Seita ET afirma que vai clonar humanos
Enquanto a medicina e cientistas no mundo todo debatem as questões éticas da clonagem, uma seita que se baseia na crença de que extraterrestres colonizaram a Terra e manipularam geneticamente os seres humanos diz que está prestes a produzir o primeiro clone humano. Trata–se da Religião Raeliana, fundada em 1973 pelo jornalista especializado em automobilismo esportivo Claude Vorilhon, um francês de 54 anos que deste então passou a adotar o nome de Rael.
O grupo, que afirma ter 50 mil seguidores em 84 países, anunciou em Montreal, no Canadá, que ainda este mês produzirá o primeiro clone humano. O anúncio foi notícia de primeira página do jornal “Washington Post”. Para custear a experiência, um casal milionário que os raelianos não quiseram identificar teria pago US$ 500 mil pela clonagem de sua filha, que morreu aos 10 meses de idade.
Para efetuar a clonagem, foi criada por Rael, nas Bahamas, a empresa Valiant Venture Ltd, que é dirigida pela francesa Brigitte Boisselié e outros cientistas raelianos. Os raelianos já fundaram também o braço digital da Valiant, a empresa Clonaid, que vai intermediar, pela Internet (http://www.clonaid.com), o contato entre os futuros clientes e o laboratório que realizará o procedimento. O laboratório ainda será construído num país onde a clonagem humana não seja ilegal. Nesta primeira fase, a seita está contratando laboratórios e cientistas dispostos a realizarem a experiência.
O site da Clonaid, para venda do serviço de clonagem na Internet, já está operando. O preço deverá ser de US$ 200 mil por uma clonagem. Outro serviço que a empresa oferecerá é o chamado Insuraclone: por US$ 50 mil, qualquer pessoa poderá armazenar células de crianças ou adultos para criar um clone em caso de morte. Se a questão for a perda de um animal de estimação, não há problema: haverá também o Clonapet, um serviço para clonar os animais.
A pregação da clonagem
Durante o anúncio feito em Montreal, Rael, juntamente com a francesa Brigitte Boisselier, apresentada como diretora–científica dos Raelianos, apresentou 5 mulheres de um grupo de 50 que se candidataram como voluntárias para receber os embriões do primeiro clone humano.
A Revista Vigília conversou, por e–mail, com o responsável pela Religião Raeliana no Brasil, David Uzal. Segundo ele, as voluntárias são, em sua maioria, mulheres raeliana. “O que significa que não fumam, que não tomam substâncias nocivas como o álcool, o café, drogas, etc., e cuidam de sua alimentação e higiene de vida”, disse. A quantidade de “mães” e os cuidados com sua saúde, segundo ele, são justamente uma forma de contornar a alta taxa de insucesso na clonagem, já verificada nos experimentos com animais. Até os cientistas conseguirem clonar a primeira ovelha (Dolly, como ficou conhecido o animal), foram perdidos centenas de embriões.
Uzal explica que a Religião Raeliana é ateísta, baseada na crença de que a raça humana foi criada por “aqueles que vieram do céu”. Esta seria a explicação dada a Rael em dezembro de 1973, quando ele teria recebido a primeira mensagem de um representante dos “Elohim”. “Assim são chamados na Bíblia os seres vindos de outro planeta e que então criaram toda a vida na Terra”, afirma.
“Façamos o homem à nossa imagem, à nossa semelhança: não temos aqui a descrição de uma clonagem? Não foi essa clonagem a ata de nascimento da humanidade?”, argumenta o representante de Rael no Brasil, interpretando Gênesis (I–26), para justificar a clonagem como filosofia do grupo.
Perguntado sobre as questões éticas envolvidas no processo, Uzal ressalta que “nós, os raelianos, estamos livres daquelas barreiras e tabus, porque sabemos que a ciência nunca é negativa e que é graças à ciência que estamos aqui. Um dia também criaremos a vida em um outro planeta difundindo–a no Universo e respeitando assim, nosso instinto de reprodução. Tal como os indivíduos humanos chegados à idade adulta desejam ter filhos, quando uma humanidade, em qualquer lugar do universo, chega à maturidade, se manifesta o desejo de se reproduzir.”
Ainda segundo a filosofia da seita, “esta reprodução será possível só se aprendemos a controlar o nível de agressividade e elevar nosso nível de consciência. Se uma humanidade é negativa, ela se autodestrói quando ascende a um nível de tecnologia e ciência comparável ao nosso hoje. Nós também temos que passar por esta etapa, este “exame”, visto que se a ciência não é negativa em si, o uso que se pode fazer de ela pode nos dirigir à destruição ou a uma idade de ouro”, apregoa o raeliano.
Embaixada dos ETs
Uzal revelou ainda que o Governo Brasileiro tem respondido em tom positivo aos pedidos da seita para a criação de uma espécie de embaixada dos ETs no país. Segundo ele, o Brasil é o primeiro grande pais depois de algumas ilhas do pacifico e do Hawai a responder positivamente à solicitação de estabelecimento de uma Embaixada dos Raelianos, baseada na orientação que teria sido passada pelos “Elohim” a Rael para preparar a volta dos seres extraterrestres. “Gostariam que a Embaixada fosse construída próxima a Jerusalém, onde foi criado o primeiro humano, no Jardim de Édem, que na realidade era um imenso laboratório. No caso de não ser lá, se solicitará aos demais países”, justificou o raeliano.