Grupo cria Fundo para Divulgação UAP para cobrar transparência do governo dos EUA

Em um cenário global onde a discussão sobre Fenômenos Anômalos Não Identificados (UAPs) ganha cada vez mais relevância, uma nova organização política sem fins lucrativos e apartidária, chamada Fundo para Divulgação UAP (UAP Disclosure Fund), foi criada com o objetivo de pressionar por maior transparência governamental em relação aos Fenômenos Anômalos Não Identificados.
A iniciativa composta por cientistas, ex-militares e ex-funcionários ligados ao Departamento de Defesa (DoD) dos Estados Unidos, tem o objetivo de lançar luz sobre o tema dos UAPs, dedicando-se a apoiar novas legislações, fornecer representação legal a denunciantes, promover a pesquisa científica e aumentar a conscientização pública.
Um dos objetivos específicos de curto prazo do Fundo é lançar uma campanha para reunir apoio público para uma nova legislação UAP no National Defense Authorization Act de 2025. Esta campanha visa dar seguimento às promessas de legisladores como o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, que se comprometeram a promover a transparência em relação aos UAPs.
Em seu recente anúncio, a iniciativa apresentou seu quadro de membros trazendo alguns nomes já bastante conhecidos da recente batalha que vem sendo travada nos corredores políticos dos EUA em nome do desacobertamento ufológico; e outros nem tanto:
● Luis Elizondo, ex-chefe do Programa Avançado de Identificação de Ameaças Aeroespaciais, figura polêmica no meio ufológico, considerado um dos responsáveis pelo atual cenário de pressão sobre o governo pela liberação de informações, atua como membro do Conselho de Diretores da iniciativa.
● Garry Nolan, cientista, geneticista, renomado professor do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, ocupa uma posição no Conselho de Diretores.
● Karl E. Nell, um executivo aeroespacial, Oficial Militar Sênior Aposentado e Estrategista Corporativo, completa o trio de membros do Conselho de Diretores.
● Christopher K. Mellon, ex-secretário adjunto de Defesa para Inteligência e Diretor de Gabinete do Comitê de Inteligência do Senado, empresta seu conhecimento como membro do Conselho Consultivo.
● Kirk McConnell, ex-funcionário sênior do Comitê de Serviços Armados do Senado dos EUA, se junta a Mellon no Conselho Consultivo.
● Yuan Fung, Estrategista Política e Diretor Criativo, assume o cargo de Diretor Executivo.
● Matthew Ford, Estrategista Político e criador de “The Good Trouble Show with Matt Ford”, atua como Diretor de Estratégia.
● Lesley Duckworth, com sua sólida formação financeira, ocupa a posição de Diretora Financeira.
Uma das principais missões do UAP Disclosure Fund, como destaca Yuan Fung, é permitir que altos funcionários bem informados do aparato de defesa possam falar o que sabem de forma segura.
“Agora é a hora de agir e unir apoio para uma nova legislação que fornecerá maior transparência UAP e proteção para denunciantes”, disse Fung em nota de divulgação da iniciativa.
Para Christopher Mellon, a “transparência e abertura são consistentes com a segurança nacional. Esperamos que o público apoie nossos esforços para trazer transparência à questão UAP”.
O Fundo acredita que a verdade sobre a existência de vida extraterrestre é inegável e que a humanidade precisa estar unida nesse momento crucial. “Nunca houve um momento na história da humanidade em que a política americana, e até mesmo o mundo, concordassem que este é o momento certo para a transparência e divulgação total de UAPs”, afirma Luis Elizondo.

Advogado diz que lei impõe Data Limite para segredo: outubro de 2024
A pressão sobre o governo dos EUA para a liberação de informações sobre UAPs nunca foi tão intensa. Mesmo assim, após diversas audiências no Congresso e no Senado, com denunciantes militares e civis de alto escalão supostamente com acesso a informações sensíveis, até o momento as investigações falharam em apresentar evidências físicas ou documentais de operações e programas secretos de captura e engenharia reversa de tecnologias “não humanas”.
Enquanto o recém criado AARO – Escritório de Resolução de Anomalias de Todos os Domínios -, órgão do Pentágono para a investigação do tema, nega sistematicamente a existência de tais programas ou a posse de artefatos de tecnologia alienígena, um advogado ativista da causa UAP defende que o segredo pode estar com os dias contados.
Essa é a interpretação do advogado Daniel Sheehan do que ele mencionou apenas como “uma lei provada e assinada pelo Presidente Biden”, segundo a qual todas as seis forças armadas, 18 agências de inteligência e 32 agências do departamento de defesa dos EUA teriam até 18 de outubro de 2024 para reunir e disponibilizar, em formato digital, todas as informações coletadas sobre o fenômeno UFO e inteligência não-humana ou extraterrestre.

Daniel Sheehan, que representa diversos denunciantes UAP em ações legais, explica que a lei exige que esses órgãos “reúnam cada pedaço de informação que eles adquiriram pertencente ao fenômeno UFO e inteligência não-humana que é entendida como responsável por ele”. Essa coleta abrange dados classificados há mais de 25 anos, incluindo casos emblemáticos como o Incidente em Roswell, as Luzes de Phoenix e o encontro com o RB-47 em 1957.
A informação foi fornecida por Sheehan durante entrevista ao Podcast Freedom Act, em 27 de maio de 2024. Ele enfatizou que o Senado dos EUA votou por unanimidade para iniciar uma divulgação controlada de informações sobre o fenômeno OVNI ao longo de 7 anos, com a primeira divulgação significativa prevista para outubro de 2024.
O advogado aproveitou para criticar a mídia tradicional por não cobrir adequadamente essa história e sugeriu que isso se deve à influência de agências governamentais e corporações aeroespaciais.
Que lei de divulgação UAP é essa?
Apesar de não mencioná-la explicitamente em sua entrevista ao podcast, Daniel Sheehan referia-se à Lei de Autorização de Defesa Nacional (NDAA) de 2024, sancionada por Biden em dezembro do ano passado. O texto original recebeu uma emenda famosa na Ufologia, conhecida como Schumer-Rounds, em referência a dois de seus principais proponentes.
Apresentada em conjunto pelo líder da maioria no senado, Chuck Schumer (Democrata de Nova Iorque), e o senador Mike Rounds (Republicano de Dakota do Sul), entre outros, uma emenda à Lei de Autorização de Defesa Nacional determinou que os registros governamentais relacionados a Fenômenos Anômalos Não Identificados (UAP) carregassem a “presunção de divulgação”.
A proposta original estabelecia um modelo baseado na Lei de Coleta de Registros de Assassinato do Presidente John F. Kennedy de 1992, que criaria uma Coleção de Registros de UAP sob a curadoria de um conselho especificamente formado para esse fim. No entanto, foi amplamente cortada e modificada, mantendo basicamente alguns dispositivos determinando a divulgação dos arquivos, mas em termos muito mais limitados.
Será mais um caso de expectativa vs realidade?
Segundo o escritório de advocacia multinacional norte-americano Covington & Burling, a avaliação de Sheehan pode ser um pouco otimista demais. Em uma análise publicada pelo escritório em janeiro desse ano, eles alertaram que apesar de a NDAA obrigar a Administração Nacional de Arquivos e Registros (“NARA”) a estabelecer uma “Coleção de Registros de UAP”, partes importantes do texto ficaram de fora.
Conforme ressaltou o artigo do escritório, embora a versão inicial da emenda propusesse a tomada de controle do governo sobre materiais relacionados a UAPs em posse privada, a versão final exige apenas a coleta, transferência e revisão desses registros para possível divulgação pública. A lei atual, portanto, não obriga empresas privadas a entregar materiais relacionados a UAP, e deixa brechas que permitiriam contornar a divulgação de informações financiadas pelo governo em posse de contratados de defesa e organizações de pesquisa.
Além disso, a Coleção de Registros do Arquivo Nacional — que já começou a ser disponibilizada ao público neste site — tem prazo até 23 de outubro de 2024 (e não 18) até que os escritórios do governo concluam a identificação, revisão e envio dos registros de OVNIs sob sua custódia. A divulgação inicial, repetindo o padrão das últimas liberações, não representou qualquer acréscimo à coleção de provas ou evidências documentais definitivas para as principais alegações dos denunciantes UAP até o momento.
Mesmo assim, a transmissão desses registros ao NARA, onde serão disponibilizados para inspeção pública, foi flexibilizada. A NDAA estabelece que o gabinete do governo pode adiar a divulgação pública de um registro caso determine que ele representa uma grave ameaça à defesa militar, às operações de inteligência ou à condução das relações externas.
O Congresso deverá ser informado num prazo de 15 dias de qualquer decisão de adiamento da divulgação pública de um registro de UAP. Embora todos os registros sujeitos a adiamento devam ser revistos periodicamente para desclassificação, a divulgação pública de tais registros não é obrigatória antes de 25 anos após a primeira criação do registro. Mas um detalhe é importante: a lei prevê que os registros relacionados aos OVNIs criados por pessoas ou entidades não federais não são elegíveis para adiamento.
Assim, ainda é uma incógnita se a atual legislação terá realmente poder para alterar alguma coisa na cena UAP dos EUA e colocar o governo americano em uma sinuca de bico. É claro que a data limite de outubro de 2024 se aproxima e o mundo aguarda ansiosamente por respostas. Mas a julgar por movimentos como a criação do Fundo de Divulgação UAP e os conteúdos inconclusivos e carentes de provas liberados até agora, é melhor esperar sentado.