Ex-Diretor de Inteligência dos EUA, James Clapper revela programa UAP. Mas Força Aérea se cala

Ex-Diretor de Inteligência dos EUA, James Clapper revela programa UAP. Mas Força Aérea se cala
O Tenente-General James Clapper (à direita), que alcançou o posto de Tenente-General na Força Aérea dos EUA e mais tarde serviu como Diretor de Inteligência Nacional, na sede da Agência de Inteligência de Defesa (DIA) na Base Aérea de Bolling, em Washington, DC, em 17 de janeiro de 1992. Clapper, visto aqui com o Diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) Robert Gates, estava servindo como Diretor da Agência de Inteligência de Defesa quando a foto foi tirada e é a fonte da recente alegação sobre um programa secreto da Força Aérea dedicado ao rastreamento de UAPs (crédito: Wikipedia)

O cenário da discussão sobre Fenômenos Anômalos Não Identificados (UAP) foi agitado pelo novo documentário intitulado ‘The Age of Disclosure’. Mas no furacão de supostas revelações, uma afirmação incisiva de uma das figuras mais proeminentes da comunidade de inteligência dos Estados Unidos tem um peso enorme. Trata-se do ex-Diretor de Inteligência Nacional, James Clapper, que levantou a alegação de que a Força Aérea dos EUA (USAF) manteve um programa secreto dedicado ao rastreamento de UAPs. Ao longo do documentário, Clapper empresta sua credibilidade para associar em primeira mão tal programa à famosa Área 51.

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Testemunhos anteriores já haviam mencionado alguns desses esforços secretos, em especial o Programa Legado, mas a revelação de Clapper forneceu detalhes inéditos e acabou ganhando destaque após o Liberation Times questionar a USAF sobre a veracidade das alegações. A força norte-americana, claro, se recusou a confirmar ou negar a existência de tal programa.

Clapper, cuja carreira inclui a posição de Chefe de Inteligência da Força Aérea, alcançando o posto de Tenente-General antes de servir como Diretor de Inteligência Nacional de 2010 a 2017 sob o governo Obama, possui uma experiência única no aparato de defesa e inteligência dos EUA, conferindo peso às suas palavras. Ele afirmou categoricamente que o programa secreto estava ativo durante seu tempo de serviço na Força Aérea, implicando que ele estava ciente dele, possivelmente entre o encerramento do Projeto Bluebook e a década de 90.

A alegação central de Clapper conecta essas atividades de rastreamento de UAPs a locais militares de alta classificação. O ex-diretor declarou:

“Quando servi na Força Aérea, havia um programa ativo para rastrear atividades anômalas que não podíamos explicar de outra forma – muitas delas conectadas a campos de teste no oeste, notavelmente a Área 51”.

A Área 51 é descrita como um epicentro de desenvolvimento e testes militares de ponta, tornando a vigilância de UAPs nesse local particularmente significativa.

Para além de sua longa carreira militar e governamental, James Clapper também teve contato com o setor privado, trabalhando para grandes empreiteiras que prestavam serviços de inteligência. Registros públicos mostram que ele serviu como diretor de programas de inteligência na SRA International, uma grande empreiteira da Beltway, entre 1998 e 2001. Fontes entendem que a SRA International apoiava escritórios da CIA responsáveis por análises de armas e proliferação, como o WINPAC (Weapons Intelligence, Nonproliferation and Arms Control Center), que produz avaliações coordenadas sobre sistemas de armas avançadas e tecnologias estrangeiras, incluindo UAP. Essa trajetória sugere que Clapper está em posição singular para ter insights sobre os segredos mais bem guardados do governo.

O silêncio da Força Aérea e a AARO

Diante da gravidade das alegações feitas por Clapper no documentário lançado recentemente via Prime Video, da Amazon, o Liberation Times buscou uma confirmação ou negação por parte da Força Aérea dos EUA. A resposta da USAF, contudo, foi notavelmente evasiva, recusando-se a abordar diretamente a existência do programa secreto de rastreamento de UAP.

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Em vez de responder à questão, um oficial da Força Aérea ofereceu uma descrição padronizada das operações na região, citando o Campo de Teste e Treinamento de Nevada (NTTR). O oficial da Força Aérea disse ao Liberation Times: “O Campo de Teste e Treinamento de Nevada fornece um espaço de batalha multidimensional, flexível e realista para testar e desenvolver táticas, bem como conduzir treinamento avançado em apoio aos interesses nacionais dos EUA”. O oficial continuou detalhando a gestão da área:

“Várias agências têm jurisdição sobre várias partes do Campo de Teste e Treinamento de Nevada. A Força Aérea dos EUA controla o espaço aéreo sobre o campo e aproximadamente 2,9 milhões de acres de terra reservados para uso militar. Várias organizações, incluindo o Departamento de Energia, o Departamento do Interior e cidades privadas como Rachel, também gerenciam partes do terreno”.

A falta de uma negação explícita por parte da Força Aérea foi considerada “interessante” e inaceitável por membros do público. A utilização do termo “espaço de batalha multidimensional” na resposta do oficial gerou especulações imediatas, com alguns comentaristas sugerindo que poderia ser um “lapso freudiano” apontando para a natureza dos fenômenos estudados. No entanto, outros usuários notaram que a expressão é um termo comum para a integração vertical e horizontal de forças terrestres e aéreas, e faz parte da descrição oficial do NTTR.

O Liberation Times também contatou o All-Domain Anomaly Resolution Office (AARO), o escritório de UAP do Departamento de Defesa (agora chamado de Departamento de Guerra – DoW), a respeito das alegações de Clapper. Susan Gough, porta-voz do Pentágono, declarou que “não tinha informações a fornecer neste momento”. A percepção da comunidade sobre a linguagem usada pelas autoridades se manifestou em comentários que expressam desconfiança, rotulando a comunicação como “escorregadia” e “decepcionante”.

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A pressão política e a repercussão

A evasão da USAF e do AARO só serviu para intensificar a pressão por transparência e investigação. Marik Von Rennenkampff, um ex-analista do Departamento de Estado dos EUA e nomeado na administração Obama no Departamento de Defesa (agora Departamento de Guerra), reagiu diretamente à alegação de Clapper. Após assistir à estreia do documentário, ele escreveu:

“Em ‘Age of Disclosure’, o ex-Diretor de Inteligência Nacional James Clapper afirma que um programa secreto e previamente desconhecido da Força Aérea dos EUA rastreou UAPs/UFOs, particularmente sobre a Área 51. ‘O Congresso deve investigar.’”.

A reação pública nos fóruns de discussão sobre UAPs refletiu uma crescente frustração com a falta de clareza das autoridades. Comentários expressaram que a “não-resposta” da Força Aérea é “inaceitável”, e que o público tem o direito de saber se as alegações de Clapper são verdadeiras ou não. A não negação é frequentemente interpretada como uma admissão implícita. Um comentarista, por exemplo, afirmou:

“Eles deveriam simplesmente admitir isso e dizer ‘duh. Nosso trabalho é literalmente proteger o céu. Precisamos pesquisar tudo e qualquer coisa no ar, de balões a drones a pássaros’”.

O contexto histórico dá substância à ideia de que a Força Aérea dos EUA manteve programas secretos de UAP, mesmo após o encerramento público do Projeto Bluebook em 1970. Há evidências documentadas de que um programa de estudo existiu em paralelo a Bluebook e continuou ativo depois de seu fechamento. Em 1979, durante a administração Carter, o “rascunho Bolender” foi desclassificado, mostrando que os EUA continuaram a estudar OVNIs que poderiam afetar a segurança nacional, através de um estudo paralelo já existente. As alegações de Clapper sugerem que essa continuidade se estendeu até, pelo menos, a década de 90.

A atual postura da Força Aérea, de “não ser capaz de confirmar ou negar” as alegações, é vista por muitos como uma continuação de uma política de ambiguidade calculada. Um comentarista notou o quão “surpreendente” é que, apesar de tudo o que foi descoberto sobre o assunto, a USAF tenha “praticamente recebido um passe livre em tudo isso, por todas estas décadas”. A pressão para que a Força Aérea seja transparente nunca foi tão grande, impulsionada tanto pela maior conscientização pública quanto pelas alegações de altos funcionários de inteligência.

Redação Vigília

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