UAPs em Long Island são analisados em estudo científico

UAPs em Long Island são analisados em estudo científico
Captura de tela de vídeo registrado pelo estudo Eye on the Sky, dedicado a UAPs
Compartilhe

Um estudo que se propôs científico, conduzido durante dez meses no Robert Moses State Park (RMSP) em Long Island, Nova York, analisou dados de fenômenos aéreos não identificados (UAPs) com características que supostamente desafiam as explicações convencionais. Liderada pelos engenheiros John Joseph Tedesco e Gerald Thomas Tedesco, a investigação buscou coletar dados de uma série de objetos aéreos com comportamento e propriedades físicas altamente incomuns.

----publicidade----

O estudo, batizado de “Eye on the Sky”, foi publicado no periódico Open Journal of Applied Sciences, que é parte da plataforma Scientific Research Publishing (SCIRP), em agosto de 2024. Para publicação, o artigo passou por uma revisão científica (também chamada revisão por pares). O aumento de avistamentos de UAPs, tanto por militares quanto por civis, além das recentes iniciativas do Congresso dos Estados Unidos e do Pentágono para investigar esses fenômenos, foi o que motivou os pesquisadores, segundo eles.

Com a crescente pressão por transparência e a possibilidade de que tais fenômenos possam representar ameaças à segurança nacional, o projeto destacou a importância do envolvimento do setor privado na pesquisa de UAPs.

“Dado que muitos dos dados oficiais sobre objetos desconhecidos permanecem em sigilo, é vital que o setor privado também intensifique os esforços de investigação sobre esses fenômenos, que podem representar um risco para nossa segurança nacional, integridade geográfica e segurança da aviação civil,” declarou a dupla no artigo original.

Pesquisa em busca de embasamento científico

Os autores do estudo “Eye on the Sky”, John Joseph Tedesco e Gerald Thomas Tedesco, possuem credenciais científicas respeitáveis. Ambos estão afiliados como pesquisadores independentes ao Galileo Project, da Universidade de Harvard, uma iniciativa dedicada à busca científica de UAPs e objetos interestelares.

Além disso, eles têm ligações com outras organizações científicas nos Estados Unidos. Entre essas instituições estão o Consortium for The Scientific Understanding of Nature’s Mysteries e o Institute of Electrical and Electronic Engineers (IEEE), em Washington. Eles também são membros da American Academy of Environmental Engineers and Scientists, em Annapolis, e atuam como pesquisadores independentes em Holbrook, Nova York.

A iniciativa do estudo e sua ligação com o Projeto Galileo não é incidental. Desde seu nascimento, o projeto liderado pelo astrofísico e professor de Harvard, Abraham “Avi” Loeb tem como objetivo detectar artefatos extraterrestres e fenômenos aéreos não identificados (UAPs) próximos à Terra. Em 2021, o astrofísico já propôs a utilização de telescópios de alta tecnologia, como o observatório Vera C. Rubin, sensores infravermelhos e inteligência artificial, para rastrear objetos desconhecidos no espaço e na atmosfera terrestre. Financiado por doações que somam US$ 1,75 milhão, o projeto inclui cientistas de diversas áreas e enfrenta desafios na aceitação científica.

----publicidade----

Pesquisando UAPs com equipamentos de ponta e observatório móvel

Os pesquisadores utilizaram uma variedade de métodos de observação de campo, guiados por princípios e metodologias de engenharia forense. A peça central do estudo foi um laboratório móvel avançado, apelidado de “Nightcrawler”, equipado com tecnologias de ponta, incluindo sistemas de radar ativo, dispositivos eletro-ópticos multiespectrais, espectrômetros e sensores de campo eletromagnético. Esses recursos permitiram a detecção e o rastreamento de objetos aéreos que, em muitos casos, eram invisíveis ao olho nu e não podiam ser correlacionados com dados de tráfego aéreo convencionais, como transmissões ADS-B.

Foto do veículo usado pelos pesquisadores e seus equipamentos embarcados, publicada com o artigo (https://www.scirp.org/journal/paperinformation?paperid=135539)
Foto do veículo usado pelos pesquisadores e seus equipamentos embarcados, publicada com o artigo (https://www.scirp.org/journal/paperinformation?paperid=135539)

Durante o estudo, a equipe descobriu um fenômeno particularmente intrigante, descrito como “fenômeno de luz transitória anômala” (ATLP). Estes ATLPs eram frequentemente observados como objetos esféricos luminosos que, em condições de baixa luminosidade, exibiam uma aparência poliédrica. Esses objetos demonstraram comportamentos que desafiam a tecnologia aérea atual, incluindo velocidades extremas, longos períodos de inatividade e mudanças drásticas no albedo, brilho e rotação.

“Esses objetos também exibiam características físicas incomuns: estados flutuantes de albedo, brilho, rotação, variações na faixa espectral e a capacidade de transitar de um estado luminoso para iluminado,” descreve o estudo. Além disso, os objetos demonstraram um comportamento de enxame que não se alinhava com padrões típicos de tráfego aéreo.

----publicidade----

Filmagens também geraram dúvidas

Embora o estudo tenha proporcionado insights valiosos sobre a natureza física e o comportamento dos UAPs, também levantou questões sobre as limitações da percepção humana e até a possibilidade de dimensões espaciais superiores. Na ausência — até o momento — de explicações definitivas, os autores especulam que os objetos poderiam ter a capacidade de surgir e retornar a dimensões subjacentes à nossa, “previstas na matemática”.

Sua conclusão, apesar disso, foi que são necessárias pesquisas adicionais para entender plenamente as implicações dessas descobertas, com maior transparência e colaboração na coleta e análise de dados relacionados a UAPs, visando promover uma compreensão científica mais abrangente desses fenômenos enigmáticos.

Os dois pesquisadores foram entrevistados pelo grupo Sentinel News, que publicou vários de seus registros. A divulgação das filmagens, no entanto, levantou dúvidas. Vários usuários notaram que as imagens, em sua maioria, parecem ter sido captadas com câmeras de mão (às vezes parecendo até de celular), sem tripé. Além disso, em muitos casos a apresentação no artigo publicado falha em exibir uma imagem captada de um UAP associada aos dados dos sensores e outros comparativos.

Expansão de iniciativas amadoras e científicas no monitoramento de UAPs

Nos últimos anos, houve um aumento significativo nas iniciativas amadoras e científicas de monitoramento de fenômenos aéreos não identificados (UAPs), com o uso de tecnologias avançadas. Essas iniciativas, muitas vezes lideradas por entusiastas e pesquisadores independentes, vêm utilizando dispositivos como câmeras de alta resolução, radares, sensores eletromagnéticos e espectrômetros, contribuindo de forma substancial para a coleta de dados sobre UAPs.

Um exemplo recente foi a expedição realizada na Amazônia pelo pesquisador e engenheiro Rony Vernet, que revelou dados inéditos sobre UAPs no estado do Acre. Utilizando câmeras infravermelhas e outros equipamentos, Vernet registrou objetos com comportamento aéreo anômalo. Embora um dos registros tenha sido explicado, ele garante que outras manifestações continuam a desafiar as explicações convencionais. O pesquisador já opera outra instalação semelhante, apoiada em câmeras fixas, no Rio de Janeiro, inspirada num projeto internacional conhecido como Sky Hub.

Objeto capturado em vídeo por testemunha em Campo Grande (RS) deixou registro em estação de monitoramento em Nova Iguaçu (no destaque)
Objeto capturado em vídeo por testemunha em Campo Grande (RS) deixou registro em estação de monitoramento em Nova Iguaçu (no destaque)

Outro caso notável ocorreu no Rio de Janeiro, onde uma estação de monitoramento da iniciativa Mubras registrou, de forma simultânea, um objeto voador não identificado filmado por uma testemunha em solo, a quilômetros de distância. O equipamento de detecção da estação confirmou a presença do objeto no mesmo horário e local descritos pela testemunha, corroborando a veracidade do avistamento. Esses exemplos são indicativos do impacto crescente que iniciativas tecnológicas têm sobre a pesquisa de UAPs, agregando dados que antes dependiam exclusivamente de relatos oculares ou registros eventuais, não controlados.

Além disso, essas iniciativas demonstram que, além das grandes instituições científicas, há uma rede crescente de pesquisadores e amadores altamente equipados para contribuir com a evolução dos estudos científicos sobre UAPs.

O Fenômeno Hessdalen: um estudo de anos sobre luzes misteriosas

Apesar do momento positivo para o monitoramento da atividade UAP, a coleta de dados de manifestações atribuídas aos fenômeno UFO não é uma completa novidade. Um dos exemplos mais conhecidos de iniciativas científicas em torno do monitoramento de fenômenos aéreos anômalos é o estudo das “Luzes Hessdalen” na Noruega. Observado regularmente desde os anos 1980, no vale de Hessdalen, este fenômeno consiste em luzes brilhantes e flutuantes que aparecem no céu, exibindo comportamentos imprevisíveis, como rápidas mudanças de direção, permanência no ar por longos períodos e variações de cor.

Desde 1984, pesquisadores da Hessdalen Interactive Observatory conduzem estudos contínuos para entender essas luzes misteriosas. Utilizando câmeras de alta sensibilidade, radares e espectrômetros, os cientistas registraram diversos avistamentos, mas as causas precisas do fenômeno permanecem indeterminadas. As luzes demonstram comportamentos que variam de explosões rápidas de brilho a movimentos controlados, o que levou a especulações sobre origens naturais ou artificiais, como plasma, atividade geomagnética ou até mesmo interações com o solo rico em minerais.

Apesar das explicações científicas sugeridas, como interações geofísicas entre o solo e a atmosfera, o Fenômeno Hessdalen continua sem uma explicação conclusiva, mantendo-se como um dos fenômenos mais documentados e enigmáticos do mundo.

Jeferson Martinho

Jornalista, o autor é empresário de comunicação, dono de agência de marketing digital e assessoria de imprensa, publisher de um portal de notícias regionais na Grande São Paulo, fundador e editor do Portal Vigília.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

×