Emirados Árabes entram na corrida rumo a Marte e lançam missão Hope
A missão chamada Hope (Esperança, em inglês), lançada rumo a Marte, é a primeira tentativa dos Emirados Árabes Unidos de se tornarem interplanetários.
O foguete levando o orbitador dos Emirados Árabes decolou do Tanegashima Space Center, no Japão, neste domingo, 19 de julho, às 17h58 (horário de Brasília).
A preciosa carga utilizou um foguete H-IIA, da Mitsubishi Heavy Industries no domingo. A sonda se separou do foguete cerca de uma hora após a decolagem e era esperado que usasse seus painéis solares para alimentar o cruzeiro de sete meses a Marte.
O embaixador Yousef Al Otaiba comemorou o feito logo após o lançamento: “anos de trabalho duro e dedicação valeram muito a pena”, disse. E completou: “esta é uma grande conquista, mas é apenas o começo”.
“É difícil juntar as palavras, mas honestamente, assistindo a decolagem, sabendo o quão difícil foi, sabendo o quão desafiador foi, testemunhar esse sucesso me fez sentir imenso orgulho. Acho que todos os Emirados do mundo deveriam se sentir orgulhosos do que seu país conseguiu realizar hoje”, declarou Al Otaiba.
O lançamento havia sido originalmente programado para 14 de julho, mas precisou ser adiado algumas vezes devido às condições do clima na região do Tanegashima.
Também chamada de Missão Emirates Mars, a Hope é a primeira incursão dos Emirados Árabes Unidos na exploração espacial. Seu desenvolvimento custou cerca de US$ 200 milhões e sua chegada ao planeta vermelho foi programada para coincidir com o 50º aniversário do país, em fevereiro de 2021.
O orbitador foi concebido para impulsionar o desenvolvimento de tecnologia e ciência dos Emirados, como uma espécie de “plano B” auto-sustentável na geração de riqueza, alternativa à sua fonte principal: o petróleo.
Por isso os Emirados Árabes, com praticamente nenhuma experiência em exploração interplanetária, desenvolveram um plano audacioso. Depois de consultar especialistas sobre Marte em todo o mundo, planejaram uma missão que deve contribuir internacionalmente com novos e valiosos dados para futuras missões.
Dessa forma, com uma órbita quase equatorial especialmente projetada, a sonda deverá coletar dados sobre a atmosfera marciana para permitir aos cientistas descobrirem como clima em Marte muda ao longo de um único dia e de todo o ano, em cada ponto do planeta vermelho. Além disso, Hope pretende esclarecer como o planeta está perdendo sua atmosfera.
A atmosfera de Marte é tênue a milhares de anos e agora é dominada pelo dióxido de carbono. Mas já foi muito mais rica, o suficiente para manter a água do planeta em estado líquido no lugar. Os cientistas querem saber como ocorreu a mudança que transformou o planeta num deserto.
O lançamento da sonda Hope é o primeiro de uma série de visitas planejadas a Marte, todas se aproveitando da janela de três semanas de alinhamento orbital favorável entre a Terra e o planeta vermelho, que ocorre a cada 26 meses. Cada uma das missões terá pela frente um percurso de cerca de 500 milhões de quilômetros.
Além dos Emirados Árabes, a China prevê o lançamento da missão Tianwen-1, em 23 de julho. A missão incluirá um orbitador, um módulo de pouco e um pequeno veículo – rover – e deverá explorar aspectos da geologia marciana.
Pouco depois dos chineses será a vez da norte-americana missão Mars 2020, da NASA, prevista para decolar em 30 de julho. A NASA deverá lançar o Perseverance (“Perseverança”), um grande veículo espacial de seis rodas dotado de um pequeno helicóptero que, se tudo correr bem, se tornará a primeira aeronave humana a voar na atmosfera de outro planeta. Uma das metas principais de Perseverance é buscar sinais de vida extraterrestre em Marte.
Com informações de Space.com e BBC News
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