Estudo avalia liberdade e preconceitos para o estudo de UAPs no meio acadêmico

Estudo avalia liberdade e preconceitos para o estudo de UAPs no meio acadêmico
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Um estudo publicado por pesquisadores da Universidade de Louisville na prestigiosa revista Nature, no último dia 1 de agosto de 2024, apresentou uma ampla análise do pensamento acadêmico acerca dos fenômenos UAP/UFO na atualidade.

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No artigo “Academic freedom and the unknown: credibility, criticism, and inquiry among the professoriate” (Liberdade acadêmica e o desconhecido: credibilidade, crítica e investigação entre o corpo docente), Marissa E. Yingling e Charlton W. Yingling, da Universidade de Louisville, exploram como o estudo de fenômenos aéreos anômalos (UAPs) é percebido dentro da academia americana. O estudo utilizou uma pesquisa confidencial para analisar a percepção de 1.460 professores de 14 disciplinas em 144 universidades de pesquisa sobre a credibilidade, o risco de estigma e as possíveis repercussões profissionais associadas ao estudo de UAPs.

“Sem conclusões sobre o que os desenvolvimentos recentes significam, ficamos curiosos sobre como os colegas de todas as disciplinas — que no conjunto permaneceram esmagadoramente quietos sobre este tópico — viam esses desenvolvimentos para a academia”, descrevem os pesquisadores na introdução do artigo.

Segundo o artigo, o trabalho ponderado de um grupo muito pequeno de acadêmicos credenciados contrasta com os tabus contra o UAP. Além dessas exceções, “o corpo docente perdeu a análise deste tópico para outras vozes. Sinais não ditos e autocensura dizem que nós — acadêmicos — literalmente não devemos gastar nosso tempo sério para ler ou pensar sobre isso. Tais atitudes persistem apesar dos relatórios e legislações recentes”, acrescentam.

Em maio de 2023, os Yingling, junto com a colega de universidade Bethany A. Bell, já haviam publicado na mesma Nature um estudo usando a mesma base de entrevistados que apurou as “Percepções do corpo docente sobre fenômenos aéreos não identificados“. Naquela época, eles pediram que os participantes que avaliassem um artigo do New York Times de 2017, “porque ele recebeu ampla atenção, abriu um diálogo mais público sobre UAP”, o mais recente relatório do Pentágono (à época) e a emenda UAP bipartidária à NDAA.

As respostas para o nível de curiosidade dos acadêmicos acerca do assunto UAP/OVNI foi bastante diversificada: 17,19% dos acadêmicos não estavam curiosos, 25,41% estavam ligeiramente curiosos, 25,34% moderadamente curiosos, 16,78% muito curiosos e 15,27% extremamente curiosos. A segunda pergunta inquiriu sobre a frequência com que os participantes ouviram notícias sobre UAPs nos últimos anos: 6,3% nunca ouviram, 30,27% raramente, 48,7% ocasionalmente, 9,86% frequentemente e 4,59% muito frequentemente. A terceira questão examinou a frequência com que os acadêmicos procuraram notícias sobre UAPs: 42,88% nunca buscaram, 31,78% raramente, 19,32% ocasionalmente, 3,56% frequentemente e 2,19% muito frequentemente.

Claramente, preocupações com a ridicularização

No novo artigo publicado, os resultados mostram uma complexa relação entre o interesse acadêmico e o medo de repercussões. Apenas 7,4% dos entrevistados disseram que votariam negativamente em um colega por pesquisar UAPs, enquanto 61,92% responderam que não votariam contra, e 27,95% indicaram incerteza. No entanto, mais da metade dos participantes (52,67%) expressaram algum nível de preocupação com relação a possíveis impactos negativos na promoção ou obtenção de estabilidade no emprego. Além disso, 69,04% dos acadêmicos manifestaram preocupação com o ridículo que poderiam enfrentar ao abordar o tema, sugerindo que o medo de estigmatização é mais social do que profissional.

Quanto à capacidade de suas disciplinas para avaliar a evidência ou significância dos UAPs, 66,24% dos professores acreditam que suas áreas de estudo poderiam contribuir, pelo menos em parte. Os campos que mais se consideram aptos para essa análise incluem física (95,82%), filosofia (88,73%), antropologia (87,09%) e engenharia (83,15%). Em contraste, disciplinas como economia (59,7%), literatura/inglês (54,46%), enfermagem (53,33%) e arte e design (51,52%) foram as que mais frequentemente relataram não ter capacidade para avaliar os fenômenos.

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O estudo também revelou que, embora a física seja a disciplina mais confiante em sua capacidade de avaliar UAPs, uma significativa proporção de seus professores (74,3%) expressou preocupações sobre o ridículo associado à pesquisa nessa área. As respostas abertas dos participantes foram categorizadas em 14 temas, abordando desde a importância da transparência até o desejo de um maior envolvimento acadêmico no estudo de UAPs.

Esse trabalho destaca a complexidade e o desafio de estudar temas estigmatizados, como os UAPs, dentro do ambiente acadêmico, sugerindo que o medo de reações negativas pode ser um fator significativo que impede uma exploração mais aberta e ampla do assunto. Em um momento em que a atenção pública e governamental para os UAPs está crescendo, como evidenciado por recentes audiências no Congresso dos EUA e iniciativas da NASA, o estudo de Yingling e Yingling sugere que o papel da academia na análise desses fenômenos é tanto relevante quanto necessário.

Conclusão mostra curiosidade intelectual

A pesquisa indicou que a revelação de que os UAPs (fenômenos aéreos não identificados) são de origem extraterrestre ou de uma inteligência desconhecida teria um impacto profundo na ciência. Mais de 56% dos acadêmicos entrevistados relataram que tal descoberta seria “Muito Importante” ou “Absolutamente Essencial” para teorias e conhecimentos, enquanto 39,38% afirmaram que teria essa importância para suas disciplinas específicas.

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Aproximadamente metade dos professores de economia (49,26%), engenharia (49,44%), enfermagem (48,89%) e sociologia (47,94%) consideram a importância para teorias e conhecimentos como “Muito Importante” ou “Absolutamente Essencial”, e a maioria dos docentes de outras disciplinas compartilhou dessa visão. Em particular, a maioria dos professores nas áreas de antropologia, biologia, filosofia, física e estudos religiosos classificou a importância para suas disciplinas como “Muito Importante” ou “Absolutamente Essencial”.

A percepção da importância variou dependendo do interesse dos professores em conduzir pesquisas relacionadas aos UAPs: os interessados mais frequentemente selecionaram “Muito Importante” (39,49% contra 36,12%) ou “Absolutamente Essencial” (30,98% contra 11,67%) para teorias e conhecimentos, e “Muito Importante” (34,96% contra 22,25%) ou “Absolutamente Essencial” (20,83% contra 7,16%) para suas disciplinas.

O estudo fornece uma visão valiosa sobre as atitudes dos acadêmicos em relação ao estudo de fenômenos anômalos, destacando uma desconexão entre o interesse intelectual e o medo de estigmatização. Apesar dos receios dos acadêmicos, os pesquisadores identificaram que claramente há mais espaço para pesquisa acadêmica séria sobre o tema UAP. E, neste contexto, a discussão sobre a liberdade acadêmica, o papel da academia e a importância de abordar questões controversas com seriedade científica são centrais para entender as dinâmicas acadêmicas contemporâneas em torno do fenômeno.

Redação Vigília

2 comentários sobre “Estudo avalia liberdade e preconceitos para o estudo de UAPs no meio acadêmico

  1. Marissa E. Yingling e Charlton W. Yingling, os pesquisadores mencionados no início da matéria 😉 Eles têm lidado com o tema em alguns artigos. O artigo que mencionamos agora aparentemente é uma continuação do estudo que começaram há alguns anos e para o qual já tinham dados para abordar de forma segmentada, sob outras perspectivas, meses atrás.

  2. No texto, diz: “Em maio de 2023, os Yingling, junto com a colega de universidade Bethany A. Bell, já haviam publicado…” – o que são esses “Yingling”? Obrigado

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