Descoberto o primeiro planeta errante do tamanho da Terra

Encontrar planetas errantes não é uma novidade. Mas um planeta errante com o tamanho e a massa tão parecidos com a Terra é um feito e tanto. Foi o que conseguiu um grupo de cientistas liderados por astrônomos do Observatório Astronômico da Universidade de Varsóvia, na Polônia. Eles publicaram o estudo no periódico The Astrophysical Journal Letters na última semana de outubro (29/10).
Até o momento, astrônomos e astrofísicos do mundo todo já catalogaram mais 4 mil exoplanetas. Mas apenas alguns são planetas “errantes”, rebeldes sem causa, ou melhor, sem estrela. Estima-se que existam bilhões de planetas assim.
Entre os milhares já identificados, a pequena parcela de astros errantes estava toda na faixa de 2 a 40 massas de Júpiter. Alguns a Ciência nem sabe exatamente porque não se transformaram em estrelas, de tão grandes.
Isso faz do mais novo “rebelde” um achado importantíssimo. Os astrônomos que o identificaram, inclusive, defendem que o fato de tê-lo encontrado seja uma evidência de que os pequenos planetas errantes sejam os objetos mais comuns de toda a galáxia.
“As chances de detectar um objeto de massa tão baixa são extremamente baixas”, disse o autor principal do estudo, Przemek Mróz, ao site Live Science. “Ou tivemos muita sorte ou esses objetos são muito comuns na Via Láctea. Eles podem ser tão comuns quanto estrelas”.
Método de detecção de planetas previsto na Relatividade Geral
A maior parte dos chamados exoplanetas conhecidos foi localizada graças ao método denominado trânsito planetário. Ele consiste em monitorar o brilho das estrelas por um tempo para tentar detectar pequenas variações. Quando são registradas essas variações, os astrônomos aplicam alguns outros métodos e modelos matemáticos para excluir outras causas, até restar apenas a possibilidade de trata-se de um planeta.
No início, quando dos primeiros exoplanetas encontrados, o método mais comum era o da chamada “velocidade radial”. Por ele os astrônomos procuram pequenas variações no deslocamento de uma estrela, uma espécie de “dança”, que permite determinar a presença de um ou mais planetas, geralmente gigantes gasosos.
Mas no caso de planetas errantes, nenhum dos dois métodos se aplica, já que eles não estão orbitando uma estrela mãe. Desta forma, a única forma de localizá-los é através das chamadas microlentes gravitacionais. Trata-se de um fenômeno relativístico previsto por Albert Einstein, no qual a gravidade do planeta causa uma distorção da luz de objetos distantes no fundo do espaço atrás dele. Neste caso, qualquer corpo celeste massivo o suficiente – incluindo um planeta errante – funciona como uma lente de aumento.
“Se um objeto massivo (uma estrela ou um planeta) passa entre um observador na Terra e uma estrela fonte distante, sua gravidade pode desviar e focar a luz da fonte. O observador medirá um breve brilho da estrela de origem”, explicou Mróz em um comunicado da Universidade de Varsóvia. “As chances de observar microlentes são extremamente reduzidas porque três objetos – fonte, lente e observador – devem estar quase perfeitamente alinhados. Se observássemos apenas uma estrela fonte, teríamos que esperar quase um milhão de anos para ver a fonte sendo microlente”, explica.
Tamanho ainda menor do que a Terra, de fato
Para detectar o planeta por hora chamado de evento “OGLE-2016-BLG-1928”, os astrônomos usaram o OGLE (Optical Gravitational Lensing Experiment), um experimento da Universidade de Varsóvia ativo desde 1992. Sendo um dos mais antigos projetos a vasculhar o céu, o OGLE analisa continuamente milhares de estrelas para melhorar as chances de detectar uma microlente gravitacional.
A estimativa do tamanho do planeta foi feita a partir do tempo de duração do efeito de microlente. Considerando que o OGLE-2016-BLG-1928 durou 42 minutos – um tempo considerado curto para um evento do gênero, os cientistas puderam estimar com bastante precisão que o tamanho do planeta é similar ao da Terra ou, mais precisamente, o de Marte.
“Quando vimos este evento pela primeira vez, ficou claro que ele deve ter sido causado por um objeto extremamente pequeno”, declarou Radoslaw Poleski coautor do estudo. Na verdade, a comparação ideal para o tamanho do planeta é com Marte, já que possivelmente ele é ainda menor do que a Terra.
Será que os planetas errantes são tão comuns assim? E se são, teriam algum papel no desenvolvimento, ou espalhamento, de vida alienígena Universo? Há quem defenda que um planeta errante poderia ser a origem da história do Planeta X ou de Nibiru. E você, o que acha?
Com informações de Socientífica e Live Science