Descoberta indica que a busca por vida em Encélado, a lua de Saturno, pode ser mais acessível do que se imaginava

Um novo estudo revela que há locais específicos na superfície de Encélado, a lua de Saturno, onde espaçonaves poderiam pousar e coletar vestígios essenciais para a vida. Bioassinaturas desses ingredientes vitais podem estar presentes nas plumas de gelo que emergem da lua gelada, originadas de seus oceanos subterrâneos.
Encélado tem sido conhecida por abrigar moléculas orgânicas em seus oceanos subterrâneos, compostas de carbono, oxigênio e nitrogênio. Antes de sua missão final em 2017, a sonda Cassini sobrevoou as plumas de material que irrompiam através de fissuras na superfície, detectando moléculas orgânicas como metano e etano, além de outros compostos complexos.
Os cientistas agora sugerem que cerca de 90% desses materiais, lançados a milhares de quilômetros de Encélado, retornam à sua superfície, oferecendo a oportunidade de serem coletados e examinados por espaçonaves.
Amanda R. Hendrix, cientista sênior do Planetary Science Institute e líder da pesquisa, afirma: “Podemos aprender muito sobre possíveis bioassinaturas nas células de Encélado, oceano enviando uma missão à superfície de Encélado. Anteriormente, pensava-se que, para colher amostras do material mais fresco do oceano de Encélado, seria necessário voar através da pluma e medir os grãos e gases da pluma. Mas agora sabemos que você pode pousar na superfície e ter certeza de que seus instrumentos podem medir plumas orgânicas relativamente primitivas – provenientes do oceano”.
No entanto, algumas moléculas orgânicas nas plumas de Encélado podem ser destruídas pela radiação ultravioleta (UV) do sol. Portanto, a busca por essas moléculas intactas permanece crucial. Hendrix destaca: “Sabemos que o oceano de Encélado é habitável graças às medições da Cassini. Sabemos que existe água líquida, energia e os produtos químicos carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre. Estes são os ingredientes necessários para a vida como a conhecemos. Se quisermos descobrir se alguma bioassinatura derivada do oceano está presente nos grãos da pluma, precisamos que esses grãos sejam tão puros e não expostos aos UV quanto possível”.
A equipe analisou dados do Telescópio Espacial Hubble e da sonda Cassini para identificar locais específicos em Encélado onde as espaçonaves poderiam pousar e coletar amostras. Descobriram que a radiação UV prejudicial penetra apenas cerca de 100 micrômetros na superfície gelada, protegendo os grãos mais profundos da pluma da degradação.
Hendrix explica: “Assim, a parte superior da superfície fica exposta a esses fótons UV prejudiciais, mas apenas uma porcentagem dos orgânicos é transformada quimicamente e, logo, esse material é coberto por material de pluma mais fresco. E os grãos mais profundos não sofrem mais transformação – porque os fótons UV são impedidos de interagir com o material mais profundo. Os grãos da pluma recém-depositados atuam como um escudo para o material subjacente. Eles agem como um protetor solar!”
Essa pesquisa abre perspectivas empolgantes para futuras missões a Encélado, sugerindo que há uma abundância de material orgânico preservado nos gelos da lua que poderia ser explorado para rastrear possíveis sinais de vida extraterrestre.
Com informações de PSI.edu: