Novo denunciante expõe “Immaculate Constellation”, programa secreto de OVNIs dos EUA

Um novo e explosivo testemunho sobre programas secretos envolvendo Fenômenos Anômalos Não Identificados (UAPs, sigla em inglês para OVNIs) emergiu publicamente nesta semana. Matthew Brown, identificado como um ex-oficial de inteligência e autor de um relatório sobre um suposto programa chamado “Immaculate Constellation” (ImCon), decidiu revelar sua identidade e conhecimento em uma entrevista exclusiva dividida em três partes no podcast “Weaponized”, apresentado pelos jornalistas investigativos Jeremy Corbell e George Knapp.
O primeiro episódio foi ao ar nesta terça-feira (29), trazendo à tona detalhes sobre um programa que operaria nas sombras, fora do escrutínio do Congresso.
O Programa “Immaculate Constellation”, ou Constelação Imaculada
O termo “Immaculate Constellation”, ou “ImCon”, começou a circular discretamente em 2024 entre investigadores de UAPs e chegou ao conhecimento do Congresso americano. Conforme relatado anteriormente pelo Portal Vigília, baseado em informações iniciais fornecidas anonimamente por Brown via Corbell, ImCon seria um Programa de Acesso Especial Não Reconhecido (Unacknowledged Special Access Program – USAP), alojado especificamente sob controle do Pentágono.
Sua função, se acordo com uma denúncia inicial feita pelo jornalista independente Michael Shellenberger, seria a de “um programa guarda-chuva projetado para desviar relatórios e inteligência de UAPs da Inteligência Militar para um repositório classificado”. Essa inteligência incluiria “dados de plataformas multissensores (por exemplo, inteligência de imagens de alta qualidade [IMINT] e inteligência de medição e assinatura [MASINT]), como infravermelho, vídeo em movimento total e fotografia estática, usando ativos que variam da órbita baixa da Terra ao nível do solo.”
O programa usaria inteligência artificial para vasculhar secretamente servidores classificados das Forças Armadas e agências de inteligência dos EUA em busca de imagens e dados sobre encontros com UAPs.

Apesar de um relatório sobre o ImCon, escrito por Brown (então anônimo), ter sido fornecido ao Congresso meses antes de uma audiência pública sobre UAPs em 2024, o assunto foi “amplamente ignorado” e a origem do relatório “grosseiramente distorcida por membros”, segundo a introdução do podcast. O Pentágono, por sua vez, negou oficialmente a existência de tal programa dentro do Departamento de Defesa, como também coberto pelo Vigília na época da audiência que interrogou outros denunciantes como David Grusch, mas terminou sem provas concretas apresentadas publicamente.
As credenciais de Matthew Brown
Para substanciar suas alegações, Brown detalhou seu histórico profissional. Ele afirma ter trabalhado tanto na comunidade de inteligência quanto nas forças armadas, ocupando um cargo no Pentágono por pouco mais de cinco anos. Seu trabalho inicial focava em armas de destruição em massa (WMD).
Crucialmente, Brown revela ter possuído uma credencial Top Secret SCI (Informação Compartimentada Sensível) emitida pela Agência de Inteligência de Defesa (DIA). “[Essa credencial] me dava acesso a informações muito sensíveis e críticas através do governo dos Estados Unidos”, explicou Brown, ressaltando que lidava com diversas fontes de inteligência. Ele também atuou como contratado (contractor) realizando trabalhos para o Pentágono. Ele descreveu sua função governamental como sendo “muito pesada”, mas sentia que era uma “missão nobre e boa defender os Estados Unidos da América”.
Motivações para vir a público
A decisão de Brown de abandonar o anonimato e arriscar graves consequências não foi tomada levianamente. Ele expressa uma profunda preocupação com o “custo humano do segredo”, afirmando que ela “tem sido defendida ao custo da dignidade humana, liberdade e progresso”. Para ele, é inaceitável continuar privando futuras gerações de seu “direito de nascença de saber quem são, de onde vieram e o que está conosco”.
Sua desilusão com o sistema também pesou. Brown sente que “realmente não há espaço para as pessoas agirem de acordo com sua consciência e nossos ideais constitucionais por dentro”. O ponto de inflexão parece ter sido o conhecimento da “decepção do nosso governo por elementos de nossa comunidade de inteligência”, percebida ao ler as transcrições do briefing de Sean Kirkpatrick (ex-diretor do escritório de UAPs do Pentágono, AARO) a senadores e observar as reações internas após o testemunho do também denunciante David Grusch.
Apesar do “custo pessoal significativo” – Brown menciona estar “abrindo mão do futuro que fiz para mim mesmo” e enfrentar riscos que incluem “prisão perpétua e a possibilidade de execução” – ele sentiu que, após esgotar as tentativas internas, algo “muito maior” o pressionava a dar este passo.
As revelações: o que Brown realmente viu?

Brown relata ter tido acesso a informações anômalas antes mesmo de encontrar o documento sobre ImCon. Ele afirma ter visto vídeos de UAPs em redes classificadas do Pentágono (JWICS), postados por militares e oficiais de inteligência. “O conteúdo desses vídeos”, disse ele, “era semelhante aos vídeos Tic Tac, Go Fast e Gimbal… mas com muito mais duração”, descrevendo os objetos como “anômalos, exóticos e inexplicáveis, e avançados”. Ele também observou “fenômenos estranhos”, como orbes perto de instalações nucleares, em feeds de vigilância ao vivo.
O cerne de seu testemunho é a descoberta acidental, no início de 2018, de um documento em um servidor compartilhado no Pentágono, rotulado como “2018 Shrivever war game“. Este documento continha:
- A descrição do “Immaculate Constellation” como um USAP com missão de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (ISR) global para UAPs e “RVs/ARVs” (Veículos de Reprodução Reversa/Alienígena, sigla usada no documento para rotular os objetos).
- Uma imagem colorida e descrição de um incidente no Oceano Pacífico mostrando um “grande triângulo negro” flutuando sobre navios de inteligência russos perto de Kamchatka. A análise no documento, segundo Brown, sugeria que os russos tinham “conhecimento prévio” da aparição do veículo (rotulado como RV/ARV), embora não o controlassem.
- Slides mostrando “orbs” coletados globalmente, reforçando a natureza mundial da coleta de dados do programa.
Ausência de provas ou estratégia?
É crucial notar que Brown não alega ter cópias dos documentos ou vídeos classificados originais. Sua “prova” reside em seu testemunho detalhado e no relatório que aparentemente ele próprio redigiu sobre o ImCon, baseado em suas experiências e no documento que viu, e que foi submetido ao Congresso.
Jeremy Corbell enfatiza que Brown “não vazou nada”, posicionando-o como um denunciante expondo a ocultação, e não como alguém que exfiltrou material classificado – uma distinção legalmente importante.
Esse detalhe pode ser importante pois atua como uma faca de dois gumes: tanto isenta Brown de apresentar provas no futuro quanto serve de justificativa para a ausência delas, já que um vazamento real daria maior brecha para um pesado processo legal pelo governo. Num caso desses, Brown poderia pegar prisão perpétua ou até mesmo condenado à execução por alta traição, segundo sugerem os entrevistadores ao longo da entrevista.
Próximos passos e expectativas
A entrevista de Matthew Brown é apenas a primeira de três partes. Corbell e Knapp planejam lançar a Parte II na próxima semana, com a estratégia de “deixar a mídia ABSORVER para que possamos chegar ao próximo passo nesta divulgação”, conforme explicou Corbell. Eles veem o jornalismo público e a “bravura de denunciantes” como o caminho necessário agora, após tentativas frustradas de trabalhar pelos canais oficiais.
Um apelo direto foi feito ao público para gerar apoio nas redes sociais com a hashtag #ProtectWhistleblowers (#ProtejamDenunciantes), visando pressionar por transparência e talvez influenciar futuras ações no Congresso, onde Corbell menciona uma oportunidade para “testemunhos significativos” em maio de 2025.
A vinda a público de Matthew Brown, com suas credenciais verificáveis e alegações específicas sobre um programa secreto de monitoramento de UAPs supostamente ligado à Casa Branca, representa um desenvolvimento significativo na contínua saga da divulgação sobre OVNIs, adicionando pressão sobre as estruturas governamentais para maior transparência e supervisão.

O “Momento Snowden” da Ufologia?
A decisão de Brown de confrontar o sistema, revelando detalhes de um programa secreto específico como o ‘Immaculate Constellation’, inevitavelmente traz à mente o paralelo com Edward Snowden, que abalou o mundo ao vazar documentos comprovando a vigilância em massa da NSA. Contudo, uma distinção crucial permanece: enquanto Snowden forneceu os próprios documentos classificados, Brown, até o momento, oferece seu testemunho detalhado sobre o que viu e um relatório de sua autoria submetido ao Congresso.
A questão premente que surge é se ele conseguirá ser o ‘Snowden’ que o campo da Ufologia anseia – o catalisador com provas irrefutáveis – ou se, apesar de suas credenciais e da especificidade de suas alegações, seguirá um caminho mais próximo ao de David Grusch: um denunciante cujas informações impactaram o debate e a legislação, mas que ainda não apresentou ao público as ‘armas fumegantes’ verificáveis que muitos esperam. O peso da prova, na ausência do material original que descreve, recairá sobre a credibilidade e a consistência de seu testemunho nas partes subsequentes de sua revelação.
A seguir, a integra da entrevista no Weaponized: