Documentos revelam que drones (ou UAPs) fecharam base militar e NORAD fez apelo

Documentos revelam que drones (ou UAPs) fecharam base militar e NORAD fez apelo
Documentos e vídeos liberados dão detalhes sobre drones (ou UAPs) sobre bases militares. General Guillot, do NORAD, fez apelo ao Senado dos EUA.

Uma nova leva de registros da Força Aérea dos EUA, obtida através de um pedido da Lei de Liberdade de Informação (FOIA) e divulgada pelo site The Black Vault em 11 de julho de 2025, confirmou que a Base Aérea Wright-Patterson (WPAFB), em Ohio, foi palco de múltiplas incursões de drones em meados de dezembro de 2024, resultando no fechamento temporário do espaço aéreo militar e em uma resposta de segurança de grande escala. Os documentos incluem relatórios de incidentes, depoimentos de testemunhas juramentadas, documentação policial e vídeos de apoio, todos agora acessíveis ao público.

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Esta base, uma das mais proeminentes e historicamente significativas do sistema da Força Aérea dos EUA, iniciou procedimentos de emergência em 13 de dezembro de 2024, após forças de segurança relatarem a observação de múltiplos sistemas aéreos não tripulados (UAS) operando em espaço aéreo restrito.

Os avistamentos iniciais ocorreram às 22h08, quando patrulhas perto das “Hot Cargo Pads” avistaram um drone pairando na área e se dirigindo para a “West Ramp” da instalação. O objeto foi descrito como “preto, com quatro (4) hélices, de aproximadamente 15 centímetros de tamanho, e com luzes alternadas vermelhas e verdes”, sendo posteriormente visto voando a cerca de 6 metros do chão sobre o Posto de Bombeiros.

Outros relatos mencionaram “quatro drones quadricópteros com luzes vermelhas e verdes em uma formação de diamante apertada” que, ao serem iluminados por holofotes de carros, “ganharam altitude e voaram em alta velocidade”. Equipes de segurança realizaram varreduras coordenadas nas Áreas A e B, bem como no perímetro da base, mas não conseguiram identificar os operadores dos drones ou recuperar qualquer detrito físico. As incursões, que persistiram por múltiplas noites e envolveram múltiplos avistamentos e testemunhas, foram graves o suficiente para que a Força Aérea parasse as operações de voo e notificasse autoridades externas, embora a origem desses objetos aéreos permaneça sem solução oficial.

Curiosamente, todos os vídeos liberados parecem vir de celulares de militares nas bases ou coletados de civis. Nenhum realmente apresenta imagens de sensores militares ou equipamentos especializados, sugerindo que, se tais registros existem, continuam confidenciais. Para download dos documentos, pode ser consultado este link fornecido pelo The Black Vault.

O escalada dos “Drones Misteriosos”

A questão dos “drones misteriosos” sobre bases militares e instalações sensíveis dos EUA não se limitou a Wright-Patterson. Na verdade, ela começou a ganhar destaque com os incidentes na Base Conjunta Langley-Eustace (Joint Base Langley Eustace) em dezembro de 2023, onde incursões de UAS foram observadas por quase dois meses. O General Gregory M. Guillot, em audiência, relembrou que os drones em Langley eram “bem iluminados”, sugerindo que não estavam tentando se esconder. Na época, o comandante da base sentiu-se impotente devido à falta de apoio da cadeia de comando, e as capacidades de sensores, por vezes, dependiam da vizinha NASA Langley. Esses eventos foram percebidos como uma clara sondagem de adversários, tentando descobrir as capacidades e reações das defesas americanas, e a falta de uma resposta decisiva foi vista como “muito reveladora” para eles.

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A situação em Langley foi apenas um precursor de um fenômeno mais amplo. Relatos indicam que centenas de incursões de drones foram registradas sobre bases militares dos EUA e outras áreas sensíveis ao longo do ano anterior (2023). Essas incursões abrangeram uma vasta gama de instalações, incluindo Picatinny Arsenal, Vandenberg Space Force Base, Marine Corps Base Camp Pendleton, e até mesmo bases da Força Aérea dos EUA no Reino Unido e na Alemanha, como Ramstein AFB. Essa proliferação de avistamentos sublinhou uma ameaça generalizada e persistente que ia muito além de incidentes isolados.

O mistério dos drones invasores na base aérea de Langley (Imagem criada por IA)
O mistério dos drones invasores na base aérea de Langley (Imagem criada por IA)

Paralelamente às incursões em bases militares, uma onda generalizada de avistamentos de drones tomou conta do nordeste dos Estados Unidos no final de 2024, especialmente em Nova Jersey. Embora a administração Biden tenha minimizado a gravidade desses eventos, afirmando que os drones não representavam ameaça nem tinham ligação estrangeira, e que a maioria provavelmente não era de fato drones, a situação levou a uma investigação do FBI e à emissão de inúmeras Restrições Temporárias de Voo (TFRs) pela FAA, principalmente sobre instalações de energia. Contraditoriamente, o FBI, meses depois, declarou não ter suspeitos e não ter recuperado nenhum drone. Autoridades locais em Nova Jersey expressaram frustração por se sentirem deliberadamente mantidas no escuro sobre o que estava acontecendo em seu próprio espaço aéreo.

A natureza e a origem desses objetos aéreos permanecem em grande parte não atribuídas oficialmente. No entanto, discussões públicas e internas no Congresso e na comunidade militar levantaram a preocupação de que adversários poderiam estar “sondando” as defesas americanas. Teorias variaram desde a possibilidade de serem drones de vigilância de potências como China ou Rússia, até a ideia de que poderiam ser operações classificadas do próprio governo dos EUA testando capacidades ou monitorando Fenômenos Aéreos Não Identificados (UAP). O Comando Norte dos EUA (NORTHCOM) e o Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte (NORAD) receberam a responsabilidade de sincronizar a resposta militar dos EUA a essas incursões, sinalizando a gravidade com que a questão é tratada internamente.

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O apelo do General Guillot no Senado

Em 13 de fevereiro de 2025, em uma audiência perante o Comitê de Serviços Armados do Senado (SASC), o General Gregory M. Guillot, comandante do NORTHCOM e NORAD, testemunhou sobre o pedido de orçamento de defesa de 2026 e a postura de seus comandos. Apesar da gravidade do tema dos drones, a audiência, sendo de orçamento, não gerou o mesmo frenesi midiático ou da comunidade de UAPs que outros eventos relacionados a fenômenos aéreos não identificados, embora tenha sido coberta por veículos de imprensa especializados. Durante seu depoimento, Guillot não se esquivou de abordar as incursões de drones, que ele considerou uma ameaça séria à segurança nacional.

O General Guillot expressou sua percepção de que a principal ameaça representada pelos drones, na forma como têm operado, é a “detecção e talvez vigilância de capacidades sensíveis em nossas instalações”. Ele revelou que houve 350 detecções reportadas em 100 instalações militares de todos os tipos e níveis de segurança no ano anterior (2023), indicando que algumas dessas incursões foram “provavelmente operadas com intenções nefastas”. Embora não tenha nomeado diretamente os operadores desses drones, senadores como Mark Kelly (D-AZ) e Tom Cotton (R-Ark) expressaram preocupação com “adversários sondando” e a possibilidade de uso por cartéis mexicanos com explosivos perto da fronteira sul.

Imagens por: C-SPAN

Diante da crescente ameaça, o General Guillot destacou as incapacidades e as necessidades urgentes que seus comandos enfrentam para se defender contra os drones. Atualmente, as defesas são limitadas a contramedidas de guerra eletrônica, com a capacidade de detecção sendo o principal recurso, enquanto armas de energia direcionada (como lasers e micro-ondas) e capacidades cinéticas (abater os drones) permanecem fora dos limites para uso doméstico. Para agravar o problema, apenas cerca de metade das 360 bases militares dos EUA consideradas “instalações cobertas” possuem permissão para se defender contra drones, com a autoridade de proteção vinculada a critérios como dissuasão nuclear ou facilidades de teste.

Invasão de drones misteriosos (ou UAPs) em Nova Jersey e outras localidades já causa comoção nos EUA
Invasão de drones misteriosos (ou UAPs) em Nova Jersey e outras localidades já causa comoção nos EUA

O General Guillot fez um apelo veemente ao Congresso para expandir as autoridades de defesa anti-drones sob a lei conhecida como “10 USC 130i”. Ele propôs que esta autoridade seja estendida para incluir todas as instalações militares, e não apenas as selecionadas. Além disso, ele solicitou a expansão do alcance geográfico para além do perímetro das bases, a fim de interceptar drones que possam estar conduzindo vigilância de longa distância ou que tentem escapar após a detecção. Guillot também pediu a aprovação de “kits de deslocamento rápido” (“flyaway kits“) que poderiam ser enviados para bases sem capacidade de defesa, para que possam responder a incursões em menos de 24 horas. Ele confirmou ter feito essa recomendação formalmente ao Secretário de Defesa, e a resposta inicial tem sido positiva. Senadores como Tom Cotton e Kirsten Gillibrand (D-NY) já introduziram legislação para conceder essas autoridades aos comandantes, reconhecendo a necessidade premente de proteger as bases de tais incursões.

Redação Vigília

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