Caieiras (SP): queda de óvni, meteorito ou uma sucessão de coincidências?

Caieiras (SP): queda de óvni, meteorito ou uma sucessão de coincidências?
Caieiras: queda de óvni na mata? (imagem ilustrativa - Imagem de <a href="https://pixabay.com/pt/users/kalhh-86169/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=2572375">kalhh</a> por <a href="https://pixabay.com/pt/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=2572375">Pixabay</a>)
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A cidade de Caieiras, na Grande São Paulo, com 102 mil habitantes, vive um mistério: o que teria caído na mata na noite de 13 de junho de 2022? Um meteorito? Um óvni? Ou tudo tratou-se apenas de uma enorme sucessão de fatos isolados e boatos que culminaram na formulação de mais um misterioso caso ufológico?

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Naquela noite, entre 20h e 21h, aproximadamente, alguns moradores da região do Alambique, na divisa com o bairro de Morro Grande, que abrange uma grande área de mata, ouviram um forte estrondo que parecia vir da área inabitada. Alguns deles acionaram a Polícia Militar pensando tratar-se de uma queda de uma aeronave.

Região do Morro Grande, em Caieiras (Fonte: Google Maps)
Região do Morro Grande, em Caieiras (Fonte: Google Maps)

Rapidamente, perfis e páginas noticiosos da cidade, blogs e usuários em geral começaram a comentar o episódio. A página de Facebook “Caieiras – SP Aqui se fala a verdade II” foi um dos primeiros a dar o alerta. Inicialmente o episódio era tratado como queda de uma aeronave.

Nas mesmas postagens que alertaram a ocorrência, logo começaram a surgir alguns relatos de supostas testemunhas de uma luz aparentemente caindo na mata, além de mais testemunhos do estrondo. A chegada de um helicóptero vasculhando a região — provavelmente o Águia, da Polícia Militar — deu início à publicação de novos vídeos, indicando uma varredura na área. Alguns desses vídeos foram captados por moradores bem próximos do local. Defesa Civil e Guarda Municipal confirmaram terem se dirigido à região para, em primeira mão, relatarem que nada havia sido encontrado.

O Corpo de Bombeiros, que vários comentários diziam ter sido acionado, através de sua conta oficial no Twitter (BombeiorosPMESP) negou qualquer ação na região. Mas a resposta oficial apenas ajudou a espalhar ainda mais a notícia e dar início ao ar de mistério em torno do episódio. Os comentários perguntando sobre o que realmente se tratava começaram a se intensificar.

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Foi a partir daí que a coisa começou a ficar estranha. O episódio, que já estava repleto de imprecisões e relatos com horários divergentes, por vezes nem parecendo se tratar do mesmo fato, ganharia ares de conspiração no dia seguinte, com a divulgação da mesma página “Caieiras – SP Aqui se fala a verdade II” de um vídeo de morador mostrando um comboio do Exército Brasileiro.

Um total de seis caminhões, cinco deles com as capotas abertas mostrando soldados sendo transportados, e um sexto, fechado, seguidos por uma ambulância da corporação, teriam passado pela cidade, no bairro de Laranjeiras, relativamente próximo ao local da suposta queda.

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A notícia caiu como uma bomba. Nas diversas postagens sobre o tema que já se espalhavam pelas redes sociais, muitos internautas questionavam a possibilidade de um acobertamento patrocinado pelas Forças Armadas. Não demoraram a aparecer comparações entre os fatos de Caieiras e o episódio de Magé, no Rio de Janeiro, onde algumas pessoas relataram terem visto luzes noturnas, pouco antes de uma explosão, numa região de propriedade da empresa fabricante de armas IMBEL. E helicópteros, claro, perseguindo as luzes ou vasculhando a área.

Houve até quem comparasse o ocorrido em Caieiras ao Caso Varginha. Algumas testemunhas disseram saber que o Exército teria “ocupado” um imóvel na cidade, nas proximidades da suposta queda. “Todo mundo sabe”, disse um usuário do Facebook. Quando a equipe Vigília perguntou se a testemunha viu pessoalmente, relatou apenas que viu no “jornal local”.

A informação completa é que tratar-se-ia de um imóvel da operadora Vivo, no bairro de San Diego. O bairro fica mais próximo do centro do que da região da suposta queda. E ninguém tinha um registro dessa suposta movimentação do Exército ocupando o tal imóvel na cidade. Sequer de caminhões parados no entorno. Apenas os caminhões cruzando velozmente o município.

A chegada dos Ufólogos a Caieiras

Enquanto nos veículos de mídia tradicionais não houve qualquer menção ao “óvni de Caieiras”, além das páginas noticiosas e de entretenimento local nas redes sociais, a sucessão de eventos atraiu a atenção de grupos de ufologia que passaram a investigar a ocorrência.

Um desses grupos vem se destacando na tentativa de esmiuçar o caso: o Grupo de Estudos e Pesquisas Ufológicas Rio Preto (GEPURP). Em um longo relato publicado em sua página oficial (veja clicando aqui), o grupo que conta com mais de 140 membros apresenta o cenário apurado por três de seus integrantes (sem citar nomes) que moram na região.

“Na região de Caieiras – SP temos 3 membros que moram na região e conhecem bem, todos em processo de investigação. Por isso relatório vai apresentar novidade colhidas até agora às 22:10 (18/06/2022) [nota do editor: posteriormente atualizado em 19/06]. Devido à grande repercussão envolvendo até o exército, as testemunhas do fato pediram sigilo e assim respeitaremos”, explica o grupo.

Os pesquisadores do GEPURP foram os primeiros a notar a divergência dos horários nos relatos. E foram os primeiros a divulgar de forma um pouco mais consistente relatos de avistamentos de objetos voadores não identificados antes das 22h. De fato, como a reportagem do Portal Vigília apurou (acima), as notícias locais sobre a explosão no dia 13 começaram a circular já pouco depois das 21h).

Uma testemunha identificada pelo grupo como M.S. (os nomes foram preservados na publicação) informou que “a queda do objeto principal ocorreu às 20:00 do dia 13/06”. Na maioria dos casos as luzes assumiram um formato de bólido avermelhado.

Pelo menos cinco testemunhas localizadas pelos pesquisadores relataram ter observado objetos logo antes da suposta queda. Embora no relatório os horários de observação de cada uma destas testemunhas não estejam precisos, pelo menos duas delas alegaram ver não um, mas dois objetos em direção à região da mata. Segundo um dos relatos recebidos pelo GEPURP, um dos objetos teria caído “ao lado da serra” e outro seguiu em direção ao “Ovo da Pata”, uma ampla região de mata pouco mais adiante.

A ocorrência de seres estranhos

O relatório do GEPURP também apresenta de forma mais detalhada e estruturada outro boato que já circulava entre os comentários das primeiras publicações locais sobre a ocorrência em Caieiras: a de que duas criaturas, de aspecto humanoide, teriam sido observadas nas proximidades do local da suposta queda.

O grupo de Rio Preto informa que foi contatado por uma testemunha (novamente, a pedido, identificada apenas pelas iniciais P.O.) que, junto a um amigo, teria observado a queda e prontamente corrido em sua direção.

“…assim que chegou ao local, viu um grande fumaceiro como uma névoa e ficou receosa, só de longe buscando ver algo, quando apareceram duas pessoas correndo de modo estranho, como se estivessem deslizando em uma esteira. Um deles de altura comum, com uma tatuagem enorme no braço, e outro enorme, com mais de 2 metros o ajudando”, conta o relato.

Segundo a testemunha, o ser maior estava vestindo uma roupa clara e algum tipo de sobretudo “que parecia uma capa prateada clara”.

Não há detalhes sobre a qual distância eles estavam, ou de onde veio a luz para identificar a tal tatuagem, mas a testemunha teria informado que minutos após o encontro, “um grupo de soldados usando um tipo diferente de farda estranha” subiu a mata na mesma direção dos dois seres. E chamou a atenção das testemunhas “um tipo de bastão (ou lanterna) de cor vermelha que deixava tudo bem claro e destacado à frente de onde iam (os supostos soldados)”. Os pesquisadores destacaram que, infelizmente, as testemunhas não pensaram em registrar em vídeo o episódio.

Uma resposta oficial do Exército

O Portal Vigília conversou com o coordenador geral do GEPURP, Wagner Macedo, que autorizou a publicação das informações apuradas pelo grupo.

Macedo foi que avisou a reportagem acerca do resposta do Exército em atenção à consulta que o GEPURP fez à Força Armada sobre o episódio. A nota foi publicada na íntegra na página do grupo no dia 1 de julho:

“Em atenção à solicitação formulada por meio de mensagem eletrônica, o Comando Militar do Sudeste informa que no dia 14 de junho de 2022, o Exército Brasileiro não realizou nenhuma operação militar na cidade de Caieiras (SP). Tendo em vista a cidade de Caieiras estar na rota entre a capital paulista e a cidade de Jundiaí, onde há Unidade Militar do Exército, o tráfego de viaturas ocorre eventualmente em deslocamentos administrativos entre estas cidades.”

Uma resposta similar foi oferecida pelo Exército a um veículo local – o Regional News  – poucos dias antes. Contestando a resposta protocolar, Macedo garante que os relatos levantados pelo GEPURP contêm o “testemunho público desmentindo eles [o Exército]”.

“Como previsto negaram qualquer operação no local mesmo com dezenas de testemunhas falando o contrário”, disse o coordenador do GEPURP.

Desde que a história começou a ser divulgada, o tema Ufologia parece efervescer na região. Agora os moradores começaram a ver — ou simplesmente a reparar — a passagem de helicópteros pela região. A busca na Internet mostra que eles já eram comuns por lá até em casos de incêndio na mata.

E mesmo com dezenas de relatos, as imprecisões, divergências de horários e a falta de registros em foto e vídeo — além do que poderia ser considerado mera coincidência — provavelmente vai demandar dos pesquisadores ainda um intenso trabalho na separação do que é fato e o que é boato no episódio de Caieiras.

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Redação Vigília

Um comentário em “Caieiras (SP): queda de óvni, meteorito ou uma sucessão de coincidências?

  1. Todo mundo anda com um Smartphone com câmera os caras dizem ir ao suposto local da queda nao tiram uma foto ou filmam algo, sinceramente nao acredito no relato deles!

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