UFO-Crônica: Recesso ufológico e balões no microondas

UFO-Crônica: Recesso ufológico e balões no microondas
Ilustração: Portal Vigília/Dall-E3

Os brasileiros conhecem bem a dinâmica do país. Vai chegando o final de ano e a correria do dia a dia aumenta como aqueles instantes anteriores ao estouro do balão inflável.

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Supermercados cheios, lojas cheias, shoppings cheios. Nas escolas os professores voam de uma aula para uma recuperação, de uma prova final para um fechamento. A justiça acelera seus processos, os políticos suas pautas, os médicos suas cirurgias. Pois está a chegar o natal. Eis que quase de repente se faz o dia 24 de dezembro, é como se o mundo tivesse virado uma chave, tudo fica mais lento e inicia-se o recesso. Esse se estenderá até meados de fevereiro, data sempre incerta a depender do carnaval.

Durante o período, os prazos se dilatam, as crianças correm pelas casas ou para os sítios e veraneios de tios e avós, os trabalhos ficam mais devagar, e passa a existir um senso geral de tranquilidade.

Curioso, leitor, é notar como a ufologia também passa por certos períodos de recesso. Não digo que ele siga de dezembro a janeiro como o nosso, afinal os irmãos de outras galáxias devem ter seu próprio calendário e ainda mais: festas muito diferentes das nossas. Em todo caso, quem acompanha a ufologia com alguma frequência sabe que eventualmente parece que as novidades entram em pausa. Passa-se então a uma sensação muito semelhante à do nosso período de festas, a conhecida: espera.

Ah… mas a ufologia… sempre tem um trunfo nas mangas. E esse eu costumo chamar de microondas ufológico. Não que alguém saia por aí, ou desça das estrelas, disparando alguma espécie de arma estranha com ondas devidamente calibradas. Não. Falo de nosso aparelho doméstico, no qual esquentamos e requentamos nossas marmitas, quando nos falta o tempo, a vontade ou até mesmo a novidade para cozinhar uma refeição.

Nos períodos de recesso, é isso que a ufologia costuma fazer. Quando faltam novos avistamentos, quando não há uma nova abdução, quando ninguém filmou o que poderia ser um alienígena, há sempre um ufólogo ou ufólatra para pegar uma velha notícia, refogar com novas falas, temperar com qualquer análise mais recente, tascar no microondas e apresentar como se tivesse acabado de sair do forno.

Na semana que se passou, foi a vez do já conhecido requentador apresentador Jaime Maussan requentar o vídeo do OVNI da Colômbia. Em uma nova declaração (sem comprovação), o jornalista mexicano fez o vídeo viralizar novamente. Eu mesmo fui acionado cerca de uma dúzia de vezes por amigos e conhecidos que me repassaram o vídeo como se tratando de uma novidade. Porém, o cheiro e a textura murcha, típicas do microondas, já haviam contaminado o vídeo.

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Para que ficasse um pouco mais palatável, o pesquisador Jorge Uesu Junior lançou uns novos temperos sobre o vídeo, comparando o suposto OVNI a inúmeros tipos de balões até encontrar algum que em algum ângulo se assemelha-se ao objeto filmado. Enfim, em uma comparação sem limites sempre encontraremos semelhanças. Quantas montanhas não parecem pessoas, quantas pedras não parecem bifes e quanta comida requentada não parece fresca?

Ao meu caro leitor, deixo o alerta: não coma sob suspeita de procedência duvidosa. Caso tenha alguma reclamação referente a ufologia requentada deixe em nossos comentários, quem sabe não encontramos uma refeição mais fresquinha?

Chico de Paula

Chico de Paula, escritor e editor, acredita que a expressão cultural é uma das ferramentas de transformação das mentalidades e combate aos preconceitos, incluindo aqueles relacionados ao fenômeno óvni.

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