Exército Brasileiro dispara contra drone misterioso que ameaça indígenas na Amazônia

A região amazônica, palco de inúmeros relatos de fenômenos ufológicos, volta a ser cenário de eventos misteriosos. Desta vez, a comunidade indígena Tiriyó, localizada no Parque Indígena do Tumucumaque, no Pará, na fronteira do Brasil com o Suriname, relata o assédio de supostos drones e a presença de indivíduos não identificados na mata, levantando preocupações sobre a segurança dos indígenas e a possibilidade de novas invasões em seus territórios. A denúncia foi publicada em 18 de outubro de 2024 pelo jornalista Rubens Valente, em reportagem na Agência Pública.
O Exército Brasileiro confirmou a ocorrência, afirmando que abriu fogo contra um dos supostos drones que sobrevoava o Pelotão Especial de Fronteira (PEF) Tiriyós, instalado na área para proteção da comunidade. Apesar dos disparos, o equipamento não foi abatido e seus operadores continuam desconhecidos.
Segundo relatos de indígenas à Agência Pública, os eventos tiveram início em meados de setembro, com o avistamento de homens suspeitos escondidos e caminhando pela mata, além dos sobrevoos dos drones. A presença dos invasores tem gerado medo e apreensão entre os moradores das aldeias.
“Essas pessoas estranhas estão invadindo o território. Eles não chegaram pela trilha que a gente costuma caminhar para chegar nas aldeias. Eles chegaram por trás das aldeias, vindo da fronteira. Ninguém sabe quem é esse pessoal”, relatou Juventino Pesirima Kaxuyana, liderança indígena que possui familiares vivendo na aldeia Tiriyó.
As características peculiares da incursão, com indivíduos utilizando roupas camufladas e agindo de forma diferente dos garimpeiros, intensificam o mistério e a insegurança na região. A suspeita é de que os invasores sejam traficantes, devido ao comportamento incomum relatado pelos indígenas.
A presença dos drones é vista como uma tentativa de mapeamento da área e coleta de informações, o que coloca em risco a segurança tanto dos indígenas quanto do pelotão do Exército. “A presença desse tipo de equipamento é indicadora da tentativa de levantamento de informações com potencial para comprometer a segurança dos integrantes do Pelotão, bem como das comunidades próximas”, afirmou o Exército em nota.
O Parque Indígena do Tumucumaque, lar de cerca de 3 mil indígenas de diferentes etnias, já sofre com a constante ameaça de garimpeiros ilegais vindos do Suriname, agravada pela descoberta de um veio de ouro na região há quatro anos. A região é totalmente afastada de qualquer centro urbano, ficando há mais de 400km de Macapá (AP) e quase 2 mil km de Belém (PA).
A situação atual aumenta a vulnerabilidade da comunidade indígena, que clama por maior proteção por parte das autoridades. “Estamos reivindicando a proteção do Exército e do governo brasileiros. Eles estão escondidos na mata. Eles sabem que o Exército está por lá agora [nas aldeias], mas, quando o Exército for embora, eles vão sair. Esse é o medo das lideranças”, desabafou Juventino.
Histórico de ataques e relatos na Amazônia levanta suspeitas
O recente episódio envolvendo a comunidade indígena Tiriyó evoca um histórico de eventos misteriosos na região amazônica. As características peculiares da incursão, com o uso de tecnologia avançada e o comportamento incomum dos invasores, inevitavelmente reavivam o debate sobre a presença de fenômenos ufológicos na Amazônia, que por décadas assombram as comunidades indígenas e ribeirinhas.
No estado do Acre, diversos relatos de ataques de Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs) a aldeias indígenas vieram à tona nos últimos anos. Entre 2013 e 2014, a aldeia Apiwtxa, habitada pelo povo Ashaninka, foi alvo de luzes misteriosas que desciam do céu e emitiam feixes de luz sobre as moradias, causando pânico e, em alguns casos, ferimentos aos indígenas. Em 2014, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) recebeu denúncias e a Polícia Federal chegou a investigar as ocorrências, mas o mistério permaneceu sem solução.

Os relatos dos indígenas do Acre descrevem objetos luminosos que se moviam de forma rápida e errática, realizando manobras impossíveis para aeronaves convencionais. Suas características imediatamente levaram à associação com o fenômeno “chupa-chupa”, que aterrorizou a população do Pará no final da década de 1970 e foi investigado pela Força Aérea Brasileira na Operação Prato.
Entidades misteriosas e as dúvidas sobre explicações oficiais no Peru
Em 2023, a comunidade indígena Ikitu, no vizinho Peru, também denunciou ataques por “seres estranhos” durante a noite. Vídeos gravados pelos indígenas mostravam moradores com medo de entidades mascaradas que se elevavam do solo com a ajuda de luzes. O fenômeno foi associado a uma entidade comum no folclore da região, o “pela-caras”.
Embora o Ministério Público peruano tenha atribuído os ataques a garimpeiros ilegais que usavam tecnologia avançada para simular aparições alienígenas e assustar os indígenas, a estranheza dos relatos e o comportamento incomum das entidades descritas lançam dúvidas sobre essa explicação.

A alegação de que garimpeiros ilegais estariam utilizando mochilas propulsoras (jetpacks) para aterrorizar indígenas, além de levantar questões sobre o acesso a essa tecnologia por parte desses grupos, soa no mínimo inusitada. Afinal, por que iriam adotar uma estratégia tão cara, complexa e arriscada ao invés dos tradicionais métodos de intimidação?
A persistência de relatos de fenômenos aéreos inexplicáveis na Amazônia, sempre com características semelhantes ao longo de décadas, sugere que algo além de atividades ilegais pode estar em jogo. A falta de respostas conclusivas por parte das autoridades e a natureza evasiva desses eventos alimentam o mistério e a necessidade de investigações mais aprofundadas sobre o que realmente se esconde nos céus da floresta amazônica.
A Operação Prato e o “Chupa-Chupa”: mistério amazônico sem solução
Em 1977, a população ribeirinha do Pará foi acometida por uma onda de ataques aterrorizantes, protagonizados por objetos voadores não identificados. O fenômeno, que ficou conhecido como “chupa-chupa”, deixou um rastro de medo, relatos de efeitos físicos incomuns e uma série de documentos oficiais produzidos pela Força Aérea Brasileira (FAB) durante a Operação Prato, criada para investigar os eventos.
A Operação Prato representou a primeira grande iniciativa oficial para tentar entender a natureza desses ataques. Mobilizada em meio a um clima de crescente apreensão, a FAB enviou uma equipe de militares, liderada pelo capitão Uyrangê Hollanda, à região de Colares, no Pará, onde os relatos de avistamentos e ataques eram mais frequentes. A operação, inicialmente secreta, durou cerca de quatro meses e gerou um vasto acervo de documentos, fotos e vídeos, que até hoje não foram totalmente divulgados ao público.

Os relatos colhidos pelos militares da Operação Prato descrevem objetos luminosos de diferentes formas e tamanhos que sobrevoavam as comunidades ribeirinhas durante a noite, emitindo feixes de luz que causavam queimaduras, paralisia e outros sintomas nas vítimas. A anemia frequentemente diagnosticada nos atingidos pelos raios luminosos deu origem ao nome “chupa-chupa”, evocando a imagem de um ser que sugava o sangue das pessoas.
A natureza dos objetos e a origem dos ataques jamais foram desvendadas pela Operação Prato. Oficialmente, as investigações foram encerradas abruptamente em dezembro de 1977, mas documentos oficiais indicam que outras missões relacionadas à investigação de OVNIs continuaram ao longo de 1978. O próprio capitão Hollanda, que relatou ter avistado um objeto voador não identificado de grande porte, cometeu suicídio em 1997, após ter concedido uma entrevista revelando detalhes da operação.
Se hoje, com a proliferação de drones e tecnologias avançadas, ataques como os descritos em 1977 poderiam ser facilmente atribuídos a causas convencionais, na época a explicação para o fenômeno “chupa-chupa” permaneceu um enigma. À luz da tecnologia disponível em 1977, os relatos colhidos pela FAB e o rastro de medo e efeitos físicos deixados pela ação do “chupa-chupa” levantam sérias dúvidas sobre qualquer explicação oficial baseada em fenômenos naturais ou convencionais.

A Operação Prato deixou um legado de mistério e especulação, alimentando ainda mais a crença na existência de fenômenos inexplicáveis que desafiam a compreensão humana. As histórias e os documentos da operação continuam a intrigar pesquisadores e entusiastas do tema OVNI, mantendo viva a suspeita de que a verdade sobre os ataques de 1977 ainda está longe de ser esclarecida.