Estudo explora conexão entre testes nucleares e movimentação de UAPs na órbita da Terra

Um novo estudo, assinado pelos pesquisadores Stephen Bruehl e Beatriz Villarroel, foi publicado como pré-impressão (preprint) no repositório Research Square em 25 de julho de 2025, investigando possíveis associações entre os chamados “transitórios” (objetos semelhantes a estrelas de origem desconhecida observados no primeiro Palomar Observatory Sky Survey – POSS-I antes do lançamento do Sputnik), testes nucleares e relatos de Fenômenos Anômalos Não Identificados (UAPs).
Beatriz Villarroel recentemente viu-se no centro de uma polêmica declaração do colega mergulhador Dennis Åsberg, que afirmou ter tido acesso a dados preliminares da cientista capazes da mudar completamente nosso entendimento do universo e que estavam “dando dor de estômago aos cientistas”. A propósito: o mergulhador apagou seu post original. O único rastro que resta é sua declaração publicada na matéria anterior do Portal Vigília.
Important Announcement: I’ve just received some data that is so incredible, I’m at a loss for words. I wish I could share everything right now, but it has to come from the right source. Stay tuned!@DrBeaVillarroel #uaptwitter #ufotwitter #uapX #UFO pic.twitter.com/v1BdhCUuea
— Dennis Asberg (@dennis_asberg) July 20, 2025
Anúncio importante: Acabei de receber dados tão incríveis que estou sem palavras. Gostaria de poder compartilhar tudo agora, mas precisa vir da fonte certa. Fiquem ligados!
É crucial destacar que o recém liberado documento, por ser uma pré-impressão, é um relatório preliminar que não passou por revisão por pares e suas descobertas não devem ser consideradas conclusivas, nem referenciadas pela mídia como informação validada, segundo os próprios autores.
A pesquisa de Villarroel explorou a relação estatística entre os transitórios pré-Sputnik (primeiro satélite a ser colocado em órbita da Terra, da extinta União Soviética), os testes de bomba atômica e avistamentos históricos de OVNIs. Foram pesquisados cerca de 100.000 objetos semelhantes a estrelas que foram identificados em imagens digitalizadas publicamente disponíveis do levantamento POSS-I, definidos como pontos brilhantes presentes em uma imagem, mas ausentes em imagens anteriores ou posteriores, e durando menos de 50 minutos (o tempo de exposição).
Os resultados revelaram, segundo os pesquisadores, associações estatisticamente significativas. Por exemplo, os transitórios foram “45% mais propensos a serem observados” em datas que coincidiam com uma janela de teste nuclear (o dia do teste mais ou menos um dia). O estudo também encontrou uma correlação positiva e significativa entre o número total de transitórios e o número total de relatos independentes de UAP por data, indicando que para cada UAP adicional relatado em uma dada data, havia um aumento de 8,5% no número de transitórios identificados.
Investigamos se os transientes pré-Sputnik se correlacionam estatisticamente com testes de bombas atômicas e avistamentos históricos de OVNIs. A resposta? Sim — para ambos.
Happy to share a new preprint by Steve Bruehl and me.
We investigate whether pre-Sputnik transients statistically correlate with atomic bomb tests and historical UFO sightings. The answer? Yes — to both. https://t.co/5fuMBPFEu2(P.S. No, this is NOT the study you’re all… pic.twitter.com/6tgV1xNKPL
— Beatriz Villarroel (@DrBeaVillarroel) July 25, 2025
A mecânica do estudo e a relação com testes nucleares
Não estão dizendo que são aliens, mas…
Os autores admitem que, embora os achados não indiquem definitivamente a natureza dos transitórios nem impliquem relações causais, eles apoiam a hipótese especulativa de que alguns transitórios podem ser “objetos artificiais tanto em órbitas de alta altitude ao redor da Terra quanto em altas altitudes dentro da atmosfera”, atraídos por armas nucleares, uma vertente conhecida do folclore UAP.
Além dessa hipótese, os cientistas também debatem uma mais prosaica, embora igualmente especulativa: a possibilidade de um fenômeno atmosférico inesperado, desencadeado por detonações nucleares ou relacionado a precipitações radioativas, que serve como estímulo para alguns relatos de UAP e aparece como transitórios nas imagens astronômicas. Contudo, isso seria mais provável de causar “rastros” e não “fontes pontuais” como os transitórios são observados.
“Esquenta” de uma revelação UAP ou prenúncio de uma decepção?
A publicação deste estudo, de coautoria da renomada astrônoma Beatriz Villarroel, surge em um momento de intensa especulação na comunidade ufológica, impulsionada por um enigmático anúncio feito dias antes pelo mergulhador sueco Dennis Åsberg, cofundador do grupo Ocean X.
Åsberg, conhecido por ter participado da descoberta da Anomalia do Mar Báltico, declarou que Beatriz Villarroel teria feito uma descoberta “absolutamente avassaladora” que “talvez não devesse ser revelada à humanidade”. O frenesi nas redes sociais, que culminou em diversas interpretações apontando para uma conexão direta com a célebre Anomalia do Mar Báltico, foi alimentado pela falta de evidências concretas ou detalhes técnicos por parte de Åsberg.

No entanto, a ligação entre o estudo de Villarroel e as grandiosas declarações de Åsberg parece ser tênue, possivelmente gerando uma decepção para aqueles que esperavam uma revelação bombástica.
A própria Beatriz Villarroel, em uma postagem em sua rede social datada de 25 de julho de 2025, pareceu antecipar essa desilusão ao afirmar:
“Não, este NÃO é o estudo sobre o qual todos estão a pensar”.
Como já informava matéria anterior do Portal Vigília, a prometida revelação bombástica de Villarroel provavelmente não terá relação com a anomalia, mas ainda assim, como nota-se por suas próprias manifestações nas redes sociais, parece estar associada ao fenômeno dos UAPS/OVNIs.
Apesar disso, a divulgação de seu novo artigo, com sua natureza preliminar e cautelosa deve levar alguns observadores a especularem que a divulgação deste trabalho de pesquisa serve, na verdade, como uma estratégia de “esquenta” para manter o interesse em alta, preparando o terreno para a eventual revelação de um paper mais impactante, este sim, alinhado com as sugestões dramáticas de Dennis Åsberg.
Enquanto isso, surfando o buzz que ele mesmo gerou, Åsberg prometeu que o “mistério da Anomalia do Mar Báltico será finalmente desvendado” até o final de 2025, com o apoio da Society for UAP Studies (SUAPS), que promete consultoria científica e supervisão ética.
Resta saber alguma destas prometidas “descobertas que não deveriam ser reveladas à humanidade”, como classificou Åsberg, trarão algo de concreto, seja no fundo do Báltico ou no vácuo do espaço.