Cientistas têm novo candidato a sinal “Wow!”. E vem da vizinha Próxima Centauri

Cientistas têm novo candidato a sinal “Wow!”. E vem da vizinha Próxima Centauri
Sinal Wow em montagem sobre Concepção artística de Próxima Centauri B (ESO/M. Kornmesser - https://www.eso.org/public/images/ann16056a/)
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Um novo candidato a sinal “Wow!”, um sinal de rádio forte e estranho o suficiente para levantar suspeitas de ser artificialmente produzido, está sendo investigado por astrônomos do projeto Breakthrough Listen. Diferente de sua antecessora famosa, a nova emissão de rádio tem sua origem relativamente bem definida: tudo indica que vem da direção de Próxima Centauri, a estrela mais próxima do nosso sol.

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A informação foi veiculada em reportagem publicada pelo conceituado site britânico The Guardian. Segundo o site, o feixe estreito de ondas de rádio foi captado durante 30 horas de observações pelo telescópio Parkes, na Austrália, em abril e maio do ano passado, 2019. A análise dos dados está em andamento há algum tempo e os cientistas ainda não teriam conseguido identificar um culpado terrestre ou qualquer outra interferência trivial, como um equipamento em solo ou um satélite, que causasse a detecção.

O projeto Breakthrough Listen é a maior iniciativa privada no mundo para a busca SETI (sigla em inglês para “Busca Por Inteligências Extraterrestres”). Nasceu com um aporte de 100 milhões de dólares do bilionário russo-israelense Yuri Milner, investidor de ciência e tecnologia. Desde o lançamento, o projeto foi apadrinhado pelo já falecido físico Stephen Hawking.

Detectar estranhas explosões de ondas de rádio com os telescópios Parkes ou o Observatório Green Bank, em West Virginia, não é novidade para as equipes do Breakthrough Listen, que escutam milhões de estrelas mais próximas à Terra na esperança de detectar transmissões alienígenas perdidas ou intencionais. Mas nenhuma das detecções anteriores resistiu tanto tempo a explicações mais prosaicas.

A estreita faixa de frequência do feixe, em torno de 980 MHz, e uma aparente mudança em sua frequência, considerada consistente com o movimento de um planeta, contribuíram para a natureza incomum do achado. Os cientistas da Breakthrough Listen estão agora preparando um artigo sobre o sinal, denominado BLC1.

O feixe parece ter vindo da direção de Próxima Centauri, uma estrela anã vermelha localizada a aproximadamente 4,22 anos-luz da Terra. Segundo apurou o The Guardian, o sinal não foi detectado novamente desde a observação inicial. “É o primeiro candidato sério desde o ‘sinal Wow’”, disse ao The Guardian um do astrônomo da equipe que pediu para se manter anônimo, porque o trabalho ainda está em andamento.

O sinal “Wow!” foi um sinal de rádio de banda estreita e de curta duração captado durante uma sessão de busca por inteligências extraterrestres, ou SETI, realizada no Radiotelescópio Big Ear, em Ohio (EUA), em 1977. O sinal incomum ganhou o seu apelido quando o astrônomo Jerry Ehman, que monitorava as detecções naquele dia, escreveu “Wow!” ao lado da coluna que representou os dados numa folha impressa.

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O que sabemos sobre a estrela Próxima Centauri

Próxima Centauri, ou ainda Próxima do Centauro, Alpha Centauri C ou simplesmente Próxima, é uma anã vermelha e também a estrela conhecida mais próxima do nosso sistema solar. Está distante aproximadamente 4,22 anos luz (4.0×1013 km) da Terra, na constelação do Centauro e faz parte de um sistema ternário (ou múltiplo) de estrelas, pois orbita as estrelas Alpha Centauri A e B, formando o sistema triplo Alpha Centauri.

Devido à sua baixa magnitude, Próxima Centauri não pode ser observada a olho nu e só foi descoberta em 1915, pelo astrônomo Robert Innes. Já sabe-se com certeza que ela possui pelo menos um exoplaneta, denominado Próxima Centauri B, anunciado em 24 de agosto de 2016. Mas também há fortes indícios de que tem um segundo planeta, já batizado de Próxima Centauri C, detectado pela primeira vez em 10 de janeiro deste ano (2020).

O primeiro planeta confirmado no sistema, Próxima B, é justamente o objeto de estudos mais interessante: estima-se que transita totalmente na chamada zona habitável da estrela, ou seja, é possível que tenha uma temperatura na superfície amena o suficiente para abrigar água na forma líquida e exibir condições de abrigar vida alienígena como a imaginamos.

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Apesar do entusiasmo com a descoberta, Pete Worden, ex-diretor do Ames Research Center, da NASA, na Califórnia, e diretor executivo das Breakthrough Initiatives, disse ao The Guardian que é importante esperar as conclusões dos cientistas do projeto. “A equipe Breakthrough Listen detectou vários sinais incomuns e está investigando cuidadosamente. Esses sinais são provavelmente interferências que ainda não podemos explicar totalmente. Mais análises estão sendo realizadas”, disse.

Outros cientistas estão ainda mais cuidadosos. Consultado pelo The Guardian, Lewis Dartnell, astrobiólogo e professor de comunicação científica da Universidade de Westminster, declarou que “as chances de ser um sinal artificial de Próxima Centauri parecem improváveis”. Segundo ele, a ideia de que uma suposta vida alienígena poderia estar na nossa porta, no próximo sistema estelar, “está acumulando improbabilidades sobre improbabilidades”.

“Se houver vida inteligente lá [em Próxima Centauri], é quase certo que ela teria se espalhado muito mais amplamente pela galáxia. As chances de as únicas duas civilizações em toda a galáxia serem vizinhas, entre 400 bilhões de estrelas, ultrapassam totalmente os limites da racionalidade”, declarou Dartnell ao site jornalístico.

Para ver a matéria completa no The Guardian, clique aqui.

 

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Redação Vigília

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