Relato de suposta denunciante sobre alienígenas viraliza no Reddit

Relato de suposta denunciante sobre alienígenas viraliza no Reddit
O relato da suposta denunciante Rhea, que viralizou no Reddit e gerou frenesi na Internet (Montagem criada com IA)

Uma postagem publicada no fórum r/UFOs do Reddit, uma das maiores comunidades online dedicadas à discussão de Objetos Voadores Não Identificados, gerou um frenesi digital nos últimos dias, atraindo a atenção de entusiastas, céticos e observadores casuais. A autora, uma usuária que se identifica apenas como “Rhea”, alega ser uma denunciante recém-aposentada de um programa de acesso especial dos Estados Unidos, motivada a falar publicamente após assistir a documentários recentes, como The Age of Disclosure, onde oficiais de alto escalão começaram a discutir abertamente temas que ela afirma serem verdadeiros. O relato, que rapidamente se espalhou por outras redes sociais, detalha uma suposta história oculta da humanidade que envolveria vigilância extraterrestre há bilhões de anos e a existência de uma civilização humana paralela vivendo em outro sistema estelar.

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Rhea apresenta-se como especialista em eletro-óptica, tendo servido oito anos nas forças armadas antes de passar mais de uma década em um componente da Comunidade de Inteligência (Intelligence Community – IC) dos EUA que oficialmente não existe. Segundo ela, seu trabalho envolvia o suporte a operações de inteligência de sinais (Signals Intelligence – SIGINT) e inteligência humana (Human Intelligence – HUMINT), até ser transferida para um grupo de trabalho interagências focado em sistemas aeroespaciais e submarinos anômalos. A suposta denunciante descreve seu ambiente de trabalho como “um compartimento dentro de um compartimento”, onde anomalias de sensores que persistiam por décadas e em diferentes países deixaram de ser tratadas como falhas técnicas para serem reconhecidas como “padrões de uma inteligência não humana”.

O cerne do depoimento de Rhea gira em torno do que ela chama de “O Conselho”, que seria um coletivo de civilizações avançadas, possivelmente interdimensionais, que monitora a Terra há cerca de dois bilhões de anos, desde que “assinaturas biológicas” na atmosfera do nosso planeta ativaram seus sensores remotos. De acordo com a narrativa, a Terra é apenas um entre bilhões de planetas monitorados por imensos arranjos de instrumentos distribuídos pelo cosmos. Rhea afirma categoricamente que muitas das anomalias detectadas em nossos oceanos e céus não são naves tripuladas, mas sim sondas automatizadas e instalações de fabricação autorreplicantes que operam no fundo do mar, um ambiente escolhido por sua estabilidade geológica e isolamento das turbulências da superfície.

A parte mais controversa e detalhada do relato envolve um suposto experimento realizado há 10.000 anos, quando o Conselho teria removido cerca de 65.000 humanos da Terra para evitar um “gargalo genético” (seja lá o que isso significa) e os realocado em um planeta orbitando a estrela 82 Eridani. Rhea alega que esses humanos, chamados internamente de “Erids”, foram colocados em um ambiente livre de escassez material, com sistemas automatizados provendo todas as suas necessidades básicas.

O resultado desse experimento, segundo ela, é que os Erids estariam hoje, em média, 5.000 anos à frente de nós tecnologicamente. A denunciante argumenta que o acobertamento governamental, iniciado nos anos 1940 e 1950, foi motivado não apenas pelo medo de alienígenas, mas pelo pavor das implicações sociopolíticas de uma sociedade humana que prosperou sem dinheiro, propriedade privada ou escassez, o que ela descreve ironicamente como “uma propaganda ambulante e falante para o comunismo espacial”.

 

You wanted Disclosure…. I am a whistleblower recently “retired” from the inside. And you’re only getting part of the truth.
byu/rhea-15510 inUFOs

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Repercussão imediata e ceticismo: a semelhança com a ficção científica

A viralização do post foi impulsionada pela riqueza de detalhes técnicos e pela consistência interna da narrativa, que mistura uma sincrética gama de conceitos científicos avançados, como assinaturas biológicas e propulsão de Alcubierre, com tropos clássicos da ufologia. No entanto, a reação da comunidade foi polarizada, obviamente. Enquanto muitos usuários se engajaram profundamente, fazendo perguntas sobre a natureza dos alienígenas e a tecnologia envolvida, outros apontaram a extrema semelhança do relato com muitas histórias da ficção científica ou até mesmo campanhas de desinformação.

O usuário JP Slaeyte, citado em matéria pelo International Business Times, alertou que a história espelha narrativas historicamente empurradas por círculos de inteligência: “Isso foi escrito por alguém em uma agência de três letras. Essencialmente um ‘hangout’ temporário”, disse ele, sugerindo que o texto mistura verdades com manipulação.

Outro ponto de crítica levantado foi a sofisticação literária do texto, que para alguns soou mais como um conto do que como um vazamento factual. O usuário Mexicancik, também destacado na cobertura da mídia, descreveu a postagem como “uma narrativa altamente sofisticada, internamente consistente e convincente”, mas alertou que ela se baseia em detalhes seletivos e linguagem técnica para parecer autoritária. Para esse crítico, a história é “mais provavelmente uma obra de ficção cuidadosamente elaborada”, enfraquecida pela dependência de linhas do tempo inverificáveis e relógios do juízo final que não podem ser comprovados.

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De fato, o texto claramente empresta conceitos inovadores de algumas modernas peças de ficção científica, como Unidentified – o mais recente thriller do autor best-seller do New York Times Douglas E. Richards, cujos livros já venderam mais de dois milhões de exemplares. A própria Rhea, em suas interações, alimentou o debate ao mencionar uma ameaça iminente de uma facção hostil, referida nos comentários como “as formigas”, que estaria se movendo em direção à Terra e que não compartilha da benevolência ou neutralidade do Conselho. Esse é outro conceito que remete à ficção recente, como uma espécie de “continuação” autorizada da mundialmente renomada obra de Liu Cixin (“O Problema dos Três Corpos“): A Redenção do Tempo, de Baoshu (pseudônimo de Li Jun, que escreveu o romance como uma fanfic logo após o lançamento do último livro da trilogia original, “O Fim da Morte”, para explorar lacunas e dar continuidade à história). Nenhuma destas obras tem versão em português ainda.

Ação da moderação e o silenciamento da autora

Nas interações subsequentes com os usuários, Rhea forneceu mais detalhes sobre essa suposta ameaça e a natureza dos visitantes. Ela esclareceu que não viu nada relacionado à vida após a morte ou espiritualidade em seus briefings, focando puramente em aspectos tecnológicos e exopolíticos. Sobre os famosos “Grey” (cinzas), ela especulou que eles poderiam ser os avatares biomecânicos usados pelo Conselho para interagir fisicamente conosco, uma vez que as civilizações originais operam em escalas de tempo e existência diferentes. Ela também reforçou que a divulgação não virá como um salvamento externo, afirmando categoricamente: “Ninguém vai nos salvar de nós mesmos. Temos que fazer esse trabalho”. Rhea também recusou a ideia de lucrar com sua história, declarando que não tem intenção de escrever livros ou participar de podcasts, preferindo deixar a informação disponível para quem quiser considerar.

Apesar do ceticismo, a narrativa tocou em pontos sensíveis da discussão ufológica moderna, especialmente no que tange às Armas de Energia Dirigida (Directed Energy Weapons – DEW). Quando questionada sobre a tecnologia militar envolvida, Rhea foi evasiva, alegando que dar detalhes técnicos colocaria sua vida em risco, comparando a situação à divulgação de projetos classificados de armas caseiras. Ela descreveu os efeitos de certas armas não como lasers tradicionais, mas como algo capaz de causar uma “mudança de fase” na matéria, transformando colunas de tanques em “gosma de metal”, indicando uma tecnologia muito além da compreensão pública atual. Essas afirmações, embora impossíveis de verificar, ressoaram com relatos de anomalias físicas observadas em casos ufológicos históricos.

O desfecho da participação de Rhea no Reddit foi abrupto e envolto em controvérsia administrativa. Pouco tempo após a publicação e as primeiras rodadas de perguntas e respostas, a conta da usuária foi alvo de um shadowban — uma ação em nível de plataforma que torna os posts e comentários do usuário invisíveis para os outros, sem que o próprio usuário seja necessariamente notificado. O moderador do r/UFOs, identificado como “tmosh”, interveio para explicar a situação à comunidade, esclarecendo que a remoção das respostas de Rhea não foi uma decisão da equipe de moderação do subreddit, mas sim uma ação automática do próprio Reddit.

Diante da impossibilidade de verificar a identidade de Rhea e da falta de evidências documentais para suas alegações extraordinárias, a equipe de moderação optou por trancar o tópico, impedindo novos comentários, mas mantendo o texto original visível. O moderador tmosh justificou a decisão afirmando que, embora a visão interna da equipe fosse de que o post era “provavelmente um LARP bem escrito que reúne muita história em quadrinhos de UFOs existente”, removê-lo poderia causar um “efeito Streisand”, alimentando teorias da conspiração sobre censura. Para mitigar a perda de informação causada pelo shadowban, a moderação tomou a iniciativa incomum de copiar e colar manualmente as respostas de Rhea que conseguiram recuperar, permitindo que o contexto da discussão fosse preservado para análise futura.

Essa decisão editorial da moderação reflete o desafio contínuo de equilibrar a abertura para denunciantes em potencial com a necessidade de filtrar ficção e desinformação em comunidades online. Rhea, por sua vez, deixou claro em seus últimos comentários recuperados que não espera que acreditem nela cegamente. “Olhe, os insetos estão vindo de qualquer maneira”, alertou ela, referindo-se à suposta força hostil, sugerindo que a humanidade tem cerca de dois anos antes que a verdade se torne impossível de esconder. Se sua história é um aviso genuíno de dentro das sombras do governo ou apenas mais um capítulo criativo no folclore digital da ufologia, apenas o tempo — ou a chegada dos eventos previstos — dirá.

Até o momento, não houve confirmação oficial de nenhuma das alegações, e o caso permanece como um exemplo fascinante de como narrativas complexas de divulgação podem capturar a imaginação do público na era digital. A afirmação de Rhea de não buscar fama, combinada com a súbita supressão de sua conta, bastaram para adicionar combustível às especulações de que, em meio à ficção, poderia haver fragmentos de uma realidade que muitos ainda não estão prontos para aceitar.

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Redação Vigília

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