Bola de Fogo na Bahia

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eDDy
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Bola de Fogo na Bahia

Mensagem por eDDy »

Enigma do espaço intriga população de Santo Antônio
`Bola de fogo´ caiu do céu no meio da mata densa na zona rural, causou estrondo e queimou a vegetação

Imagem
O solo ficou calcinado onde o meteorito teria caído, mas o fogo na mata apagou sozinho

O bairro do Tabocal virou alvo de romarias de curiosos interessados em entender o `fenômeno´

Um mistério caído do céu no meio de uma mata densa na zona rural de Santo Antônio de Jesus - a 200km de Salvador - intriga os moradores analfabetos da região, os integrantes das rodas de dominó na cidade e até as mais gabaritadas autoridades policiais do município. Do lavrador que não sabe diferenciar entre o vidro elétrico de um carro e o recurso de uma nave espacial, à delegada da polícia acostumada a perseguir assaltantes em alta velocidade, mas jamais um objeto voador não-identificado, cada um tem uma opinião sobre a "bola de fogo" que provocou um estrondo ouvido em um raio de quase 1km do local do choque no meio do mato.

Durante o dia de ontem, a região no bairro do Tabocal, no Alto de Santo Antônio, virou o ponto de chegada de uma romaria pela curiosidade. Desde a madrugada, os vizinhos da área de uma baixada formada por vegetação remanescente de mata atlântica e um charco começaram a tentar chegar ao local exato da queda. Três guarnições da Polícia Militar, totalizando oito soldados e um oficial foram deslocadas, logo que o 14º Batalhão recebeu telefonemas de pessoas nervosas com o possível desastre de um avião. Nas primeiras horas depois do nascer do sol, as equipes de reportagem chegavam à região, que já tinha uma procissão de espectadores com interesses tão diversos como "encontrar ouro" ou "avistar o ET". O mais esperto de todos levou uma caixa de isopor com garrafas de água mineral gelada e não precisou de mais do que meia hora para lucrar com o calor inclemente e pequena comoção popular.

Entre todos, um sentimento comum de frustração e incertezas. Os únicos vestígios da polêmica que pairou nos ares do recôncavo baiano eram múltiplos e disformes focos de pequenos incêndios espalhados por uma área de 100m2. Mas como a repercussão do fato da noite de segunda-feira parecia não ter fim, o povo continuou chegando ao lugar. No início da tarde, já havia guias destacados exclusivamente para um rápido tour no meio de brejos e folhas de tiriricas.

Anfitrião rural - Saído veloz como um viajante do espaço da aula matutina, o estudante José Santos Sampaio Filho, 16 anos, morador da região, virou um anfitrião rural, uma espécie de curupira de bons modos, sonhando com uma descoberta de Sherlock Holmes. "A única coisa diferente foram essas pedras", deduziu, mostrando pequenas matérias calcárias que se desfaziam a um toque mais rígido dos dedos e certamente não resistiriam a um arremesso contra o chão, quanto mais enfrentar a resistência a uma entrada na atmosfera. "E tem também esse pó branco espalhado pelo chão", indicou, apontando para prosaicas cinzas de vegetação queimada.

Se os vestígios do ovni sumiram, ficaram, até com mais solidez do que qualquer Enterprise, os relatos de um susto noturno sem precedentes por aquelas bandas. Nestor Miranda das Virgens, barbicha grisalha no queixo representando seu lado de sábio ermitão e mochila nas costas representando o lado de andarilho sem rumo, era um dos mais ricos em detalhes na narrativa. "Eu estava perto do ponto de ônibus do Cajueiro. De repente, vi aquele tremendo rabo de fogo, idêntico a uma estrela. A passagem dele não durou mais do que oito segundos", relatou a cronométrica testemunha. "Amigo, clareou o mundão todo".

Moradores de casas pobres a quase 1km do local garantiram ter ouvido "um estrondo bem na hora da novela". Outros subiram nas lajes e começaram a ver fogo no meio do mato. Às 19h20 de segunda-feira, o tenente José Carlos Vaz passou a receber telefonemas no 14º Batalhão da Polícia Militar informando a possível queda de um avião no Tabocal. Só que a única caixa-preta que os policiais encontraram na área foi a da cabeça dura do aposentado Jocevaldo de Araújo Conceição, indiferente a qualquer interpretação do fenômeno que não fosse a dele própria. Por sinal, muito inusitada. "Tenho dois pensamentos: um certo e um errado. Ou foi uma nave ou foi um deslocamento de ouro", sentenciou.


***

Saga de desbravadores `masters´


Encontrar algum material precioso virou a saga de um trio de desbravadores da categoria master. O motorista Reinaldo Piropo de Oliveira, 35 anos, o frentista Aurelino Rodrigues, 39 anos, e o desempregado Gilberto de Jesus Santos, 43 anos, saíram de casa bem antes de amanhecer em busca de algum tesouro, como se procurassem o prometido pote ao final do arco-íris. Estavam jogando dominó na varanda, quando avistaram algo diferente no céu que um deles traduziu com um grito: "Ói a estrela se mudando de lugar". Depois, viram a "estrela" se partindo como chuviscos dourados e o barulho seguido de fogo no mato.

Depois de mais de 10 horas de buscas, um deles carregava como troféu o metal mais precioso que encontrara: um rolinho de fios de cobre de algum rádio abandonado. "Rapaz, a gente não achou o ouro, não. Mas encontramos uma fonte de água que é uma beleza", vibrou o refrescado Aurelino Rodrigues.

No meio das cinzas e de algumas árvores consumidas em chamas bem ao lado de trechos de vegetação intacta, um homem identificado como "o engenheiro do Crea" Adelmo Pinheiro resolveu recolher uma pedra para inspeção. Garantiu aos habitantes que o circundavam que se tratava de um pedaço do provável meteorito. Logo depois, saiu rapidamente dirigindo o veículo modelo Chevette - que no modelo evolutivo da aerodinâmica automobilística estaria mais para um ferro-velho intergalático do que para uma Endeavour - avisando que com a chegada da imprensa "a coisa tinha sujado". Enquanto isso, Antônio Nascimento de Jesus fazia previsões cataclísmicas de fim de mundo e toda a sorte de desastres naturais apocalípticos. "Não é desfazendo de mim, nem desfazendo de Jesus Cristo, não. Mas um negócio desses aí eu não vinha espiar logo, não. Esperava primeiro os repórtis (sic) e os polícia (sic) chegar (sic)".


***

Superstição e ignorância


Só que a queda de um ovni em uma área distante da sede, onde a superstição e a ignorância se encontraram, onde pousaram ao mesmo tempo misticismo e fanatismo, logo colocou Santo Antônio no mapa do exótico. Primeiro, foi a rádio Andaiá, que noticiou sem alarde. Depois, televisões da capital e, na velocidade de uma viagem interestelar pela internet, logo a imprensa do Brasil todo estava atrás de uma novidade. "Para você ver algo que nunca aconteceu, o jornal O Globo ligou pra mim hoje querendo saber de informações", exultou o tenente José Carlos Vaz, de sua sala no 14ºBPM, que de QG de operações militares virou central de notícias.

O delegado-chefe da Polícia Civil baiana, Edemilson Nunes, procurou a coordenadora de polícia de Santo Antônio, Rogéria da Silva Araújo, para saber de informações sobre o caso. Entre a supervisão de um roubo de carro, com refém, e o atendimento à "mídia de São Paulo", ela respondeu pelo celular que o caso ainda não estava completamente solucionado. "É importante que a gente dê prosseguimento à investigação, levando dados para o pessoal da universidade, para que eles possam responder com mais precisão o que houve", justificou a delegada Rogéria. "Afinal, a população está meio tensa com essa história".

No final da tarde, o coordenador de astronomia do Observatório Antares, ligado à Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Gemicrê Nascimento, não precisou visitar o local para concluir que o fenômeno foi um meteorito. "Era um objeto com pouco mais de 10cm de diâmetro, deslocando-se a 30km por segundo, em uma temperatura de mais de 8000C", definiu Nascimento, que revelou ter sido muita sorte da população o fato do meteorito não ter caído em zona urbana. "Apesar de muito pequeno, poderia provocar estragos enormes", garantiu.

O ufólogo Emanuel Paranhos Correia também acha que foi meteorito ou lixo espacial. "Só de satélites abandonados pela Rússia são mais de 900", alerta Paranhos, integrante do grupo UfoBahia, que reúne todos os estudiosos do tema no estado. Os astrônomos consideram que pelo menos seis mil meteoritos se chocam com a superfície da Terra todos os dias, só que muitos deles não passam do tamanho de um grão de arroz.

Aparentemente, todo o mistério ficou solucionado com a versão de que uma pedra, não muito maior do que um punho fechado, tinha provocado todo o rebuliço. Certamente, as histórias devem continuar, produzindo uma nova mitologia cósmica nas paragens do recôncavo. "Uma coisa positiva dessa história toda foi a chuva. Parece que ela veio junto com essa bola de fogo. Tem uns 20 dias que não caía uma gota aqui em Santo Antônio", comemorou, de forma humorada, o tenente José Carlos Vaz, apontando para densas e escuras nuvens de chuva no horizonte do fim de tarde. Só que nem uma enxurrada parece ser suficiente para jogar água na imaginação em chamas da população da região.

Texto correiodabahia
Britan
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Mensagem por Britan »

Bom texto faz lembrar o fenomeno de Tunguska
http://www.anozero.blogspot.com
(actualizado, com nova imagem novas funcionalidades, inclui feeds)
eDDy
Moderador
Mensagens: 1421
Registrado em: 26 Dez 2005, 12:01

Mensagem por eDDy »

ricardo_britan escreveu:Bom texto faz lembrar o fenomeno de Tunguska
Sim mas la me parece q a ''coisa'' foi mais feia. O.O
Alexandre
Moderador
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Mensagem por Alexandre »

Calma pessoal!! Nada além de um meteorito!! 8)