Com recuperação do booster da Starship, o Super-Heavy, SpaceX vai acelerar corrida espacial

Com recuperação do booster da Starship, o Super-Heavy, SpaceX vai acelerar corrida espacial
Aproximação final controlada do booster da Starship, momentos antes da captura pelos braços do 'mechazilla' (reprodução SpaceX - X.com)
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No dia 13 de outubro de 2024, a SpaceX alcançou um marco importante na exploração espacial com a recuperação bem-sucedida do booster da Starship, o Super-Heavy, após um voo de teste do conjunto composto pela nave e o impulsionador. Esse lançamento, realizado a partir da base Starbase, no Texas, faz parte dos esforços da empresa de Elon Musk para desenvolver uma tecnologia de foguetes reutilizáveis ​​e acessíveis, voltada principalmente para missões tripuladas de longo prazo, como as que visam a colonização de Marte.

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O teste foi a quinta tentativa com o sistema Starship e o primeiro em que o booster foi recuperado com sucesso usando um sistema inovador. A SpaceX utilizou um conjunto de braços mecânicos, apelidados de “Mechazilla” (uma espécie de “Godzilla metálico”), para capturar o impulsionador logo após retornar ao ponto de lançamento. Esta estratégia de recuperação é central no modelo de reutilização rápida que a empresa busca desenvolver, pois reduz o tempo entre os lançamentos e, por consequência, os custos operacionais.

Musk, em suas redes sociais, comemorou a realização, declarando que “esse sucesso demonstra que estamos no caminho certo para tornar a exploração espacial acessível e frequente”. A recuperação do Super-Heavy reforça o compromisso da empresa com a viabilização de viagens interplanetárias, além de criar um precedente importante para o futuro de missões mais frequentes à Lua, Marte e outros destinos do Sistema Solar.

Apesar do sucesso, o lançamento não foi isento de desafios. A missão atrasou devido à necessidade de revisões e aprovações regulatórias por parte da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA), algo que Musk criticou publicamente. Em setembro de 2024, ele afirmou em uma publicação no blog da empresa que “é frustrante que o processo burocrático demore mais que o desenvolvimento do hardware”, referindo-se à morosidade das aprovações ambientais permitidas para os testes de grande escala.

Starship conduzida à estratostera pelo Super Heavy, pouco antes da explosão. (Reprodução/YouTube)
Starship conduzida à estratosfera pelo Super-Heavy Reprodução/YouTube)

O voo também incluiu o teste do segundo estágio da Starship — a nave que deverá levar tripulações no futuro — que foi lançado ao espaço antes de realizar um pouso controlado no Oceano Índico, sem previsão de recuperação desse estágio. O sucesso geral da missão foi um passo importante para o desenvolvimento do programa espacial da SpaceX, que já tem como meta a próxima participação no programa Artemis, da NASA. Esse programa visa levar humanos de volta à Lua, com a Starship sendo o veículo designado para entregar os astronautas em solo lunar e servir como base, em missões previstas para os próximos anos.

A repercussão da missão na mídia mundial foi extremamente positiva, com especialistas confirmando os avanços da SpaceX na reutilização de foguetes. Os veículos destacaram a importância da recuperação do booster para a redução de custos nas viagens espaciais. No entanto, também surgiram críticas sobre o impacto ambiental dos lançamentos frequentes e os riscos associados à possibilidade de aumento de detritos espaciais no futuro próximo, uma preocupação crescente à medida que o número de testes aumenta.

Retorno rápido do Super-Heavy e relatório de avarias

Após o teste bem-sucedido, Elon Musk inspecionou o booster da Starship, agora posicionado novamente no bloco de lançamento, poucas horas após o retorno do impulsionador.

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O bilionário relatou que, apesar de algumas deformações nas saídas dos motores, causadas pelo aquecimento extremo durante o voo, e pequenos danos adicionais, essas variações são de fácil reparo. Segundo Musk, o objetivo é que o booster seja reutilizado dentro de uma hora após o lançamento.

Ele também comentou em um post no X.com (o antigo Twitter) que o tempo de retorno do booster no local de lançamento foi de cerca de cinco minutos, e o sistema foi projetado para que, em uso regular, o restante do processo envolva apenas reabastecimento e reposicionamento da nave para o próximo voo.

 

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Uma recuperação e preparação de nova partida nesta velocidade parece um pouco ambiciosa demais no momento, mas vale ressaltar que além de uma ferramenta para baratear viagens interplanetárias, a SpaceX sempre tratou o conjunto como uma espécie de novo meio de transporta rápido. A proposta é encurtar o tempo de voo para qualquer lugar na superfície da Terra para até uma hora, uma das razões pelas quais a nave está sendo projetada para levar até 100 passageiros.

Novos testes e planos para o futuro da Starship

A missão deste domingo, 13 de outubro de 2024, reforça a visão de longo prazo de Musk de transformar a humanidade em espécie uma multiplanetária. A Starship é projetada para ser o veículo que permite o transporte de grandes quantidades de carga e passageiros em missões para Marte. Musk tem defendido que a presença de uma humanidade permanente em Marte é uma necessidade para garantir a sobrevivência da civilização diante de possíveis inovações globais. “O sucesso desse voo é um grande passo nessa direção”, afirmou o bilionário após a missão.

Os próximos passos da SpaceX envolvem o aprimoramento contínuo do sistema Starship, com o objetivo de torná-lo totalmente reutilizável. Para o próximo, desta vez não será necessária uma investigação e aprovação do órgão regulador dos EUA, a FAA, já que tudo saiu como previsto. A empresa já planeja novos voos de teste, com expectativas de realização de missões operacionais para a Lua nos próximos dois anos. Além disso, o desenvolvimento contínuo da Starship é visto como crucial para a meta de Musk de iniciar missões tripuladas a Marte ainda na próxima década, consolidando a posição da SpaceX como uma das líderes na nova era da exploração espacial.

A missão de 13 de outubro representa um feito técnico impressionante, mas também um marco dentro de um plano muito mais ambicioso: estabelecer uma presença permanente da humanidade fora da Terra, com Marte como o próximo destino no horizonte. A enorme capacidade de carga do sistema da SpaceX (até 150 toneladas) e a versatilidade de sua nova nave espacial, prevista para ter, até o momento, uma participação muito específica no projeto Artemis, da NASA, pode provocar reflexos significativos nos planos da agência espacial norte-americana, que enfrenta problemas de custos e atrasos com a cápsula Órion e principalmente com o seu foguete SLS, fabricado pela Boeing.

Redação Vigília

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