Seminário no MAM marca retorno dos eventos ufológicos em São Paulo
Nos dias 25 e 26 de setembro foi realizado em São Paulo, no auditório do Museu de Arte Moderna (MAM), o Seminário “UFOs às portas do ano 200”, simultâneo ao “I Encontro Ufológico no MAM”. O nome não poderia ser mais apropriado. Quebrando um tabu de vários anos sem a realização de um grande evento não restrito às habituais reuniões dos grupos de pesquisa, o seminário reuniu em dois dias, no Parque do Ibirapuera, cerca de 350 pessoas para assistirem às palestras de ufólogos de diversos cantos do país. Foi uma amostra do que promete o próximo evento previsto para a cidade de São Paulo: XX Congresso Brasileiro de Ufologia Científica e IX Conferência Internacional de Ufologia (leia mais na seção Agenda e na reportagem abaixo).
Todas as principais teorias e estudos de maior repercussão na Ufologia Brasileira foram apresentadas no seminário no MAM, organizado em conjunto pela Coordenação do Museu e por uma comissão formada pelos ufólogos Arismaris Baraldi Dias, Claudeir Covo e Marcos Antônio da Silva, todos de São Paulo.
Integrante do quadro de organizadores do MAM e um dos principais responsáveis pela realização do Seminário, o educador e artista plástico Maurício Eloy, garante que já foi testemunha ocular do fenômeno UFO duas vezes. Na primeira, quando tinha 7 anos de idade, diz que um objeto circular ficou 4 horas estacionado sobre sua casa, próxima a Mogi das Cruzes. E vem desde então seu interesse pelo tema. O segundo encontro com o insólito teria ocorrido na cidade de Sorocaba, em 1991, quando diz ter avistado um objeto com forma de forquilha. “Eu recebia uma mensagem telepática: o que vocês vêem está no poente”, garante o educador.
A proposta de realização de um seminário sobre Ufologia no museu, segundo Eloy, deve-se ao fato da instituição ter interesse em retratar todos os campos do conhecimento. “A gente trabalha com transdisciplinaridade, trazendo todos os campos do pensamento humano e tudo que está ligado à nossa vida”, explicou.
Além das palestras, o seminário contou com a venda de livros, vídeos, revistas e outros materiais de divulgação da Ufologia expostos por alguns pesquisadores. Apesar do uso de modernos equipamentos audio-visuais e da infraestrutura do auditório, o investimento do MAM restringiu-se ao custeio do espaço e o fornecimento de um almoço aos palestrantes, num total calculado pela organização de pouco mais de R$ 10 mil. “Não quisemos fazer propaganda na TV devido à capacidade do anfiteatro”, revelou Eloy. As viagens e estadias foram pagas pelos próprios palestrantes.
Para Arismaris Baraldi Dias “o objetivo foi alcançado plenamente, graças à presença dos companheiros da Ufologia, com suas palestras rápidas (de 45 minutos cada) e objetivas”. Com o êxito neste primeiro evento, segundo ele, já há interesse da coordenação do Museu na organização de uma segunda edição.
As diversas tendências da Ufologia
No primeiro dia do evento, os palestrantes foram Marcos Antônio da Silva, Bibliotecário, Museólogo, presidente do Grupo de Estudos de Objetos Não Identificados em especialista em pesquisas de campo. Walacy Albino, do Grupo Ufológico do Guarujá, falou a seguir, sobre um tema que embora seja tido como explicado pelos mais céticos, ainda sucinta polêmica: os círculos ingleses. Na seqüência, Eustáquio Patounas, autor do livro “Contatos Interestelares” e presidente da Sociedade de Estudos Extraterrestres (SOCEX), de Santa Catarina, prendeu a atenção do público com o tema “Ufologia-Ufofilia-Ufolatria – da Ciência ao Fanatismo”. Depois, Rodolfo Heltai, fundador do Grupo Andrômeda, de São Paulo, expôs novas descobertas no campo da chamada “ufoarqueologia”, na palestra com o tema “Aquilo que Däniken não viu”, numa alusão ao famoso escritor Erick Von Däniken, autor do best seller “Eram os Deuses Astronautas?”.
Para abordar um tema bastante polêmico na atualidade, as evidências da ação da suposta criatura conhecida como “Chupacabras”, foi a vez da palestra do pedagogo e presidente do Centro de Investigações e Pesquisas Exobiológicas de Cutitiba (PR) – CIPEx. Os dois últimos palestrantes do dia foram o pesquisador Ricardo Varela Correia, engenheiro eletrônico chefe do setor de balões do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em São José dos Campos (SP), especializado na análise de fotos, vídeos e outras evidências físicas do fenômeno UFO; e Claudeir Covo, engenheiro eletricista presidente do Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais (INFA), de São Paulo, que falou sobre o acobertamento militar na Ufologia.
No segundo dia, os trabalhos começaram com Francisco Donizeti Varanda, Advogado de São João da Boa Vista (SP) e presidente do Grupo de Pesquisas Ufológicas –4ª Dimensão, cuja palestra teve como tema “A Távola Redonda à luz da Ufologia”. Em seguida, o médico e psicanalista Luciano Stancka e Silva (SP) falou sobre as vantagens e riscos da hipnose na pesquisa Ufológica. Sua palestra foi seguida da exposição do capitão da reserva da Força Aérea Brasileira, Basílio Baranoff, que atua na área de educação no Instituto de Aeronáutica e Espaço, do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos, que falou sobre as possibilidades de existência de vida no Universo.
Após o intervalo do almoço, Edison Boaventura Jr, consultor de OM (Organização e Métodos) e presidente do Grupo Ufológico do Guarujá (GUG) apresentou os principais casos ufológicos do Litoral Paulista. Sua palestra foi seguida da apresentação de Arismaris Baraldi Dias, administrador de empresas e autor do Código de Ética do Ufólogo, cujo tema foi “A Ufologia na Arte”. Finalizando o amplo leque de facetas da Ufologia abordadas no evento, Rafael Cury, presidente do Núcleo de Pesquisas Ufológicas (NPU), de Curitiba, e da Associação Nacional dos Ufólogos do Brasil (ANUB), repetiu sua palestra sobre poderes curativos e fatais dos ETs.
Descontentamento e protesto silencioso
Se o seminário no MAM quebrou o tabu da ausência de eventos em São Paulo, também confirmou outro: as sempre presentes polêmicas de bastidores. Desta vez a polêmica se fez transparecer no protesto silencioso do pesquisador Pedro Raul de Medeiros, que entregava uma carta aos participantes onde exprimia seu descontentamento. Pedro Raul, que garantiu à Vigília fazer parte do quadro de palestrantes inicialmente previsto para o evento, afirmava no texto que “por nutrir idéias que não se encaixam aos sonhos de muitos ufólogos, sinto ser boicotado em meu trabalho e impedido de palestrar”.
Maurício Eloy, do MAM, confirmou que o nome de Pedro Raul fazia parte da lista no início da organização, mas contemporizou. “Não foi boicote; ele entendeu errado. A gente não teve a oportunidade de encaixá-lo no evento”, ponderou. Integrante da comissão de ufólogos que ajudou na organização, Arismaris Baraldi Dias disse à Vigília que Pedro Raul e outros dois possíveis palestrantes “deixaram de ser convidados devido a dois fatores exigidos pelo MAM: primeiro, que fossem os ufólogos mais conhecidos e atuantes no meio ufológico; segundo, devido ao curto tempo para cada um”.
Organizador fala sobre o próximo evento
O próximo evento realizado em São Paulo, de 30 de outubro a 2 de novembro, será o XX Congresso Brasileiro de Ufologia Científica e IX Conferência Internacional de Ufologia, que está sendo organizado pelo ufólogo curitibano Rafael Cury, presidente do Núcleo de Pesquisas Ufológicas (NPU) e da Associação Nacional dos Ufólogos do Brasil (ANUB).
Ele falou à Vigília sobre a proposta. “Isso faz parte de um projeto de levar nossa série de congressos para outras localidades; já fizemos isso este ano em Porto Alegre e Belo Horizonte. Esse ano já realizamos o tradicional de Curitiba também”.
Para o congresso paulista, Cury revela que a expectativa é reunir cerca de 400 pessoas. A programação envolve as mais recentes pesquisas e novidades na ufologia mundial e será a primeira vez que estarão em São Paulo nomes como Giorgio Bongiovanni, Travis Walton, Roger Leir e Stanton Fredman, cujos trabalhos são internacionalmente conhecidos.
Cury revelou que estão sendo investidos cerca de R$ 20 mil na organização do evento, em despesas com os conferencistas (passagem, hospedagem e alimentação), divulgação, aluguel do espaço e equipamentos de apoio.
O Congresso acontecerá no auditório do Sindicato dos Hoteleiros de São Paulo (Rua Taguá 282, Liberdade, próximo à estação São Joaquim do metro). A taxa de inscrição é de R$ 68,00 até o dia 26 de outubro. Após essa data: R$ 85,00. (Veja mais na seção Agenda).