Na escuta? Extraterrestres podem nos enviar mensagens a partir de 2029!
A Rede de Espaço Profundo da NASA ajuda a Terra a fazer chamadas de longa distância e manter controle sobre suas sondas robóticas. Mas sua existência também significa que provavelmente já iniciamos várias ligações do tipo DDI: Discagem Direta Interplanetária. E as mensagens de respostas extraterrestres podem começar a chegar a partir de 2029!
Os humanos usam transmissões de rádio para se comunicar pela Terra há mais de uma centena de anos. Essas ondas escapam para o espaço e acabam denunciando nossa presença no universo. No entanto, esse sinal é fraco e tem um alcance extremamente limitado. Contudo, nos últimos anos, nós também enviamos sinais bem mais fortes para além do nosso planeta: comunicações com nossas sondas espaciais mais distantes, como a famosa nave espacial Voyager e Pioneer.
À medida que os sinais de rádio viajam pelo espaço, eles se espalham e ficam mais fracos e difíceis de detectar. Extraterrestres moradores ou estacionados ao redor de uma estrela próxima provavelmente não notarão o vazamento fraco de TVs e outros pequenos dispositivos. No entanto, os comandos que enviamos para sondas pioneiras, na fronteira do Sistema Solar — como as Voyager 1 e Voyager 2, Pioneer 10, Pioneer 11 e New Horizons, entre outras — exigem uma transmissão muito mais focada e poderosa da Rede de Espaço Profundo (DSN, da sigla em inglês) da NASA, uma matriz global de antenas parabólicas projetadas para comunicações espaciais.
Em um artigo publicado em 20 de março na revista Publications of the Astronomical Society of the Pacific, cientistas traçaram os caminhos dessas poderosas transmissões de rádio a partir da Terra em direção a várias missões espaciais e determinaram quais estrelas — junto com quaisquer planetas com possível vida alienígena ao redor delas — estão melhor posicionadas para interceptar nossas mensagens.
A proposta dos pesquisadores, ligados à iniciativa Breakthrough Listen, era fazer uma lista de estrelas que encontrariam os sinais da Terra no próximo século. Mas o que eles descobriram é que civilizações alienígenas poderiam receber as transmissões e enviar uma mensagem de retorno já em 2029.
“Esta é uma ideia famosa de Carl Sagan, que a usou como tema de enredo no filme Contato”, explicou Howard Isaacson, astrônomo da Universidade da Califórnia em Berkeley e co-autor do trabalho.
No entanto, qualquer estudo envolvendo vida extraterrestre ainda esbarra no preconceito. Kaitlin Rasmussen, astrobióloga da Universidade de Washington não afiliada ao artigo, em matéria na Popular Science chamou este estudo de “um exercício interessante, mas improvável de produzir resultados”. Os resultados, neste caso, seriam alienígenas contatando a Terra através de uma mensagem de rádio dentro de um determinado período.
Mensagens extraterrestres agendadas para os próximos anos
As ondas da rede de espaço profundo não param nas espaçonaves alvo, claro. Esses sinais eletromagnéticos viajam à velocidade da luz e continuam indefinidamente no espaço onde, eventualmente, alcançam outras estrelas. No estudo, os pesquisadores calcularam que um sinal enviado ao Pioneer 10 atingiu uma estrela morta conhecida como anã branca há cerca de 27 anos-luz da Terra em 2002. Se houver uma civilização alienígena perto desta estrela morta o “oi, tudo bem também” poderá nos alcançar já em 2029.
Mais oportunidades para mensagens de retorno surgirão na próxima década. Sinais enviados à Voyager 2, por volta de 1980 e 1983, atingiram duas estrelas em 2007: uma que está a 26 anos-luz de distância e uma anã marrom que está a 24 anos-luz, respectivamente. Se os alienígenas enviassem uma resposta de qualquer um dos sistemas estelares, ela poderia chegar à Terra no início dos anos 2030.
Este trabalho “fornece aos pesquisadores da Busca por Inteligência Extraterrestre um grupo mais restrito de estrelas para se concentrar”, diz o autor principal do estudo, Reilly Derrick, estudante de engenharia da Universidade da Califórnia em Los Angeles.
Derrick e Isaacson propõem que os radioastrônomos possam usar suas listas de estrelas para ouvir mensagens de retorno em horários predeterminados. Por exemplo, em 2029 eles podem querer apontar alguns dos principais radiotelescópios da Terra para a anã branca que recebeu a mensagem do Pioneer 10.
Mas outros astrônomos são céticos. “Se uma resposta fosse enviada, nossa capacidade de detectá-la dependeria de muitos fatores”, disse Macy Huston, astrônoma da Penn State à Popular Science. Esses fatores incluem “por quanto tempo ou com que frequência monitoramos a estrela para uma resposta e por quanto tempo ou com que frequência o sinal de retorno é transmitido”.
Apenas um milionésimo do volume da Via Láctea
Enquanto a Ufologia debate se podemos já estar sendo visitados, a ciência oficial ainda considera muitas incógnitas para tratar seriamente a possibilidade de existir vida alienígena, ainda mais inteligente. Em particular, os astrônomos não têm certeza se as estrelas deste estudo sequer têm planetas — embora com base em outros estudos de exoplanetas, é provável que pelo menos uma fração delas tenha.
Além disso, mesmo os sinais da DSN provavelmente ainda chegarão muito fracos a distâncias tão grandes. Então não está claro quão realmente plausível é para civilizações em outras estrelas detectarem nossas transmissões.
“Nossas transmissões pequenas e infrequentes dificilmente resultarão em uma detecção da humanidade por extraterrestres”, diz Jean-Luc Margot, astrônomo de rádio da Universidade da Califórnia em Los Angeles, outro pesquisador que não esteve envolvido no artigo recente. Ele explica que nossas transmissões de rádio atingiram apenas um milionésimo do volume da Via Láctea.
“A probabilidade de outra civilização residir nesta pequena bolha é extraordinariamente pequena, a menos que haja milhões de civilizações na Via Láctea”, diz ele. Mas se eles estiverem lá fora, pode haver um momento e um lugar para capturar a evidência.
Para quem ainda não fechou questão com a possibilidade de visitação extraterrestre, defendida por parcela importante da Ufologia, e, principalmente, para quem conhece o conceito de Floresta Sombria, talvez essa não seja uma má notícia, afinal!
