenegildo, de 45 anos, vivenciou e registrou em vídeo um episódio incomum enquanto trabalhava em um empreendimento comercial no bairro de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Pouco antes das 22 horas ele observou um fenômeno que, mesmo distante, conseguiu despertar sua atenção.

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Uma luz estranha, que inicialmente parecia estática, mas moveu-se e comportou-se de maneira pouco convencional, conforme relatou. Incrivelmente, Rodrigues não foi o único a filmar um OVNI naquele local: um estranho objeto na mesma área foi confirmado por uma estação de monitoramento, configurando o fato um evento raro na casuística ufológica.

O vigia conta que estava no contêiner da empresa onde trabalha tomando conta do terreno. Ele estava usando o local para fazer café enquanto carregava o celular. Em determinado momento, decidiu sair e fazer a ronda pela área. Optou por fazer a vistoria sem seu celular, porque o terreno é grande e o aparelho estava quase sem carga. A inspeção regular da área é necessária porque, segundo ele, sempre há áreas vulneráveis e o risco de invasão não pode ser subestimado.

Enquanto caminhava e verificava o estado dos equipamentos no local, avistou algo incomum. “Vi, cara, um objeto assim… ele estava desfilando bem devagar”.

A princípio, pensou que fosse um balão, já que “os balões aqui da região do Rio de Janeiro costumam ser soltos tanto de dia quanto à noite, com ou sem fogos”, analisou. No entanto, ele logo percebeu que o comportamento do objeto era diferente.

“Esse objeto, a princípio, apresentou-se em formato de um disco”, com “luzes brancas, alternando para vermelho e laranja”. O que chamou sua atenção é que elas “pulsavam”. “Não piscavam como as luzes de alerta de aviões ou helicópteros. Em vez disso, ela pulsava… igual o coração batendo”, disse.

Curioso, ele pegou uma forte lanterna que o acompanha no trabalho (uma “T9”, segundo ele), que tem “uma potência de feixe de luz muito alto e longo”, e decidiu interagir com o OVNI. Ao apontar a luz em direção ao objeto e usar o modo de pisca rápido, notou uma reação.

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“Quando eu peguei a lanterna e botei naquele modo de dar aquele pisca rápido… ele começou a interagir com a luz da minha lanterna”.

O objeto, que inicialmente se movia devagar, começou a brilhar mais intensamente e, em seguida, “subiu, ganhou mais um pouco de altitude”, relatou.

Trajetória estranha e divisão das luzes

Neste momento, cinco ou seis minutos já haviam se passado. Foi então que o vigia decidiu voltar ao contêiner e pegar seu celular para gravar o fenômeno. De posse de seu Moto G14, com apenas 20% de carga e apesar de um jogo de câmeras relativamente pouco poderosas, o vigia conseguiu produzir um registro razoavelmente competente da estranha dança do objeto, exatamente a partir das 21h59. Mesmo assim, Rodrigues ressalva que o vídeo não faz justiça à espécie de “estrutura” discoidal iluminada por baixo — pelas próprias luzes do objeto— que, a olho nu, ele julgou ser capaz de identificar.

Objeto filmado em Campo Grande (RJ). Ampliação por Jorge Uesu
Objeto filmado em Campo Grande (RJ). Ampliação por Jorge Uesu

Após subir, o óvni permaneceu estático por “entre dois a três minutos”. Foi então que as coisas começaram a ficar mais estranhas. “A olho nu a gente tem uma visão privilegiada”, explicou ele, notando que o objeto começou a se transformar.

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“Ele começou, tipo assim, a fazer uma modificação… daquele disco luminoso, ele começou a se dividir em quatro partes… virou tipo umas esferas, né, com luzes muito intensas”.

Essas esferas, pulsando de maneira sincronizada, segundo ele, depois de alguns minutos fizeram um “padrão delta”, com três das luzes dispostas em uma formação triangular. Apenas parte dessa mudança Rodrigues ainda conseguiu capturar no vídeo. O terreno acidentado dificultou o registro e ele decidiu parar a gravação para procurar uma posição mais favorável, evitando monte de terra e algumas árvores à sua frente. Mas continuou a observação atenta.

Logo em seguida, as esferas mudaram de formação novamente, formaram uma espécie de fila, mas adotando “um movimento serpenteado”, antes de acelerarem em velocidade em direção à Serra do Mendanha.

Frame de vídeo do objeto registrado por testemunha em Campo Grande - RS (Cortesia - Carlos Rodrigues)
Frame de vídeo do objeto registrado por testemunha em Campo Grande – RS (Cortesia – Carlos Rodrigues)

Passados mais dois ou três minutos na tentativa de desvencilhar-se dos obstáculos, o vigia tentou religar a câmera do celular novamente, mas “quando eu cheguei com meu celular [na parte mais elevada]… já tinha ido embora”. O terreno acidentado dificultou o registro, e quando finalmente conseguiu uma posição mais elevada, o objeto havia desaparecido.

Análise colaborativa do vídeo de OVNI revela dado incrível

O vídeo de Rodrigues — que já gostava do tema Ufologia e acompanhava discussões sobre o assunto em redes sociais e aplicativos de mensagens — foi parar num grupo de whatsapp ligado ao site Ovniologia, onde gerou um intenso debate. Analisando rapidamente ampliações, mesmo sem muitos recursos técnicos, a experiência coletiva do grupo encontrou problemas para encaixar a filmagem em alguma categoria de avistamento mais trivial, como drones, balões, paraquedismo noturno ou paraglider.

Um dos membros do grupo, o técnico em eletrônica e estudante de física Anderson Salviano, de 27 anos, teve a ideia de acionar outro contato, o arquivista e ex-militar Rodrigo Moura Visoni. Salviano tinha a expectativa de que Visoni, experiente pesquisador do Rio de Janeiro e com muitas fontes locais, pudesse ajudar e encontrar outros relatos.

A abordagem colaborativa rapidamente rendeu frutos. Visoni entrou em contato com o engenheiro Wagner Vital de Lima, integrante do Grupo Ufológico da Baixada Fluminense e mantenedor da iniciativa Monitoramento UAP Brasileiro (Mubras), um sistema de monitoramento do céu com câmeras de boa qualidade e baixo custo para detecção e registro de fenômenos anômalos.

Incrivelmente, uma das duas câmeras atualmente ativas do projeto, na região de Nova Iguaçu, captou de outro ângulo a estranha evolução de uma forma luminosa no céu no mesmo dia, horário e local aproximado do registro feito pelo vigia em Campo Grande, a pouco mais de 30km de distância.

Software de rastreamento identificou trajetória em “laço” do objeto

A câmera da estação de monitoramento apontada fixamente na direção da Serra do Mendanha, com imagens processadas pelo software próprio desenvolvido pelo grupo, fez o rastreamento da trajetória de um estranho objeto luminoso que “surgiu” no canto inferior esquerdo do enquadramento, às 21h40. Sem qualquer indicação de sua origem, a luz faz um caminho em forma de laço para cima. Na descida para e desaparece tão misteriosamente quanto surgiu, às 21h45. O início e o fim do registro coincidem com os momentos de maior luminosidade do objeto.

Serra do Mendanha -Google Maps
Serra do Mendanha -Google Maps

“As câmeras da Mubras capturaram um objeto não identificado no mesmo horário e data mencionados pelo vigia de Campo Grande. Ele executava uma trajetória incomum, formando um padrão em laço, algo muito diferente do comportamento de aeronaves comuns ou até mesmo de fenômenos atmosféricos conhecidos”, explicou Vital.

Vital detalhou que o objeto capturado pelas câmeras da Mubras apresentou uma série de características que chamaram a sua atenção. “O software que utilizamos na Mubras faz cálculos precisos sobre o movimento do objeto, incluindo a velocidade, a posição geográfica e a elevação. Esse objeto tinha uma movimentação anômala, completamente atípica para aviões ou balões meteorológicos, por exemplo”, afirmou o pesquisador.

Marcação da trajetória do objeto sobre Campo Grande, feita pela estação de monitoramento da Mubras (Cortesia Wagner Vital)
Marcação da trajetória do objeto sobre Campo Grande, feita pela estação de monitoramento da Mubras (Cortesia Wagner Vital)

Apesar da proximidade dos horários, há uma divergência de 8 minutos entre o registro da estação e o vídeo de Rodrigues. Mas para o pesquisador Rodrigo Visoni é possível que se trate da mesma manifestação.

“A rigor não podemos dizer com certa absoluta de que se trata do mesmo objeto. Mas eu penso que seja. As chances disso são muito altas. É provável que seja”, diz Visoni.

O vídeo obtido por Rodrigues em Campo Grande, somado ao registro feito pela estação da Mubras, torna-se um ativo valioso para a pesquisa ufológica. Não apenas por confirmar a utilidade de importantes iniciativas de monitoramento desenvolvidas com baixo custo e através da contribuição valiosa de cidadãos comuns, mas principalmente porque permite inferir e comparar dados de avistamentos, em busca da confirmação da autenticidade dos relatos e da eliminação das hipóteses convencionais.

Projeto SkyGuard: pioneiro no monitoramento do céu em busca anomalias

O avistamento do OVNI em 16 de agosto não foi o primeiro registro feito pela Mubras. Embora existam iniciativas similares em andamento, o projeto liderado por Vital, é pioneiro na prática no Brasil.

Fundado em 2013, a iniciativa tem o objetivo de monitorar o céu em busca de objetos voadores não identificados. Com câmeras geoposicionadas e um software livre específico desenvolvido por Vital para capturas aéreas, a Mubras se destaca por utilizar métodos científicos e tecnológicos avançados na investigação de fenômenos ufológicos, com um custo extremamente baixo.

“A Mubras nasceu da necessidade de entender melhor esses fenômenos”, explicou Vital. “Desde o início, nossa ideia era utilizar tecnologia de ponta para registrar e analisar o que acontece no céu, de forma a produzir dados que possam ser estudados por pesquisadores sérios.”

Ao longo dos anos, o projeto se modernizou, principalmente com o lançamento do SkyGuard, o software desenvolvido pela própria Mubras para rastrear objetos voadores não identificados. Vital explicou que, no início, o grupo utilizava programas pagos, usados para capturar meteoros. Mas a limitação financeira e técnica os levou a desenvolver um sistema próprio, focado exclusivamente em OVNIs.

“O SkyGuard foi criado porque a gente precisava de algo mais específico para nossa pesquisa. Os programas que usávamos antes eram feitos para capturar meteoros, mas os OVNIs têm um comportamento muito diferente. Com o SkyGuard, conseguimos registrar objetos anômalos e, mais importante, calcular uma série de parâmetros que nos permitem entender melhor o que estamos vendo. É um software gratuito, qualquer pesquisador pode baixar e usar”, explicou Vital.

Programa para download gratuito

O SkyGuard funciona em Python e utiliza a biblioteca OpenCV para visão computacional e pode ser baixado gratuitamente no site do projeto (https://skyguardmubras.com.br/). O software é capaz de identificar, rastrear e capturar imagens de objetos no céu, calculando parâmetros como velocidade, altitude, azimute e magnitude. Além disso, ele grava 15 segundos de vídeo a cada captura, permitindo uma análise detalhada do comportamento do objeto.

“Quando o SkyGuard captura um objeto, ele grava cinco segundos antes, cinco segundos durante e cinco segundos depois da captura”, diz Vital. “Isso nos dá uma visão completa do que está acontecendo no momento. Além disso, o software gera uma foto do objeto, uma imagem do rastro deixado por ele e um conjunto completo de metadados com todas as informações registradas. Esses dados são cruciais para a análise posterior”.

Atualmente, a Mubras opera em Nova Iguaçu, onde suas câmeras estão estrategicamente posicionadas para cobrir um amplo campo de visão. Com planos de expansão, Vital pretende instalar mais câmeras em breve, cobrindo assim todos os 360 graus do céu ao redor da estação. “Nossa meta é ter quatro câmeras cobrindo cada quadrante do céu, permitindo uma cobertura total do espaço aéreo acima de Nova Iguaçu”, afirmou.

O SkyGuard já está em sua segunda versão, mas Vital adianta que melhorias estão sendo feitas continuamente. A versão mais recente, que está em fase de testes, inclui o uso de inteligência artificial para melhorar a detecção e classificação dos objetos. “Estamos treinando a inteligência artificial para diferenciar objetos anômalos de objetos conhecidos, como aviões, satélites ou meteoros. O material capturado pelo SkyGuard serve como base para esse treinamento”, explicou.

O uso de câmeras IP e a integração de múltiplas câmeras também estão nos planos futuros do projeto. Vital pretende criar um sistema que permita ao software monitorar várias câmeras simultaneamente, ampliando ainda mais a capacidade de detecção da Mubras. “Nossa versão atual só trabalha com uma câmera por vez, mas estamos desenvolvendo uma nova versão que vai permitir o monitoramento de várias câmeras ao mesmo tempo. Isso vai nos dar uma visão muito mais completa do céu”, disse Vital.

A iniciativa Mubras busca apoio através de financiamento coletivo dos usuários para custear o desenvolvimento e criar novas estações. Quem quiser colaborar com o sistema de Nova Iguaçu, pode fazê-lo através da campanha criada no site AjudaJá (https://ajudaja.com.br/campanha/?x=59264).

Jeferson Martinho

Jornalista, o autor é empresário de comunicação, dono de agência de marketing digital e assessoria de imprensa, publisher de um portal de notícias regionais na Grande São Paulo, fundador e editor do Portal Vigília. Apaixonado por Ufologia de um ponto de vista científico, é autor do livro "Nem Todo OVNI é Extraterrestre - Um guia para entusiastas da ufologia que não querem ser iludidos", disponível na Amazon.

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