Casimiro de Abreu: uma cidade marcada pelo fenômeno óvni

Algumas cidades em especial têm uma curiosa e intrigante ligação com a Ufologia e o fenômeno óvni. No Brasil, a pequena cidade de Casimiro de Abreu, no Rio de Janeiro, ocupa um lugar de destaque nesta lista. O município já foi palco de um encontro marcado com supostos “jupiterianos” para quase 30 mil pessoas e lugar de um dos mais incríveis registros de UFOs de todos os tempos.

Casimiro de Abreu fica no interior do Estado do Rio de Janeiro, no Brasil, distante 140 km da Capital. Foi oficialmente emancipada como município em 1890, mas sua origem remonta o extermínio dos povos goitacás desde o início da dominação portuguesa na região, no século XVII.

Localizada a uma altitude de 17 metros, a cidade que leva o nome de seu filho ilustre, o poeta Casimiro de Abreu, é atravessada pela Rodovia BR-101 e tem uma população estimada de pouco mais de 45 mil habitantes. Tinha bem menos, 22 mil, quando entrou para a história da Ufologia, em 1980. Ela e a BR-101, principal rodovia do norte do Estado do Rio de Janeiro.

No dia 8 de março de 1980, milhares de pessoas, moradores locais e de fora, convergiram a cidade para acompanhar a prometida aparição de um disco voador, supostamente proveniente de Júpiter, que pousaria em uma fazenda local. Era a história de um homem, chamado Edílcio Barbosa, autodenominado como “Mensageiro de Júpiter”.

O incidente foi eternizado no documentário curta-mensagem “Efeito Casimiro”, da diretora Clarice Saliby, lançado em dezembro de 2013. Recentemente o caso foi também resgatado em episódio do PodCast Ufologia e Ideias.

O que aconteceu exatamente naquela noite

As estimativas variam, mas falam em 10 mil, 20 mil e até 30 mil pessoas — incluindo imprensa e órgãos internacionais — esperando no entorno da fazenda Nossa Senhora da Conceição, a 10 km do centro, pela chegada de um disco voador e seus tripulantes. O anúncio teria sido feito por Edílcio Barbosa diretamente ao então prefeito da cidade, Célio Sarzedas, que mobilizou outras autoridades.

“Célio Sarzedas declarou que acredita desacreditando no pouso da nave, mas está em alerta para qualquer acontecimento”, explicava um jornal local à época.

O evento mobilizou a imprensa nacional e internacional, órgãos públicos como a Defesa Civil do Estado, Polícia, Exército e algumas fontes citam até pesquisadores da NASA, embora essa informação não tenha qualquer comprovação. A prefeitura da cidade chegou a preparar uma recepção oficial para os alienígenas. A programação incluía desfile oficial pela cidade, café da manhã, baile e a entrega de uma enciclopédia aos jupiterianos.

“Casimiro de Abreu foi escolhido porque é um município pesquisado pelos extraterrestres”, declarou o prefeito em uma entrevista de TV, na véspera.

A chegada do óvni em Casimiro de Abreu estava prevista, segundo o mensageiro de Júpiter, para às 5h20 da manhã do dia 8 de março, horário de Brasília (algumas fontes mencionam 5h40). Na área delimitada para o pouso, a presença de humanos era proibida, pois, do contrário, o disco voador não desceria.

Um jornal local divulgou os “10 mandamentos dos ETs”, que traziam uma série de instruções que deveriam ser seguidas durante o evento. Instruções transmitidas pelo próprio mensageiro de Júpiter. Além disso os alienígenas não viriam sozinhos a Casimiro de Abreu. Corria um boato de que trariam com eles no disco voador quatro humanos que haviam sido abduzidos.

A aglomeração começou já nos dias anteriores. Na hora prevista, depois de muita espera da multidão, nada aconteceu. Houve tumulto e Barbosa quase foi linchado. Teve que sair escoltado pela polícia.

Uma previsão anterior de óvnis supostamente acertada

Muitos se perguntam como Barbosa conseguiu convencer várias autoridades e uma multidão de que um acontecimento tão improvável teria lugar na pequena cidade. E a explicação mais provável é que uma demonstração, uma semana antes, realizada para o prefeito, o delegado da cidade e um grupo reduzido de pessoas, teria garantido sua credulidade.

Um predito avistamento de uma “bola de luz” cruzando o céu e retornando em seguida, pouco depois das 0h do dia 2 de março, teria sido essa confirmação. Não foi um avistamento com muitos detalhes, mas a ampla cobertura da imprensa, em tom impressionado, ajudou a convencer a comunidade.

Barbosa dizia-se ufólogo, membro de uma tal “Sociedade Interplanetária do Rio de Janeiro” e tinha fama de vidente. Mas para além disso, pouca coisa era conhecida a seu respeito. A imprensa à época não conseguiu obter muitos dados. Sabia-se apenas que era Filipino, teria chegado ao Brasil com os pais em 1942, aos 6 anos de idade. Era casado e tinha 14 filhos. Mas isso era o que ele contava. Todo o resto a respeito de sua vida era um grande mistério.

Mesmo assim a confiança nessa curiosa personalidade era tamanha que até uma comissão de recepção oficial foi formada. Os nomes foram escolhidos pelo próprio Edílcio, “a partir de nomes indicados pelos jupiterianos, há três meses”, diziam os jornais na oportunidade.

O empurrão que faltava era mais sutil, segundo vários historiadores da época. Seria dado pela sensação de opressão e tensão da ditadura, que já havia sido mais rígida, mas que ainda censurava aglomerações e temas sociais. Falar de alienígenas parecia ser mais fácil e menos subversivo: a receita para a potencialização de uma espécie de Woodstock brasileiro.

Os estranhos meses seguintes

Barbosa justificou a ausência dos alienígenas afirmando que, primeiro, eles não tinham aprovado um evento para tanta gente e, segundo e mais importante, uma equipe de repórteres teria desobedecido as instruções de distância mínima para segurança no local demarcado, inviabilizando o pouso.

Dias mais tarde, o mistério em torno dessa história seria elevado a outro patamar. Segundo o repórter Mario Dias, Barbosa teria lhe contado que recebera novas e dramáticas informações dos jupiterianos. Estes teriam lhe dito que ele perderia a perna esquerda dali a dois meses. Logo em seguida perderia a perna direita e então faleceria.

Barbosa era diabético e, de fato, uma unha encravada resultou em gangrena na perna esquerda depois de dois meses. Os jornais chegaram a publicar fotos de Barbosa em sua casa já sem uma das pernas. Segundo o repórter Dias, que continuou acompanhando a trajetória do “mensageiro de Júpiter”, pouco tempo depois concretizou-se a previsão de perder a outra perna e, logo em seguida, o seu falecimento.

Nas matérias sobre o caso que viriam a seguir, e até hoje, inclusive no documentário a seu respeito, quase nunca é mencionado que Barbosa já tinha sido investigado por um ufólogo respeitado, um dos pioneiros da Ufologia brasileira: Fernando Cleto Nunes Pereira. Em entrevista ao Fantástico após a fatídica noite, o ufólogo revelava que já tinha tido contato com Barbosa seis anos antes, em 1974, e teria avaliado suas histórias minuciosamente.

Cleto havia denominado o estudo de “Caso Fias”, porque que era como Edílcio chamava os alienígenas. A expressão significaria “filhos”, segundo ele. O ufólogo impressionou-se com o alto poder de convencimento de Barbosa, mas destacou que embora seus relatos de encontros próximos com extraterrestres fossem baseados em histórias conhecidas da Ufologia, suas narrativas não encaixavam: pareciam que eram apenas “invenções de sua cabeça”.

Óvni de verdade em Casimiro de Abreu mais de 10 anos depois?

A ligação entre a pequena cidade do Rio de Janeiro e os discos voadores não enfraqueceu nos anos seguintes. Durante muito tempo, turistas e moradores ainda comentaram a história, que ficou internacionalmente conhecida. Além disso, o depoimento do jornalista Mario Dias, registrado pelo documentário Efeito Casimiro, provavelmente ajudou a criar alguma confusão com eventos posteriores.

Embora em nada se pareça com as fantásticas e improváveis alegações de Edílcio anos antes, um vídeo de luzes sem explicação registrado alguns anos depois de sua morte é apontado pelo jornalista Dias como algo predito a ele pelo suposto vidente-ufólogo. “Ali se concretizavam as declarações do Barbosa nos anos anteriores”, acredita.

Mas se o “cano” dos supostos jupiterianos frustrou a população em 1980, mais de 10 anos depois, em 1991, uma nova aparição devolveria ao município a fama de lugar de interesse (ou hotspot) dos extraterrestres.

Em 29 de maio de 1991, o cinegrafista profissional Elton Luiz Araujo conseguiu registrar uma cena incrível a partir da BR 101, justamente na região de Casimiro de Abreu.

A cena foi exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo. Assim como dezenas de outros motoristas que dirigiam pela Rodovia em direção ao Espírito Santo ou indo de lá para o Rio de Janeiro, ele parou seu veículo para registrar um objeto aparentemente circular, estático no céu, exibindo luzes em múltiplos padrões de cores e arranjos.

Trata-se de um dos mais impressionantes registros de óvnis de todos os tempos. Os registros disponíveis no Youtube estão incompletos e em baixa qualidade. Mas ainda hoje, as imagens disponíveis chamam a atenção, apesar da baixa resolução de captação em comparação com as câmeras modernas.

https://www.youtube.com/watch?v=_IVtSmsZcm0

Testemunha ocular do óvni de Casimiro de Abreu

O objeto impressionante foi observado por quase uma hora e meia pelos motoristas na BR-101. E apesar das explicações prosaicas que podem vir à mente, é importante lembrar que iluminação de LED, ou drones, não eram nem de longe tecnologias disponíveis àquela altura.

Os testemunhos de então disseram que o objeto, que piscava e parecia mudar de forma, em determinado momento simplesmente desapareceu.

Recentemente o Portal Vigília teve a chance de conversar com uma testemunha do mesmo objeto a partir de outro ponto de observação: Unamar, praia de Cabo Frio, vizinha de Casimiro de Abreu.

O episódio do disco voador de Casimiro de Abreu em 1991 foi um dos eventos que despertou definitivamente o interesse do podcaster Cristiano Zoucas pelo fenômeno óvni. Testemunha ocular da aparição quando era criança, Zoucas é um dos criadores do Hangar 18 Podcast, um dos pioneiros e mais importantes podcasts brasileiros dedicados à Ufologia.

“Se você traçar uma reta, pegar no Google Maps uma reta entre Unamar e Casimiro você vai ver que é uma linha reta de poucos quilômetros”, explicou Zoucas.

Depois de ver os vídeos no Youtube e conferir a data do registro, o podcaster tem certeza de que era o mesmo objeto. Ele observou o fenômeno vindo do mar, passar sobre sua cabeça e dirigir-se para o continente. No momento do avistamento, ele estava acompanhado de sua tia, que também recorda-se do objeto.

“Eu lembro dele ser grande, lembro dele ser colorido (…) eu tenho certeza que é o mesmo que eu vi”, conta.

Depois de criar o podcast Hangar 18 e comentar esse avistamento com seus familiares novamente, Zoucas relatou ao Portal Vigília ter apurado uma série de observações insólitas de parentes e conhecidos na mesma região, além de casos apurados por outros pesquisadores que seu levantamento identificou. Os dados dão a ele a certeza que toda a área é um grande hotspot, ou seja, área de interesse e manifestação recorrente do fenômeno óvni.

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Efeito Casimiro – Documentário completo:

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