E-mails mostram que a NASA não viu asteroide se aproximar da Terra

Documentos obtidos com exclusividade pelo BuzzFeed News e tornados públicos no último dia 19/9 mostram que a NASA não viu um gigantesco asteroide que seguia em direção à Terra no dia 25 de julho e tampouco os cientistas e seus equipamentos foram capazes de detectar a ameaça iminente.
Batizado de 2019 OK e medindo entre 50 e 130 metros de diâmetro, mais ou menos o tamanho de um campo de futebol, o asteroide é o maior a passar a uma distância tão pequena do nosso planeta nos últimos 100 anos.
Ele passou a 71 mil quilômetros da Terra, uma distância considerada curta. A Lua, por exemplo, está a 384 mil quilômetros, uma distância cinco vezes maior do que a que o asteroide passou.
“Ele apareceu na nossa frente”, escreveu um técnico da NASA em um e-mail interno dois dias depois que o asteroide desviou do planeta.
A NASA não viu o asteroide
De acordo com o BuzzFeed, o incidente revela falhas na rede de vigilância da NASA criada para observar rochas espaciais que se aproximam.
“Como pode haver cobertura da mídia amanhã, eu estou alertando que em cerca de 30 minutos um asteroide de 57 a 130 metros passará pela Terra a apenas 0,19 distâncias lunares (48 mil milhas)”, escreveu o oficial de defesa planetária da NASA Lindley Johnson a outros especialistas de agências espaciais. O e-mail com o alerta foi enviado no dia 24 de julho.
Viajando a quase 55 mil milhas por hora, o asteroide foi detectado pela primeira vez por um pequeno observatório no Brasil. Em um comunicado enviado à imprensa a NASA informou que, se 2019 OK tivesse entrado na atmosfera e caído na Terra, a explosão poderia ter causado devastação em uma área de aproximadamente 80 quilômetros de diâmetro.
“Não é surpresa que um objeto como esse nos pegue de surpresa”, disse o cientista planetário do MIT Richard Binzel ao BuzzFeed News. “Nossos equipamentos atuais de busca por asteroides não estão no nível que deveriam estar”, admitiu. “Esse objeto passou por toda a nossa rede de captura”, continuou.
Rede de monitoramento de asteroides limitada
Em um e-mail endereçado a seus colegas dois depois do ocorrido, Paul Chodas, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, perguntou quantas vezes essa situação aconteceu sem que o asteroide fosse descoberto. “Isso aconteceu e mostra as limitações de nossa atual rede de pesquisas”, escreveu em 26 de julho.
Os telescópios Atlas, da NASA, captaram o asteroide em 21 de julho, dias antes de sua aproximação, mas foram obscurecidos pelas nuvens que não o identificaram como deveria. Já os telescópios Pan-STARRS, financiados pela agência espacial americana no Havaí viram o asteroide ainda mais cedo, em 28 de junho e 7 de julho, mas estava muito fraco e distante para que o alerta fosse disparado.
Em uma entrevista ao BuzzFeed News Chodas disse que 2019 OK nunca representou uma ameaça para a Terra.