Cientistas têm nova teoria para o famoso Sinal WoW. E não seriam ETs!

Em um estudo recente, uma equipe de cientistas liderada por Abel Méndez, da Universidade de Porto Rico, propôs uma nova explicação natural para o famoso sinal WoW!, detectado em 1977 pelo radiotelescópio Big Ear da Universidade Estadual de Ohio. Sua descoberta sempre alimentou muitas especulações e tentativas de estudos científicos, que sempre esparraram no fato de ele nunca ter se repetido.
O sinal WoW! foi detectado em 18 de agosto de 1977. O professor de astronomia Jerry Ehman estava analisando os dados do Big Ear quando encontrou a anomalia “6EQUJ5”, que ele circulou em vermelho e escreveu “Wow!” ao lado, resultado de seu espanto com a intensidade da detecção. O sinal parecia vir da direção da constelação de Sagitário e durou cerca de 72 segundos.
A empolgação em torno do sinal WoW! se deve, em parte, a uma proposta feita anos antes, em 1959, pelos físicos Philip Morrison e Giuseppe Cocconi da Universidade Cornell. Eles sugeriram que sinais como o WoW! poderiam ser uma forma de comunicação de civilizações extraterrestres, utilizando a frequência de 1420 megahertz, que é naturalmente emitida pelo hidrogênio, o elemento mais abundante no universo.
Segundo a ideia deles, uma civilização alienígena provavelmente estaria familiarizada com essa frequência. Além disso, o radiotelescópio Big Ear foi designado para o projeto SETI em 1973 com o objetivo específico de buscar sinais desse tipo. Apesar de seu ceticismo inicial, Jerry Ehman, que descobriu o sinal, reconheceu em uma entrevista de 2019 que o Sinal WoW! “certamente tem o potencial de ser o primeiro sinal de inteligência extraterrestre”.
Balde de ‘água’ fria na hipótese de sinal extraterrestre?
A nova teoria apresentada por Méndez e sua equipe sugere que o sinal pode ter sido causado pelo brilho repentino de uma nuvem fria de hidrogênio, estimulada por um evento astronômico violento, como um surto de magnetar ou um repetidor suave de raios gama. O estudo foi publicado no repositório de pré-impressão ArXiv (ainda aguardando revisão por pares) em 16 de agosto de 2024.
A equipe de Méndez reexaminou dados arquivados do antigo Observatório de Arecibo como parte do projeto Arecibo Wow!. Entre 2017 e 2020, eles observaram diversos alvos celestes em frequências de 1 a 10 GHz usando o agora desativado telescópio de 305 metros. Em 2023, o projeto continuou com observações em 8 GHz utilizando um telescópio de 12 metros, focando em estrelas anãs vermelhas com possíveis planetas habitáveis.
Os pesquisadores detectaram sinais semelhantes, embora menos intensos, ao WoW! e propõem que o sinal original pode ter sido causado pelo brilho repentino de uma nuvem fria de hidrogênio devido à emissão estimulada por um evento astronômico violento. Essa explicação natural desafia a ideia de que o sinal WoW! seja de origem extraterrestre.
“Nossa hipótese é responsável por todas as características observadas do Sinal WoW!, introduz outra fonte de falsos positivos em pesquisas de tecnoassinatura e sugere que esse sinal representou o primeiro clarão de maser astronômico registrado na linha de hidrogênio”, afirmam os pesquisadores.
Sinal causado por masers espaciais
A nova teoria é baseada na ideia de que nuvens de hidrogênio atômico podem agir como masers galácticos naturais, emitindo um feixe de radiação de micro-ondas intensa quando atingidas por um surto de um magnetar.
Ao longo dos anos, várias hipóteses alternativas foram sugeridas para explicar o sinal WoW!.
Em 2016, Antonio Paris sugeriu que o sinal poderia ter vindo da nuvem de hidrogênio ao redor de um par de cometas, mas essa teoria foi rejeitada pela maioria dos astrônomos.
Outras sugestões incluíram interferência de satélites orbitando nosso planeta ou um sinal da Terra refletido por um pedaço de detrito espacial.
Sinais recentes e teorias alternativas
Recentemente, um novo sinal de rádio vindo da estrela Proxima Centauri foi classificado como um possível candidato ao sinal WoW!. A informação, publicada em dezembro de 2020 pelo The Guardian, detalhou a descoberta feita por uma equipe internacional de astrônomos utilizando o radiotelescópio Parkes, na Austrália. Ligados à iniciativa Breakthrough Listen, os cientistas não conseguiram identificar um culpado terrestre ou qualquer outra interferência trivial, como um equipamento em solo ou um satélite, para explicar a nova detecção.
Em outro artigo, publicado um mês antes no repositório ArXiv (novembro de 2020), um astrônomo amador chamado Alberto Caballero escreveu que, buscando a origem do sinal WoW! a partir de dados do observatório espacial Gaia, lançado em 2013 pela Agência Espacial Europeia (ESA), chegou à estrela 2MASS 19281982-2640123.
É “a única estrela potencialmente semelhante ao Sol em toda a região do WoW!”, afirmou Caballero à época, tornando-a uma candidata a berço de uma civilização tecnológica extraterrestre na constelação de Sagitário, a 1.800 anos-luz da Terra.
No mesmo estudo, o astrônomo identificou outras 66 candidatas em potencial, 14 delas ainda bastante semelhantes ao Sol, mas com evidências e coincidências (em relação ao nosso astro) mais fracas.
Será que o novo estudo de Méndez, publicado no 47º aniversário de detecção do intrigante sinal, resultará em uma explicação definitiva para o WoW!? Ou esta será mais uma possibilidade pendente de confirmação, apenas para se contrapor às diversas especulações — científicas ou não — acerca desse misterioso episódio, alimentando a tese de que poderia ter origem numa civilização extraterrestre tecnológica distante?
É mais uma teoria e bem plausível, embora eu ache que civilizações extraterrestres bem mais avançadas que a nossa possam estar transmitindo em frequências e por meio de tecnologias que nós sequer imaginamos, o que as tornaria indetectáveis para os aparelhos que nós usamos atualmente.