Cientista descobre estranhos pulsos de luz estelares. Mensagens alienígenas?

Um alerta máximo acaba de ser acionado pela Ciência após a recente detecção de enigmáticos pulsos de luz visível provenientes de estrelas distantes. A descoberta, detalhada em um estudo publicado na Acta Astronautic, não apenas impulsiona a busca por inteligência extraterrestre, mas também sugere a intrigante possibilidade de que alguns desses fenômenos possam ter sua origem mais próxima do que se imaginava, até mesmo dentro do nosso próprio Sistema Solar. Esta nova fronteira na astrofísica tem potencial para redefinir a forma como procuramos por vida além da Terra e abre caminhos inéditos para a pesquisa SETI (de Search for Extraterrestrial Intelligence, ou “busca por inteligências extraterrestres”, em português).
A saga desses pulsos misteriosos começou em 14 de maio de 2023, quando um fotômetro desenvolvido por Richard Stanton, um pesquisador veterano da NASA que decidiu focar em estudos solitários, detectou um primeiro pulso de luz em torno da estrela HD 89389. O que se seguiu foi ainda mais surpreendente: um segundo pulso idêntico chegou apenas 4,4 segundos depois. Esta estrela, ligeiramente maior e mais brilhante que o Sol, tornou-se o centro de uma investigação meticulosa.
O experimento de Stanton envolveu aproximadamente 1.500 horas de observação dedicadas a descartar interferências conhecidas. Aeronaves, relâmpagos, meteoros e falhas técnicas, causas comuns de distúrbios, foram sistematicamente eliminados como explicações para os fenômenos observados. A persistência na eliminação dessas variáveis terrestres intensificou o mistério e a relevância dos sinais captados.
A singularidade desses pulsos não se limita à sua repetição. O brilho da estrela diminui em cerca de 25% em uma fração de segundo, um comportamento que é incompatível com fenômenos conhecidos a tal distância. Além disso, a intensidade e a cor da luz permanecem constantes no intervalo entre os dois pulsos, o que descarta a possibilidade de distúrbios atmosféricos ou obstáculos físicos muito próximos ao telescópio.
Curiosamente, a análise de dados antigos por Richard Stanton revelou um evento similar ocorrido em 30 de setembro de 2019, na estrela HD 217014, localizada a 51 anos-luz da Terra. Nesse caso, o pulso se repetiu em um intervalo de 1,2 segundo e nunca mais foi observado. Embora inicialmente atribuído a pássaros, reanálises recentes indicam que as evidências não se alinham com essa explicação. Essa reincidência de pulsos inexplicáveis em diferentes estrelas apenas fortalece a necessidade de uma investigação aprofundada.
Teorias e implicações potenciais
As possibilidades para a origem desses sinais são vastas e intrigantes, abrangendo desde objetos próximos ao telescópio ou ondas de choque atmosféricas, até eclipses parciais por corpos em órbita. No entanto, a hipótese mais audaciosa, mas cada vez menos descartável, é a da influência de uma inteligência extraterrestre. Essa perspectiva, cuja busca anteriormente estava confinada à radioastronomia, vem ganhando força no debate científico.
Richard Stanton sugere cenários que incluem a detecção de emissões de laser para comunicação por uma civilização avançada ou a detecção de grandes sistemas de propulsão. Uma das teorias mais fascinantes, no entanto, propõe que os sinais poderiam ser causados por um objeto opaco em forma de anel que ofusca a estrela, e que este objeto “poderia já estar dentro do nosso Sistema Solar”. Tal hipótese traria a busca por vida alienígena para um plano muito mais próximo de casa.

Outras teorias mais detalhadas para explicar a origem desses pulsos incluem a difração da luz estelar por uma borda opaca distante. Esse fenômeno, conhecido por gerar padrões de brilho e escurecimento semelhantes aos observados, pode complicar a interpretação dos dados e exigir observações muito mais precisas, além de novas e mais avançadas técnicas para diferenciação.
A despeito das complexas características desses sinais, Richard Stanton enfatiza que fatores como fenômenos atmosféricos ou a passagem de objetos convencionais em frente à estrela são “bastante improváveis”. A insistência na exclusão dessas causas comuns, após extensas análises, eleva o status dos pulsos de meras anomalias para potenciais indícios de algo verdadeiramente extraordinário no cosmos.
O diálogo com o desconhecido
A descoberta desses pulsos de luz se alinha diretamente com a missão central do Instituto SETI (Busca por Inteligência Extraterrestre), que se dedica a explorar, compreender e explicar a origem, a natureza e a prevalência da vida no universo. Tradicionalmente, o SETI tem focado na escuta de sinais de rádio, mas o avanço da tecnologia fotônica agora permite que os comprimentos de onda ópticos e infravermelhos ofereçam uma nova e promissora avenida de busca, com potencial para um alcance de detecção muito maior. E junto com essa expansão de capacidades, crescem também as preocupações sobre como iniciar e manter uma eventual comunicação, além de alcançar o entendimento mútuo, já que poderíamos nos deparar com sistemas de linguagem e comunicação completamente… alienígenas!
A equipe do SETI não se restringe apenas à escuta do cosmos distante, mas também busca compreender a inteligência não humana aqui na Terra. E não: não necessariamente tratando-se de extraterrestres visitantes e seus possíveis UAPs ou discos voadores. Um exemplo notável é o projeto Whale-SETI, uma colaboração entre o Instituto SETI, a Universidade da Califórnia Davis e a Alaska Whale Foundation. Esse esforço tem como objetivo desenvolver “filtros de inteligência” para a busca por vida extraterrestre, através do estudo de espécies terrestres com complexos sistemas de comunicação.
Em um encontro marcante, a equipe Whale-SETI teve uma “conversa” de 20 minutos com uma baleia jubarte, conhecida como Twain. A baleia respondeu a cada chamada de reprodução emitida por um alto-falante subaquático, demonstrando um “nível sofisticado de compreensão e interação”. Para a Dra. Brenda McCowan, da UC Davis, essa foi possivelmente “a primeira troca comunicativa entre humanos e baleias jubarte na ‘linguagem’ jubarte”.
O Dr. Fred Sharpe, da Alaska Whale Foundation, ressalta a inteligência avançada das baleias jubarte, destacando seus “sistemas sociais complexos, habilidades de fabricação de ferramentas – redes a partir de bolhas para capturar peixes – e comunicação extensiva tanto com cantos quanto com chamados sociais”. Complementando essa perspectiva, o Dr. Laurance Doyle, do Instituto SETI, traça um paralelo crucial: “Devido às atuais limitações da tecnologia, uma suposição importante da busca por inteligência extraterrestre é que os extraterrestres estarão interessados em fazer contato e, assim, atingir os receptores humanos. Esta importante suposição é certamente apoiada pelo comportamento das baleias jubarte”. Essa premissa se torna vital para a abordagem da iniciativa SETI na detecção e interpretação de sinais do espaço.
Novos horizontes para a astrofísica
Para avançar na compreensão desses fenômenos, os pesquisadores sugerem o uso de telescópios sincronizados. Essa abordagem permitiria medir com precisão a velocidade e o formato das sombras, oferecendo “pistas sobre a distância, tamanho e forma do objeto que causa as sombras”. Tal técnica representa uma fronteira inexplorada na busca por sinais ópticos de civilizações extraterrestres, prometendo complementar os métodos tradicionais de detecção.
A comunidade científica, em particular os autores do estudo, enfatizam que “a possibilidade de vida inteligente próxima à Terra abre caminhos inéditos para a astronomia e a astrobiologia”. Eles ressaltam a urgência de ampliar as observações com tecnologias mais avançadas e colaborativas, como redes de telescópios capazes de registrar o movimento dos fenômenos e realizar testes adicionais para eliminar qualquer fonte potencial de interferência, seja ela natural ou artificial.
Andrew Stewart, da Universidade Emory e membro da equipe do projeto Trillion Planet Survey, esclarece os pressupostos para a detecção de tais sinais: “Primeiro e mais importante, estamos assumindo que há uma civilização lá fora de classe semelhante ou superior à nossa tentando transmitir sua presença usando um feixe de luz, talvez do tipo ‘energia direcionada’ que está sendo desenvolvido aqui na Terra. Segundo, nós assumimos que o comprimento de onda de transmissão desse feixe é aquele que podemos detectar. Por fim, assumimos que este sinal foi deixado por tempo suficiente para que a luz seja detectada por nós. Se esses requisitos forem atendidos e o poder e diâmetro do feixe emitido pela inteligência extraterrestre forem consistentes com uma civilização de classe de tipo Terra, nosso sistema irá detectar este sinal”.

Embora o mistério da origem dos pulsos esteja longe de ser solucionado, a hipótese de um contato extraterrestre ainda não pode ser descartada. Os próximos passos na pesquisa serão cruciais para desvendar o que se esconde por trás desses sinais peculiares e para revelar mais sobre a possível presença de vida inteligente no vasto e desconhecido espaço.
PANOSETI e o SETI ótico: uma explicação mais profunda
A detecção dos flashes remonta um conceito inovador de busca: o PANOSETI, sigla para “Panoramic SETI” ou ainda “Pulsed All-sky Near-infrared Optical SETI”. Trata-se de um novo tipo de instrumento acoplado a alguns observatórios que representa a vanguarda na busca por inteligências extraterrestres. Ao contrário dos radiotelescópios tradicionais que escutam ondas de rádio, o PANOSETI é projetado para pesquisar todo o céu simultaneamente em busca de pulsos de luz visíveis e infravermelhos. Esses “flashes” de duração na casa dos nanossegundos são considerados potenciais tecnoassinaturas de civilizações avançadas ou indícios de novos fenômenos astrofísicos.
O conceito de “SETI ótico” (OSETI) emerge do progresso exponencialmente acelerado da tecnologia fotônica, que oferece a oportunidade de detectar sinais de luz que poderiam indicar a presença de inteligência extraterrestre. A grande vantagem reside no fato de que os sinais ópticos permitem uma detecção de alcance muito maior em comparação com os de rádio. Dan Werthimer, cientista-chefe do Centro de Pesquisa SETI da Universidade de Berkeley, explica que o objetivo é “basicamente buscar sinais muito breves, mas poderosos, de uma civilização avançada”, justificando a varredura de grandes áreas do céu por longos períodos. Ele compara a eficácia desses flashes a “um farol”, onde a energia instantânea pode ser “incrivelmente grande”.
O PANOSETI incorpora duas tecnologias inovadoras na astronomia: lentes planas de plástico leves, semelhantes às “placas de zonas de Fresnel” encontradas em faróis, para focar a luz óptica e infravermelha; e detectores ópticos e infravermelhos extremamente rápidos, originalmente desenvolvidos para scanners de diagnóstico médico PET. Esses detectores são capazes de identificar com precisão alterações de um único fóton. A estratégia envolve o uso de conjuntos de telescópios manejados sempre em pares, com até uma milha de distância entre eles, a fim de prover uma visão em estéreo e, crucialmente, eliminar interferências da atmosfera terrestre.

Aos poucos, essas iniciativas relativamente recentes vão começar a produzir os primeiros resultados e devem ser potencializados por iniciativas como o recém inaugurado Observatório Vera C. Rubin. No que diz respeito à metodologia, projetos como o Trillion Planet Survey, um ambicioso experimento de SETI ótico, demonstram como esses sinais seriam processados. Um conjunto de fotos de uma região do céu é costurado para criar uma única imagem, que é então comparada a uma imagem padrão da mesma região, livre de sinais transientes conhecidos. Uma diferença maior que zero pode indicar uma fonte de sinal transiente, que é então processada para eliminar falsos positivos, como satélites artificiais ou condições climáticas. Andrew Stewart da Universidade Emory reforça que “de maneira nenhuma estamos sugerindo que o SETI de rádio deva ser abandonado em favor do SETI ótico. Apenas achamos que as bandas óticas também deveriam ser exploradas,” enfatizando a complementaridade dessas abordagens na eterna busca por vida inteligente.