
Ante os problemas surgidos no passado, cientistas planejam como comunicar ao público a descoberta de vida em Marte (ou em outros corpos celestes) no futuro.
Cientistas da NASA e do Instituto SETI estão analisando a necessidade de dispor de um plano de comunicação pública de uma eventual descoberta de atividade biológica extraterrestre durante futuras missões que buscam encontrar evidências disso. Sem este plano, poderia produzir-se um vazamento errôneo de informações antes mesmo que os estudos sobre essa vida potencial pudessem ser completados.
Em 1996, antes da coletiva de imprensa oficial programada pela NASA, já haviam vazado algumas noticias sobre a existência de possíveis sinais de vida em um meteorito marciano denominado ALH84001. Isto foi devido, em parte, a conversações que um alto oficial da Casa Branca manteve com uma prostituta acerca do meteorito. Para satisfazer a crescente demanda de informação, tanto por parte da imprensa, como do público em geral, a NASA não teve outra saída senão adiantar a coletiva.
Naquela ocasião, esse adianto não supôs mais que uma mera inconveniência, porém, no caso de uma missão de retorno de amostras de Marte, poderiam surgir problemas mais graves, segundo afirmam John Rummel, responsável do Programa de Proteção Planetária de a NASA em Washington, DC, e Margaret Race, do Instituto SETI em Mountain View, Califórnia, ambos nos Estados Unidos.
“Não se ganha nada com a pressa em tornar público uma descoberta, ao contrário, há muito a perder, principalmente, a credibilidade e a confiança do público”, comenta Rummel.
Rummel afirma que seria adequado tornar públicos de maneira periódica dados brutos, sem interpretar, como, por exemplo, quanto pesa a amostra de rochas; porém haveria que esperar antes de anunciar qualquer interpretação do significado desses dados.
Depois da chegada à Terra de qualquer rocha procedente de Marte, os planos preliminares da NASA implicariam seu isolamento, posta em quarentena em um laboratório construído expressamente para tal fim. Una vez ali, seriam submetidas a diversas provas para determinar se representam alguma ameaça para a vida na Terra e, em caso de que se estimem seguras, trasladá-las a outros laboratórios para um estudo mais em profundidade.
A estratégia de comunicação deveria ressaltar os benefícios científicos da missão de retorno de amostras, sem ignorar a preocupação do público sobre um perigo biológico potencial, explica Rummel.
Já se criou um grupo de pressão cujo objetivo é evitar que uma missão deste tipo se leve a cabo, alegando sua preocupação com os riscos biológicos envolvidos. Entre estes riscos se contaria a possibilidade de que micróbios extraterrestres pudessem converter-se em uma espécie “invasiva” definitiva, podendo destruir seus homólogos terrestres e pondo em perigo os ecossistemas existentes. Qualquer micróbio marciano vivo poderia “causar dificuldades que desconhecemos” para a vida na Terra, admite Rummel.
Fonte:
New Scientist: http://www.newscientistspace.com/articl ... ne-news_rs