Ex-chefe de pesquisa da NASA diz que óvnis podem ser tecnologia “hostil”

O ex-Diretor de Ciência da NASA, dr. Thomas Zurbuchen, fez declarações polêmicas sobre objetos voadores não identificados (óvnis), apontando a China como possível responsável pelo fenômeno, segundo matéria do jornal Telegraph assinada pela jornalista Sarah Knapton. Para ele, o fenômeno pode ser causado por tecnologia hostil.
Zurbuchen se tornou Diretor de Ciência da NASA em outubro de 2016 e foi responsável por um orçamento de cerca de US$ 8 bilhões. Em 2022 ainda era responsável por 91 missões, incluindo o Telescópio James Webb, as missões Perseverance e Ingenuity Mars Rover, DART, a Parker Solar Probe e muitas mais. Recebeu vários prêmios por seu trabalho na NASA e antes. Saiu da agência em 2022 e acaba de assumir a gestão do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurique, ou ETH Zurique, como é conhecido o órgão.
De acordo com o cientista, que é astrofísico formado na Universidade de Berna, na Suíça, onde graduou-se também em física e matemática, os óvnis são reais e podem representar tecnologias avançadas “não amigáveis”. Ainda cético em relação à hipótese extraterrestre, ele sugeriu que balões de espionagem chineses, como o que foi abatido em fevereiro deste ano sobrevoando o Atlântico, poderiam explicar algumas das observações.

As afirmações de Zurbuchen ganharam repercussão numa época de renovado interesse no assunto óvnis (ou UAP, como preferem chamar os militares norte-americanos. Recentemente, pilotos da marinha americana quebraram anos de silêncio e relataram terem avistado fenômenos aéreos inexplicáveis durante manobras militares na costa da Califórnia em 2004. As descrições dos objetos com movimentos impossíveis, captados por câmeras e radares, intrigaram autoridades e especialistas. Um relatório do Pentágono em 2021 admitiu a autenticidade de mais de 140 incidentes do tipo registrados desde 2004, sem encontrar explicações convincentes.
Ainda que negue a origem extraterrestre dos óvnis, Zurbuchen reconheceu ter ficado impressionado com os relatos que ouviu: “Não apenas conversei com pilotos, eu conversei com indivíduos que tiveram avistamentos e eles estavam realmente convencidos. Eu realmente senti que eles me contavam a verdade subjetiva. Eles não estavam mentindo, não estavam inventando coisas. Eu acho que eles estavam me dizendo o que viram”.
Para ele, é essencial investigar a fundo se países rivais em tecnologia, como a China, não estariam por trás do enigma. Se for este o caso, isso representaria uma ameaça à segurança, frisou Zurbuchen.
“Pode haver múltiplas explicações. Se estivermos olhando para a tecnologia, ela pode não ser amigável e isso é algo que deveríamos saber. Poderia ser tecnologia de outros lugares da Terra e isso seria bastante assustador”, afirmou.
O ex-chefe da NASA defende ainda que, assim como ocorreu com cientistas revolucionários como Einstein, é preciso ter uma mente aberta diante de fenômenos como os óvnis que ainda não são compreendidos pela ciência tradicional.

Nova fase da pesquisa de óvnis
O tema óvnis historicamente foi tratado com ceticismo pela ciência oficial. Porém, para Zurbuchen e outros especialistas, com o avanço da tecnologia de sensores e a descoberta de milhares de exoplanetas, crescem as chances de desvendar o mistério em torno dos objetos voadores não identificados em um futuro próximo.
Muitos esperam que o fenômeno seja explicado em breve, seja pela via científica ou mediante divulgação de informações oficiais até agora mantidas em sigilo, principalmente depois do aumento da pressão do Congresso e do Senado dos EUA neste sentido. E, de fato, os avanços tecnológicos recentes tornam mais factível a obtenção de provas concretas sobre a natureza dos objetos misteriosos observados. Novos sensores e sistemas de vigilância possibilitam detectar anomalias com mais precisão. Isso explica o interesse renovado do Pentágono pelo assunto.

Além do aspecto tecnológico, descobertas da astronomia também estão contribuindo para mudar a percepção científica a respeito de vida extraterrestre. Após detectar milhares de exoplanetas nas últimas décadas, a existência de civilizações alienígenas parecer ser hoje muito mais provável do que se pensava anteriormente.
Esse contexto favorável fez com que até mesmo agências espaciais com uma atitude tradicionalmente muito mais cética, como a NASA, levassem a sério a questão dos óvnis. Novos projetos de busca por sinais de vida fora da Terra são hoje parte central da estratégia de exploração do espaço. Tanto a NASA quanto a Agência Espacial Europeia desenvolvem atualmente missões com esse objetivo. Mas a agência espacial norte-americana foi além e montou um grupo independente para investigar o tema. Os resultados estão prometidos ainda para esse mês de agosto.
Portanto, são grandes as expectativas em torno da elucidação do enigma dos objetos voadores não identificados. A exemplo do que ocorreu no passado com grandes descobertas científicas, o ceticismo inicial tende a dar lugar à aceitação dos fatos, quando as evidências se tornam contundentes. Muitos acreditam que em relação aos óvnis esse processo já esteja em curso e reserva surpresas para um futuro não muito distante.