Luz de estrelas e criptografia: o segredo de extraterrestres indetectáveis?

Luz de estrelas e criptografia: o segredo de extraterrestres indetectáveis?
Inspeção do espelho de um telescópio. Comunicação criptografada de extraterrestres seria indetectável para nós, mesmo usando luz de estrelas (Imagem de <a href="https://pixabay.com/pt/users/wikiimages-1897/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=74034">WikiImages</a> por <a href="https://pixabay.com/pt/?utm_source=link-attribution&utm_medium=referral&utm_campaign=image&utm_content=74034">Pixabay</a>)

Para a ciência, a existência de vida inteligente além da Terra ainda é apenas uma possibilidade. Uma das grandes, mas ainda assim uma questão de probabilidades. E é assim porque nossos modernos telescópios e instrumentos de monitoramento, até agora, pelo menos oficialmente, não conseguiram detectar nenhum sinal de comunicação ou atividade advindas da enorme quantidade de civilizações extraterrestres que potencialmente povoam o universo.

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Esse tema sempre gera grande especulação e resultou numa elaboração, criada pelo físico Enrico Fermi, que ficou conhecida como Paradoxo de Fermi. O paradoxo trata justamente dessa aparente contradição entre as altas estimativas de probabilidade de existência de alienígenas e a falta de evidências ou contato eles. Ele se contrapõe à famosa Equação de Drake, formulada pelo astrônomo Frank Drake, em 1961. A partir dos cálculos propostos por Drake, conforme aumenta nosso conhecimento e a contagem de exoplanetas, entre outros fatores mais ou menos especulativos, maiores as chances de coabitarmos o universo com civilizações alienígenas inteligentes.

Um professor de Física Quântica do Imperial College, em Londres, chamado Terry Rudolf, resolveu debruçar-se sobre o tema e acredita que a própria luz visível das estrelas pode ser uma forma encontrada pelas civilizações alienígenas avançadas para comunicarem-se entre si a grandes distâncias. Ele publicou um artigo sobre o tema no repositório científico ArXiv.

A ideia do cientista não se trata meramente de uma espécie de código morse interplanetário, como parece à primeira vista. Bem mais complexa, a proposta de Rudolf conceitua que uma civilização alienígena suficientemente avançada poderia usar fótons entrelaçados de várias estrelas para enviar mensagens a distâncias inimagináveis. E embora esta teoria pareça bizarra, é absolutamente concebível de ponto de vista da física como a conhecemos.

O entrelaçamento quântico é um fenômeno que ocorre quando duas ou mais partículas se unem aparentemente sem uma conexão aparente. Já é um processo bastante conhecido da física quântica. Não importa quão distantes estejam, uma mudança de estado na primeira partícula refletirá imediatamente na sua contraparte entrelaçada. As observações de uma das partículas entrelaçadas podem revelar automaticamente informações sobre as outras partículas.

“A difração de fótons no espaço distribui o entrelaçamento”, explica Rudolf.

A teoria de Rudolf explora a ideia de que uma civilização cuidadosa poderia “esconder sua dispersão de entrelaçamento fotônico usando a luz térmica já emitida”. Isso significa que as primeira emissões levaram seriam enviadas como sinais aparentemente convencionais, de forma similar aos sinais captados por telescópios. Mas os receptores precisariam realizar cálculos quânticos distribuídos, usando ótica linear e a contagem de fótons. Caso contrário, as mensagens poderiam simplesmente ser confundidas com ruído de fundo.

A computação distribuída ainda necessitaria de comunicação tradicional entre receptores. Porém exigiria saber o número de fótons nos modos que eles — os alienígenas — escolheram empregar, o que também exigiria a realização de uma medição quântica.

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“Como a luz térmica que eles estão medindo é diagonal em termos de números, esse processo pode ser tornado, em princípio, indiscernível para nós”, escreveu Rudolf.

O que Rudolf quer dizer é que isso funcionaria como uma espécie de criptografia dos extraterrestres, uma mensagem cifrada para a qual ainda não temos a chave.

Caso exista uma civilização extraterrestre ultra tecnológica mesmo fora dos limites da Via Láctea emitindo muitas mensagens universo afora, nós, humanos, não desenvolvemos ainda este tipo de tecnologia complexa para entendermos a criptografia e participarmos da conversa, e isso pode ser a explicação para o fato de não termos encontrado ainda nenhuma evidência de vida extraterrestre.

Comunicação de extraterrestres com criptografia seria indistinguível

Aliás, não é a primeira vez que alguém apresenta a ideia do uso da criptografia para explicar a ausência de mensagens extraterrestres considerando a enorme possibilidade de o Universo estar povoado delas. Edward Snowden, o ex-analista da NSA, que denunciou o governo dos Estados Unidos por uso ilegal de escutas de cidadãos norte-americanos e do mundo todo, ponderou isso em 2015.

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Em setembro daquele ano, em entrevista ao podcast StarTalk, do astrofísico e comunicador científico Neil deGrasse Tyson, ele falou sobre a possibilidade de a criptografia de dados estar dificultando a interceptação de comunicações extraterrestres.

“Se você olhar para a comunicação criptografada, se ela estiver devidamente criptografada, não há uma maneira real de saber se ela está criptografada.(…) Você não consegue distinguir uma comunicação criptografada corretamente de um comportamento aleatório”, ponderou Edward Snowden.

Para Snowden, à medida que as sociedades humanas e alienígenas se tornam mais sofisticadas e passam de “comunicações abertas” para comunicações criptografadas, os sinais transmitidos rapidamente deixarão de parecer sinais reconhecíveis.

Curiosamente, o ex-analista, exilado na Rússia, teve acesso a alguns dos mais secretos arquivos do governo dos EUA. Mas garante nunca ter encontrado qualquer material que se referisse a UFOs ou extraterrestres.

Com informações de ZAP Aeiou, Interesting Engineering e ArXiv.

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Redação Vigília

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