Kona Blue: um programa concreto de recuperação de UFOS ou mais uma miragem?

O mais recente relatório divulgado pelo Escritório de Resolução de Anomalias em Todos os Domínios (AARO), como parte de uma revisão história do tema UFO/UAP, voltou a causar polêmica na Ufologia norte-americana e mundial por identificar um projeto com uma história para lá de suspeita: o Projeto “Kona Blue”. Segundo o AARO, o escritório só tomou conhecimento do Kona Blue a partir de entrevistas realizadas como parte dessa revisão histórica.
Em resumo, o Kona Blue foi uma proposta de Programa Prospectivo de Acesso Especial (PSAP) apresentada ao DHS (Departamento de Segurança Interna) em 2011. Tratava-se de um compartimento sensível para a investigação de “biológicos não humanos”. Ele teria se originado no âmbito do programa AAWSAP/AATIP, gerenciado pela DIA (Agência de Inteligência de Defesa). Seu objetivo específico seria investigar “veículos aeroespaciais avançados”. Mais explicitamente, “continuar o trabalho previamente realizado pelo Programa de Identificação de Ameaças Aeroespaciais Avançadas (AATIP) do Departamento de Defesa para investigar, identificar e analisar materiais e tecnologias sensíveis, incluindo veículos aeroespaciais avançados”, de acordo com o relatório.
Para atingir seus objetivos, o programa teria acesso a a imagens de satélites e aparato de vigilância sobre outros países, como Canadá, México e Caribe. Num aspecto ainda mais controversa, a proposta retomava a perspectiva de usar visão remota, remontando ao Projeto Stargate, que teve início na década de 1970 e foi oficialmente encerrado em 1995. O Stargate tinha como objetivo investigar a capacidade de indivíduos de perceber e descrever informações sobre locais distantes, sem o uso dos cinco sentidos tradicionais.
A proposta de criação do Kona Blue nasceu em 2011, já no final do AAWSAP/AATIP, que funcionou de 2009 a 2012, mas foi encerrado, ainda segundo o documento, por “falta de mérito e falta de utilidade nos produtos entregues pela Bigelow Aerospace para a missão da DIA”.
Em 2011, o Subsecretário de Ciência e Tecnologia do DHS teria estabelecido o Kona Blue como um PSAP, citando “interesse congressual no assunto e possíveis impactos na segurança interna” como parte da justificativa. No entanto, seis meses depois, o Vice-Secretário do DHS desaprovou o Kona Blue como um Programa de Acesso Especial e ordenou seu encerramento imediato, expressando “preocupações sobre a adequação da justificativa para o programa e a insuficiência das informações centrais para o desenvolvimento da proposta, incluindo requisitos de pessoal e orçamento”.
O relatório afirma categoricamente: “É fundamental apontar que, embora alguns funcionários do DHS acreditassem que informações e materiais relevantes seriam entregues ao DHS após o estabelecimento do SAP, nenhum dado ou material de qualquer tipo foi transferido ou coletado pelo DHS sob os auspícios do Kona Blue.”
Afinal, existiu ou não?
A menção aberta ao Kona Blue no relatório gerou muitas especulações na comunidade Ufológica internacional. Envolto em mistério e incertezas, sua revelação desencadeou uma onda de discussões acaloradas e questionamentos sobre os segredos guardados nos bastidores do governo.
John Greenewald, Jr., editor do TheBlackVault conhecido pelo escrutínio incansável da documentação governamental relacionada a temas insólitos via FOIA (Lei da Liberdade de Informação), lançou uma luz sobre as ambiguidades do Kona Blue. Em sua análise, ele destaca a ironia presente nas inconsistências do relatório, sugerindo que os agentes envolvidos no projeto parecem incapazes de manter fatos básicos alinhados, mesmo em níveis de segurança “Top Secret”.
Enquanto isso, alguns usuários lembraram que o apresentador Tucker Carlson disse a Joe Rogan, durante uma conversa no Podcast de Rogan, que o próprio ex-chefe da AATIP, Lue Elizondo, teria dito a Carlson que o programa OVNI Kona Blue é “100% legítimo”. A divulgação do Kona Blue impressionou Elizondo, uma vez que aparentemente ele teria assinado um documento dizendo que nunca falaria sobre Kona Blue e esforços semelhantes.
Apesar das especulações online de que o Kona Blue poderia ser uma nova tentativa de recuperar e ocultar provas de tecnologia extraterrestre, o documento revelado insiste que “Nunca se recolheu naves ou corpos extraterrestres; esse material foi apenas presumido como existente pelos defensores do Kona Blue e seus contratados previstos”. Além disso, o relatório indica que a proposta original partiu dos mesmos participantes do AATIP/AAWSAP, sugerindo que pudesse ser uma iniciativa no sentido de manter a todo custo uma operação relacionada a temas insólitos.
Se o Projeto Kona Blue de fato nunca passou de uma proposta rejeitada, que nunca recebeu fundos, materiais ou implementação real, a apuração completa a partir da grande polêmica gerada pela divulgação ainda deve determinar. Mas é certo que sua revelação deve reacender o embate de bastidores entre os políticos norte-americanos no Congresso e a comunidade de defesa. Uma disputa que andava morna ultimamente com a falta de evidência concretas desde que surgiram os primeiros denunciantes de programas de recuperação de tecnologias “não humanas”.
É possível baixar o texto completo sobre o Kona Blue neste link.