Benitez confunde buraco de cerca com marca de UFO, afirmam pesquisadores

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“Se fosse eu, diriam que eu estaria sendo irresponsável, inconseqüente e oportunista”. A frase é do advogado e ufólogo Ubirajara Franco Rodrigues, referindo-se à declaração do jornalista e escritor espanhol Juan Jose Benitez, de que teria encontrado provas conclusivas do pouso de um UFO em Varginha, Minas Gerais.

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Para Ubirajara e outros pesquisadores que há dez meses estão investigando o caso, o que JJ Benitez descobriu não foram nada mais que buracos feitos com cavadeira manual.

Na sua passagem pelo Brasil, para promover o lançamento do 5º volume da sua popular série “Operação Cavalo de Tróia”, o escritor espanhol deixou um rastro de críticas e mágoas. Ele esteve em Varginha no dia 12 de novembro, para visitar os locais onde os ufólogos brasileiros afirmam que o Exército capturou pelo menos quatro EBEs (Entidades Biológicas Extraterrestres, no jargão da Ufologia).

Em entrevista exclusiva ao repórter Eduardo Castor Borgonovi, da Agência Estado, Benitez afirmou que passou por Varginha por curiosidade e que “não tinha nenhuma esperança de encontrar algo”. Contudo, dias depois, fez a grande revelação: “encontrei três marcas muito interessantes no solo, bastante profundas, num terreno dificil de perfurar”.

O local apontado por Benitez é próximo ao ponto onde testemunhas relataram ter presenciado o Exército e o Corpo de Bombeiros capiturando a primeira criatura. As perfurações, cilíndricas, uma com cerca de 24 centímetros de diâmetro e 20 de profundidade e outra com 20 centímetros de diâmetro e 18 de profundidade, formavam um triângulo retângulo com uma terceira marca, com 40 centímetros de diâmetro e menos profunda. Dois lados do triângulo mediam 9 metros e o terceiro, maior, 11 metros. No centro desse triângulo o escritor encontrou o que chamou de “pedras queimadas, insetos calcinados e uma árvore próxima completamente seca, desidratada”.

Mais adiante, na entrevista ao repórter da AE, Benitez disparou: “alguma coisa aconteceu lá. Houve o pouso de uma nave. Mas não acredito que tenham capturado as criaturas. Estas marcas são uma novidade. Ninguém as havia encontrado ainda. Ninguém sabia delas”.

Inspeção de especialistas
A declaração causou polêmica na comunidade ufológica. Perplexo, o ufólogo Ubirajara, que mora em Varginha, junto com o engenheiro Claudeir Covo e o ufólogo Vitório Pacaccini, outros dois pesquisadores que investigam o caso desde o princípio, visitaram, no dia 24 de novembro, o local descrito por JJ Benitez. A vistoria foi acompanhada pelo agricultor Daurio do Monti Lima Silva, que é físico licenciado pela Universidade Federal de Minas Gerais, e o engenheiro civil José Biscaro Jonas, formado pela Universidade Federal de Itajuba (MG).
Para surpresa de todos, o que encontraram no local foram dois buracos feitos por cavadeira manual e um terceiro, maior, que deveria ter abrigado um cupinzeiro. “Ficamos boquiabertos, sem poder entender as razões para JJ ter tomado esta atitude”.

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Os dois especialistas presentes formularam até um laudo explicando a a conclusão. E talvez isso nem fosse preciso. Segundo Ubirajara, “são visíveis os montes de terra ao lado dos buracos”, mostrando que a terra foi tirada e depositada ali mesmo.

O ufólogo Claudeir Covo, que jantou com Benitez dois dias depois que o escritor esteve em Varginha, garantiu que o terreno todo está queimado, e não apenas na área do triângulo. “E a árvore que Benitez descreve, realmente está lá. Foi queimada em um dos lados, mas numa queimada normal, como é comum os agricultores praticarem na região. E ainda assim está viva, com folhas verdes”, revelou Covo.

Crédito pela experiência
“Eu dou crédito a ele (Benitez). Ele tem 50 anos anos e o Ubirajara ,40. E Benitez tem muito mais experiência que o Ubirajara”. Assim analisou o ufólogo “iniciante” –como se define– Tadeu Pinto Mendes, desenhista e morador de Varginha, que junto a outro pesquisador, Aníbal Albuquerque, acompanhou JJ Benitez em sua incursão pela cidade. O contato entre eles e o escritor foi intermediado pela Editora Mercuryo, que está publicando o livro Operação Cavalo de Tróia 5 no Brasil.
Segundo Mendes, os ufólogos que investigam o caso desde o princípio não foram chamados a pedido do próprio escritor. “Ele (Ubirajara), até está meio de cara virada comigo porque eu não o avisei”, revelou Mendes, que disse conhecer do caso Varginha apenas o que leu em revistas ou viu na televisão.

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Benitez “exagerou um pouco quanto à história dos insetos”, avaliou Mendes, desacreditando que os restos pudessem se conservar durante dez meses ao relento. Mas em sua opinião, o pouso “está mais para ser verdade do que não ser”.

Confessando seu espanto na ocasião, o desenhista relatou: “depois que Benitez encontrou as marcas, o escritor me olhou como quem pergunta: ‘como vocês não tinham encontrado isso antes’. Daí eu nem esperei e fui logo respondendo: mas eu sou iniciante”.

Guerra de gigantes
Sem argumentos mais sólidos, e na expectativa da análise da amostra de solo que Benitez incluiu na bagagem, Mendes contesta a afirmação de Ubirajara quanto ao buraco de cavadeira: “essa informação é falsa”, diz.
O fato é que o suposto pouso descoberto por Benitez não agradou nem um pouco aos pesquisadores da Ufologia brasileira. “Infelizmente, houve um engano”, pondera Claudeir Covo.

“Podíamos até estar nos aproveitando disso para dar mais visibilidade ao caso, mas estamos desenvolvendo uma pesquisa séria. Em nome dessa seriedade, não podemos afirmar que realmente foi um pouso”, alfinetou Ubirajara.

Eduardo Mondini, presidente do CEPEX, de Sumaré (SP), e pesquisador que também acompanha o caso desde o princípio, foi mais incisivo. “Além de se precipitar, Benitez está querendo depreciar a imagem dos ufólogos brasileiros, dando a entender que somos incompetentes. Ele não pode falar de algo que não conhece”, diparou.

Verdade ou não, os achados de Benitez e os dados que colheu em duas horas de pesquisa em Varginha, segundo o escritor contou a Claudeir Covo, resultaram em material suficiente para um capítulo inteiro dedicado ao mais polêmico caso brasileiro no novo livro que pretende escrever sobre Ufologia.

Redação Vigília

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